Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas
Allan Kardec
Estamos fazendo neste espaço o estudo –
sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo: dois introdutórios, os cinco básicos que integram o chamado
pentateuco kardequiano e um complementar.
Serão ao todo 1.120 questões objetivas
distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas. Os textos
são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo do livro O que é o Espiritismo, iniciamos nesta
data o estudo de Instruções Práticas
sobre as Manifestações Espíritas, obra publicada por Kardec em 1858.
As páginas citadas no texto abaixo referem-se
à edição publicada pela Casa Editora O Clarim, com base na tradução feita
por Cairbar Schutel.
Parte 1
1. Quais foram os dois objetivos visados por Kardec ao publicar o livro
cujo estudo ora iniciamos?
Indicar os meios de desenvolver a
faculdade mediúnica tanto quanto o permitam as disposições de cada pessoa e,
sobretudo, quando essa faculdade existe, orientar o seu emprego de maneira útil.
Esse, o primeiro objetivo.
Ao lado dos médiuns propriamente ditos,
existe a multidão, que aumenta a cada dia, dos que se interessam pelas
manifestações espíritas. Guiar essas pessoas em suas pesquisas, assinalar-lhes
os tropeços que podem e devem necessariamente encontrar em um terreno tão novo,
iniciá-las na maneira de se corresponderem com os Espíritos, indicar-lhes o
meio de obterem boas comunicações. Esse, o segundo objetivo da presente obra.
(Introdução, págs. 13 a 15.)
2. Que é aparição? como ela pode apresentar-se e qual a diferença entre
aparição e visão?
Aparição é o fenômeno pelo qual os
seres do mundo incorpóreo se manifestam à vista. A aparição pode ser vaporosa
ou tangível. Aparição vaporosa ou etérea é impalpável e inatingível; não
oferece nenhuma resistência ao toque. Aparição tangível ou estereológica é
palpável e apresenta a consistência de um corpo sólido.
A aparição difere da visão ou vidência
por ocorrer no estado de vigília, através dos órgãos visuais e enquanto o homem
tem a plena consciência de suas relações com o mundo exterior. A visão dá-se no
estado de sono ou de êxtase. Ocorre igualmente no estado de vigília, por efeito
da segunda vista ou vidência.
A aparição é registrada pelos olhos do
corpo; produz-se no próprio lugar em que nos encontramos; a visão tem por
objeto coisas ausentes ou distantes, percebidas pela alma em seu estado de
emancipação e quando as faculdades sensitivas estão mais ou menos suspensas.
(Vocabulário Espírita, pág. 20.)
3. Como podemos conceituar e classificar a comunicação espírita?
Comunicação espírita é a manifestação
inteligente dos Espíritos tendo por objeto uma troca contínua de pensamento
entre eles e os homens. Distinguem-se em: comunicações frívolas – as que se
referem a assuntos fúteis e sem importância; comunicações grosseiras – as que
se traduzem por expressões que ofendem a decência; comunicações sérias – as que
excluem a frivolidade, qualquer que seja o assunto de que tratem; e
comunicações instrutivas – as que têm por objeto principal um ensinamento dado
pelos Espíritos sobre as ciências, a moral, a filosofia etc. (Vocabulário
Espírita, págs. 21 e 22.)
4. Que é erraticidade? podemos afirmar que todos os Espíritos
desencarnados são errantes?
Erraticidade é o estado dos Espíritos
errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas diversas
existências corpóreas. A erraticidade não é um sinal absoluto de inferioridade
para os Espíritos. Há Espíritos errantes de todas as classes, salvo os da
primeira ordem ou puros Espíritos, que não têm mais que sofrer encarnação e,
por isso, não podem ser considerados errantes. (Vocabulário Espírita, pág. 24.)
5. Existe diferença entre os vocábulos evocação e invocação?
Sim. Embora tenham a mesma raiz, vocare: chamar, invocação e evocação não
são sinônimos perfeitos. Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer por
cerimônias mágicas, por encantamentos. Invocar é chamar a si ou em seu socorro
um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se Deus pela prece. Na religião
católica invocam-se os Santos. Toda prece é uma invocação. A invocação está no
pensamento; a evocação é um ato. Na invocação o ser ao qual nos dirigimos nos
ouve; na evocação ele sai do lugar em que estava para vir a nós e manifestar
sua presença. A invocação não é dirigida senão aos seres que supomos bastante
elevados para nos assistir. Evocam-se tanto os Espíritos inferiores como os
superiores. (Vocabulário Espírita, págs. 35 e 36.)
6. Que é clarividência? podemos dizer que clarividência e lucidez são
sinônimos?
Lucidez e clarividência designam a
faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. É um atributo inerente à
própria natureza da alma e que reside em todo o seu ser; eis por que em todos
os casos em que há emancipação da alma o homem tem percepções independentes dos
sentidos. A palavra clarividência é mais geral; lucidez diz-se mais
particularmente da clarividência sonambúlica. Um sonâmbulo é mais ou menos
lúcido, conforme a emancipação da alma seja mais ou menos completa.
(Vocabulário Espírita, págs. 21, 37 e 38.)
7. Qual o conceito de magnetismo animal e donde se derivou essa
expressão?
Magnetismo animal pode ser assim
definido: ação recíproca de dois seres vivos por intermédio de um agente
especial chamado fluido magnético. A expressão magnetismo animal (do grego e do
latim magnes, ímã) surgiu por
analogia com o magnetismo mineral. Tendo a experiência demonstrado que essa
analogia não existe, ou é apenas aparente, a denominação deixou de ser exata.
Todavia, como está consagrada por um uso universal e como, além disso, o
epíteto que se lhe acrescenta não permite equívoco, haveria mais inconveniência
do que utilidade em mudar esse nome. Algumas pessoas substituem-na pela palavra
mesmerismo; entretanto esta expressão não prevaleceu. (Vocabulário Espírita,
págs. 38 e 39.)
8. Que é médium? Mencione três variedades
de médiuns de influência física e seis variedades de médiuns de influências
morais.
Médium (do latim medium, meio, intermediário) é o nome que se dá à pessoa acessível
à influência dos Espíritos e aos indivíduos mais ou menos dotados da faculdade
de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos, o médium é um
intermediário; é um agente ou um instrumento mais ou menos cômodo, segundo a
natureza ou o grau da faculdade mediúnica. Distinguem-se diversas variedades de
médiuns segundo sua aptidão particular para tal ou tal modo de transmissão, ou
tal ou tal gênero de comunicação.
São médiuns de influência física os que
têm o poder de provocar manifestações ostensivas. Exemplos: médiuns motores,
médiuns tiptológicos e médiuns de aparição.
São médiuns de influências morais os
que são mais especialmente aptos a receber e transmitir comunicações
inteligentes. Exemplos: médiuns escreventes ou psicógrafos, médiuns
pneumatógrafos, médiuns desenhadores, médiuns falantes, médiuns inspirados e
médiuns de pressentimento. (Vocabulário Espírita, págs. 41 a 43.)
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