Obreiros da Vida
Eterna
André Luiz
Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o
estudo de onze livros escritos por André Luiz, integrantes da chamada Série
Nosso Lar. Serão ao todo 960 questões objetivas distribuídas em 120 partes,
cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às
quartas-feiras.
Concluído o estudo dos três primeiros livros, damos
prosseguimento hoje ao estudo do 4º livro da série, Obreiros da Vida Eterna, que o médium Chico Xavier psicografou.
Parte 3
17. Como eram o
ambiente físico e a paisagem em torno da Casa Transitória de Fabiano?
A diferença de atmosfera, entre o dia e a noite, na Casa
Transitória de Fabiano, era quase imperceptível, porque as luzes artificiais
ficavam sempre acesas. Um denso nevoeiro abafava a paisagem, sob o céu de
chumbo, e grandes aparelhos destinados à fabricação de ar puro funcionavam
incessantemente na casa, renovando o ambiente geral. O Sol era visto fundamente
diferenciado: semelhava-se a um disco de ouro velho, sem qualquer irradiação.
Ali a matéria obedecia a outras leis, interpenetrada de princípios mentais
extremamente viciados. Congregavam-se em torno longos precipícios infernais e
vastíssimas zonas de purgatório das almas culpadas e arrependidas. A ausência
de vegetação, aliada à neblina pesada e sufocante, infundia profunda sensação
de deserto e tristeza. (Obreiros da Vida
Eterna, cap. 6, pp. 79 a 81.)
18. Que
atividades eram comumente desenvolvidas pela Casa dirigida por Zenóbia?
Auxiliar as expedições socorristas em serviço na Crosta;
abrir-se à visitação de encarnados parcialmente libertos do corpo em momentos
de sono físico, para receberem benefícios magnéticos; recepcionar missionários
procedentes de esferas elevadas; organizar leitos para entidades desencarnadas
prestes a serem trazidas; promover o
encontro de crianças recém-desencarnadas com suas mães que viriam da Crosta, em
caráter temporário; receber delegações variadas de trabalho espiritual para ali
combinarem providências – eis algumas atividades da Casa Transitória, além de
outras medidas de menor significação, o que permite ver que eram intensas as
obrigações a cargo da Irmã Zenóbia e seus companheiros. (Obra citada, cap. 6,
pp. 81 e 82.)
19. Como era a
região dos charcos que André atravessou em busca do ex-padre Domênico?
Paisagem escura e misteriosa; no espaço, sons estranhos e
gritos de seres selvagens, misturados a dolorosos gemidos humanos; aves de
monstruosa configuração, mais negras do que a noite – assim era o caminho que o
levou a uma zona pantanosa, um imenso charco, em que sobressaía rasteira
vegetação, em meio a ervas mirradas e arbustos tristes que assomavam
indistintamente do solo. Soluços próximos davam a impressão nítida de que
procediam de pessoas atoladas em repelentes substâncias, tais as emanações
desagradáveis que pairavam no ar. (Obra citada, cap. 6, pp. 82 a 85.)
20. Quem foi
Domênico e por que, havendo sido padre, ele se encontrava naquela região?
O ex-padre Domênico foi na Crosta incapaz de manter-se fiel
ao Senhor até o fim de seus dias. Aproveitara-se do cargo para concretizar
propósitos menos dignos, conspurcando a paz de corações sensíveis. Apesar de
desencarnado há muito tempo, permanecia insensível às exortações de amor e paz,
conservando-se em posição psíquica negativa, depois de haver-se precipitado em
temível aridez do coração, envolvendo-se em forças que o aniquilavam e
entorpeciam cada vez mais. Não admirava, pois, que estivesse naquela situação.
(Obra citada, cap. 6, pp. 85 a 92.)
21. Que erros de
Domênico vieram à tona graças à clarividência da enfermeira Luciana?
Primeiramente Luciana descreveu uma cena ocorrida em certa
noite fria, em que Domênico penetrava um lar honesto, cego por sentimento menos
respeitoso para com alguém que lhe ouvira palavras de sedução e malícia. O
padre estava sem a batina escura e a mulher cedia a suas promessas. Em seguida,
Luciana viu uma mulher chegando ao presbitério em noite tempestuosa. A
pobrezinha chorava e rogava auxílio. Ela confiara excessivamente nas promessas
do padre e cedera aos seus caprichos de homem vulgar. A princípio acreditou que
não adviriam desagradáveis consequências. Mas, agora, anunciava-se um filhinho.
Quem a socorreria? quem lhe restauraria a paz familiar? Não seria melhor a legalização
dos laços existentes? Domênico escutara as rogativas sem nenhum abalo moral.
Com a frieza dos homens de fraseologia brilhante, invocou o dever sacerdotal
como justificativa da impossibilidade e, por fim, propôs-lhe a conciliação do
problema com um casamento apressado entre a vítima e o último dos seus servos.
A infeliz soluçava convulsivamente e, naquela noite, suicidou-se, ingerindo
grande dose de formicida. Na sequência, Luciana viu uma cena em que o pai de
Domênico, também desencarnado, o contemplava com desespero e enternecimento
simultâneos. Ele reclamava certa escritura que o filho não apresentara. O velho
não fora pai apenas de um sacerdote e de outros filhos que honravam o seu nome.
Tivera aventuras diferentes e possuía alguns filhos, nascidos a distância do
lar, e não desejava partir sem legitimá-los devidamente. Pretendia, além disso,
garantir-lhes futuro próspero. No fim do último adeus, o pai lhe reiterara a
súplica de amparo constante a certa mulher, cercada de filhinhos que esperavam
dele o sustento necessário. Era esse o pedido expresso, que Domênico prometera
cumprir, mas não cumpriu, sepultando o testamento recebido do genitor em móvel
pesado, com intenções francamente hostis aos propósitos do velho. Surgiu, em
seguida, a cena de um velho sacerdote, que deixou a vida física endereçando a
Domênico intensas vibrações de ódio. O motivo era trivial: Domênico
roubara-lhe, com artifícios e suborno, a paróquia de que o velho padre era
titular, conseguindo, mediante gratificação a companheiros altamente colocados,
a remoção do adversário para longínqua paróquia de montanha, onde o ancião
morreu, intoxicado pela cólera e por reiterados desejos de vingança. Ato
contínuo, apareceu na tela mental a figura de determinada mulher, vítima também
do poder fascinante e dominador do ex-padre. Certa manhã, ela, já envelhecida e
quase cega, bateu à casa do padre, conduzida por anêmico menino de nove a dez
anos, a suplicar-lhe auxílio. Ante a frieza da recepção, a infortunada, em
palavras sentidas, invocou o passado de leviandades e perguntou-lhe se ele
esquecera o filho que lhe colocara nos braços. Chorava, gesticulava, implorava.
Lutara heroicamente por manter o filho, à custa de trabalho honesto, mas
adoecera, sem qualquer proteção, e ali estava quase cega, implorando socorro...
Se pudesse, pouparia ao filho ainda criança a humilhação de conhecer o pai
desalmado, mas o menino, vitimado por uma tuberculose, estava à beira da morte.
Domênico, insensível, chamou um servidor que, conduzindo cães bravos, obrigou
os pobres pedintes a fugir, espavoridos. (Obra citada, cap. 7, pp. 93 a 103.)
22. Que efeito
teve sobre o ex-padre a recordação de lances de sua última existência?
O efeito foi devastador, tanto que, quando Luciana começou a
descrever nova cena, o desventurado Domênico, num grito terrível, desfez-se em
lágrimas e exclamou, alucinado de sofrimento moral: – Basta! Basta!... Soluços
atrozes lhe rebentaram do peito opresso. Zenóbia comentou: – Domênico melhora,
graças ao Nosso Divino Médico. Para o Espírito culpado e sofredor, as lágrimas
são também uma chuva benéfica que refrigera o coração. Começou então a
doutrinação, feita pelo padre Hipólito, enquanto Zenóbia convocava mentalmente
aquela que fora na Terra a mãe do infeliz sacerdote. Hipólito perguntou-lhe inicialmente
se ele desejava efetivamente a redenção. Ele não respondeu, mas indagou se
existia mesmo a Justiça Divina, anotando as faltas das pessoas. Hipólito lhe
respondeu dizendo que trazemos na própria consciência o arquivo indelével dos
nossos erros, da mesma maneira que os justos são portadores das notas íntimas
que os glorificam diante do Pai Altíssimo. E advertiu: – Cerra, para sempre,
meu amigo, a porta do "ego inferior"! Cala a vaidade, o orgulho, a
impenitência! Não maldigas. A Igreja que nos reunia, no círculo carnal, é santa
em seus fundamentos. Nós é que fomos maus servos, desviando-lhe os princípios
básicos para a satisfação de instintos dominadores. (Obra citada, cap. 7, pp.
104 a 111.)
23. A prece
proferida por Domênico fez-lhe bem?
Sim. A prece fez-lhe profundo bem. Mais calmo, ele
abraçou-se à mãe e perguntou-lhe por Zenóbia, ignorando por completo que a
diretora da Casa Transitória estava ali, a seu lado, acompanhando-lhe os
mínimos gestos. (Obra citada, cap. 7, pp. 112 a 115.)
24. No lamaçal
em que vasta legião de sofredores se encontrava, todos choravam e pediam ajuda?
Não. Ali, embora muitas vozes suplicassem socorro, outras
vociferavam blasfêmias, ironias e condenações, recusando até o mesmo a ajuda
oferecida pelo grupo socorrista. (Obra citada, cap. 8, pp. 116 a 118.)
Observação:
Para acessar a 2ª parte deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/03/obreiros-da-vidaeterna-andre-luiz_18.html
Como consultar as matérias deste
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