Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas
Allan Kardec
Estamos fazendo neste espaço o estudo –
sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo: dois introdutórios, os cinco básicos que integram o chamado
pentateuco kardequiano e um complementar.
Serão ao todo 1.120 questões objetivas
distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas. Os textos
são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo do livro O que é o Espiritismo, o foco agora é a
obra Instruções Práticas sobre as
Manifestações Espíritas, publicada por Kardec em 1858. As páginas citadas abaixo
referem-se à edição publicada pela Casa Editora O Clarim,
com base na tradução feita por Cairbar Schutel.
Parte 2
9. Que é perispírito, qual a sua natureza e como ele é constituído?
Perispírito (de peri, em redor, e spiritus,
espírito) é o nome que se dá ao invólucro semimaterial da alma ou Espírito
depois da sua separação do corpo. O Espírito o tira do mundo em que se acha e o
troca ao passar de um a outro; ele é mais ou menos sutil ou grosseiro, segundo
a natureza de cada globo. O perispírito pode tomar todas as formas à vontade do
Espírito; ordinariamente ele assume a imagem que este tinha em sua última
existência corporal. Embora de natureza etérea, a substância do perispírito é
susceptível de certas modificações que o tornam perceptível à nossa vista. É o
que se dá nas aparições. Ele pode até, por sua união com o fluido de certas
pessoas, tornar-se temporariamente tangível, isto é, oferecer ao toque a
resistência de um corpo sólido, como se vê nas aparições estereológicas ou
palpáveis. A natureza íntima do perispírito não é ainda conhecida. (Vocabulário
Espírita, págs. 50 e 51.)
10. Qual o conceito inerente aos vocábulos pneumatofonia e pneumatografia?
Pneumatofonia (de pneuma e de phoné, som ou
voz) designa a comunicação verbal e direta dos Espíritos sem o auxílio dos
órgãos da voz. Pneumatografia (do gr. pneuma,
ar, sopro, vento, espírito, e grafo,
eu escrevo) designa escrita direta feita pelos Espíritos sem auxílio da mão do
médium. (Vocabulário Espírita, págs. 51 e 52.)
11. Como podemos conceituar e classificar a psicografia?
Derivada do grego psyché, borboleta, alma, e graphô,
eu escrevo, psicografia designa a transmissão do pensamento dos Espíritos por
meio da escrita, pela mão de um médium. No médium escrevente a mão é o
instrumento, mas sua alma, ou o Espírito nele encarnado, é o intermediário ou o
intérprete do Espírito estranho que se comunica. A psicografia se diz imediata
ou direta quando o próprio médium escreve valendo-se de um lápis ou caneta. A
psicografia mediata ou indireta é quando o lápis ou caneta é adaptado a um
objeto qualquer que serve, de certo modo, de apêndice à mão, como uma cesta,
uma prancheta etc. (Vocabulário Espírita, pág. 55.)
12. Que é segunda vista? Existe relação entre essa faculdade e a
vidência?
Segunda vista é a faculdade de ver os
Espíritos e as coisas ausentes como se estas estivessem presentes. Aqueles que
dela são dotados não veem pelos olhos, mas pela alma, que percebe a imagem dos
objetos por toda parte aonde ela se transporta. Essa faculdade não é
permanente. Certas pessoas a possuem sem saber: ela parece-lhes um efeito
natural e produz o que denominamos visões. Segunda vista é também chamada de
vidência. Vidente é, pois, o nome que se dá à pessoa que é dotada de segunda
vista. (Vocabulário Espírita, págs. 60, 61, 69 e 70.)
13. Que é sonambulismo e qual é um dos sinais característicos do
verdadeiro sonambulismo?
Proveniente do latim somnus, sono, e ambulare, marchar, passear, sonambulismo designa um dos estados de
emancipação da alma, mais completo do que o que se verifica no sonho. O sonho é
um sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, a lucidez da alma, isto é, a
faculdade de ver, que é um dos atributos de sua natureza, é mais desenvolvida.
Ela vê as coisas com mais precisão e nitidez. O esquecimento absoluto no
momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro
sonambulismo, visto que a independência da alma em relação ao corpo é mais
completa do que no sonho. (Vocabulário Espírita, págs. 63 a 65.)
14. Existe alguma relação entre o sono e os sonhos?
Sim. O sonho é um efeito da emancipação
da alma durante o sono. Quando os sentidos ficam entorpecidos, os laços que
unem o corpo e a alma se afrouxam. Esta, tornando-se mais livre, recupera, em
parte, suas faculdades de Espírito e entra mais facilmente em comunicação com
os seres do mundo incorpóreo. A recordação que ela conserva, ao despertar, do
que viu em outros lugares e em outros mundos, ou em suas existências passadas,
constitui o sonho propriamente dito. Sendo esta recordação apenas parcial,
quase sempre incompleta e entremeada com recordações da vigília, resultam daí,
na sequência dos fatos, soluções de continuidade que lhes rompem a concatenação
e produzem esses conjuntos estranhos que parecem sem sentido, pouco mais ou
menos como seria a narração à qual se houvessem truncado, aqui e ali,
fragmentos de linhas ou de frases. (Vocabulário Espírita, págs. 65 e 66.)
15. Quantas e quais são as ordens e as classes que compõem a escala espírita,
de acordo com o Espiritismo?
A escala espírita, que é um quadro das
diferentes ordens de Espíritos, indicando os graus que eles têm de percorrer
para chegar à perfeição, compreende três ordens principais:
1ª ordem: Espíritos puros;
2ª ordem: bons Espíritos;
3ª ordem: Espíritos imperfeitos.
As ordens acima subdividem-se em nove classes, caracterizadas pela progressão dos sentimentos morais e das ideias intelectuais: 1ª classe -
Espíritos puros; 2ª classe - Espíritos superiores; 3ª classe - Espíritos
sensatos; 4ª classe - Espíritos sábios; 5ª classe - Espíritos benfazejos; 6ª
classe - Espíritos neutros; 7ª classe - Espíritos pseudossábios; 8ª classe -
Espíritos levianos; 9ª classe - Espíritos impuros. (Cap. I, Escala Espírita,
págs. 74 a 83.) (Nota importante: Na versão definitiva d´O Livro dos Espíritos, publicada em março de 1860, ocorreu uma
pequena alteração no tocante às classes que compõem a escala espírita.)
16. Quais as características principais de cada uma das ordens que
compõem a escala espírita?
Os Espíritos puros, que formam a 1ª
ordem, não sofrem nenhuma influência da matéria. Revelam superioridade
intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos das outras ordens.
Os bons Espíritos, que compõem a 2ª
ordem, apresentam predominância do Espírito sobre a matéria. Têm o desejo de
praticar o bem. Sua qualificação e poder para realizar o bem estão em proporção
ao grau a que chegaram: uns têm a sabedoria e a bondade; os mais adiantados
reúnem o saber às qualidades morais. Não sendo ainda completamente
desmaterializados, conservam mais ou menos, segundo sua classe, os vestígios da
existência corporal, quer na linguagem, quer em seus hábitos.
Os Espíritos imperfeitos, que
constituem a 3ª ordem, têm como característica a predominância da matéria sobre
o espírito e propensão para o mal, a ignorância, o orgulho, o egoísmo e todas
as más paixões que são as consequências disso. Nem todos são essencialmente
maus; em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira
maldade. Uns não fazem o bem nem o mal; mas só pelo fato de não fazerem o bem,
denotam sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam
satisfeitos quando encontram ocasião de praticá-lo. (Cap. I, Escala Espírita,
págs. 76, 80 e 82.)
Observação:
Para acessar a Parte 1 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/11/instrucoes-praticas-sobre-as.html
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