Amaury
de Oliveira: exemplo de generosidade e solidariedade
Há pessoas que
passam pelo mundo e não deixam marca alguma. Do jeito que chegam, acabam indo,
sem deixar saudade nem lembranças.
Não foi esse,
obviamente, o caso do nosso mano Amaury, segundo filho do casal Astolfo
Olegário/Anita Borela, em uma prole de 11 filhos. (Na foto ao lado, tirada em setembro de 1984, ele está com sua neta Gabriella.)
Nascido em 25 de
junho de 1929, Amaury casou-se com Maria Luiza Imbeloni em 29 de janeiro de
1951 e com ela viveu 48 anos, até 12 de maio de 1999, quando retornou à pátria
espiritual.
Em janeiro de 1963,
antes de fazer 34 anos, Amaury e Maria Luiza (foto ao lado) me acolheram em seu lar e pude,
então, por mais de 36 anos, partilhar a seu lado dos seus planos, dos seus
sonhos, dos seus atos. Juntos, estudamos para dois concursos federais e juntos
fomos aprovados, fato que marcou de forma definitiva o caminho profissional que
seguimos a partir de então.
Agradeço a Deus
ter-me concedido a oportunidade de viver a seu lado, porque com ele aprendi
como é importante ser generoso, solidário, participativo, e também compreender
que ninguém pode ser feliz sozinho e que a felicidade só vale realmente quando
partilhada com o nosso próximo, seja ou não parte de nossa família.
Meu irmão Arthur
Bernardes, dois anos mais moço e que conviveu desde criança com ele, registrou
em um de seus livros três momentos em que o personagem principal é o Amaury. (Na foto ao lado, Amaury - de camisa branca - está junto de seus 4 irmãos homens e dois cunhados.)
De suas anotações valho-me
aqui para destacar em nosso homenageado três importantes facetas: a
inteligência, a afabilidade e a generosidade.
Vejamos a primeira:
a inteligência.
Escreveu o Arthur:
Meus dois irmãos mais velhos, a Marília e o Amaury, brilhavam na
escola. Estavam no 1º e 2º anos do antigo curso primário (hoje esse curso é
chamado de ensino fundamental). Só tiravam, nas provas de desempenho, dez com
distinção e louvor. Era mais que dez. Mas como na avaliação eles só utilizavam
valores até dez, para dizer que aquela prova valia mais que dez, eles
inventaram essa forma de dizer isso, acrescentando ao número dez essa expressão
“distinção e louvor!” com uma exclamação enorme para chamar mais atenção ainda.
Meu pai espumava de tanta alegria. (Uma
estrela em forma de flor, Apêndice, cap. 2.)
Segundo o depoimento insuspeito do próprio
irmão, Amaury já mostrava desde criança uma inteligência marcante e, quando
adulto, comprovou-o ao ser aprovado em um concurso público para a Receita
Federal, em que muitos doutores jamais conseguiram sucesso. Na ocasião do
concurso, ele só ostentava o 2º grau e estava afastado dos bancos escolares
havia mais de 17 anos.
Na sequência, fez brilhante carreira na
Receita, estudou, conseguiu o diploma superior e chegou a Delegado da Receita
Federal em Curitiba, em que teve uma atuação marcante e digna do elogio dos
seus superiores em Brasília, DF.
Eis a segunda: a
afabilidade.
Anotou o Arthur no
livro já mencionado:
Há uma diferença fundamental entre o mano do meu coração – o Amaury – e
mim. Dizia o Panza que, quando o Amaury ri, todos os dentes se mostram claros.
Aqueles dentes branquinhos, sadios, admiráveis. E tem-se a impressão de que o
Amaury não tem apenas 32 dentes, o que seria normal, mas 64, tal o brilho que
através do seu sorriso invade a nossa alma e encanta os nossos olhos. É um
sorriso aberto, franco, espontâneo de quem não teme mostrar pela boca a alma
linda que tem. (Uma estrela em forma de
flor, cap. XVIII – O impulso e a flor.)
Seu sorriso franco,
aberto e espontâneo estava presente sempre, todas as vezes em que abria as
portas do seu lar para receber os familiares e os amigos. Churrascos inesquecíveis, os jogos de cartas, as canções que ele adorava cantar... Esses foram momentos que os mais jovens da família certamente desconhecem, mas constituem
para nós lembranças imorredouras, dessas que o tempo não tem competência para
apagar. (Na foto acima, ele está com a esposa e alguns de seus netos.)
Eis, por fim, a
terceira e principal: a generosidade.
Escreveu o Arthur:
Os planos do Amaury... Qual! Só encostando estas teclas. Falaria a vida
inteira sobre os planos do Amaury. Planos fabulosos e irrealizáveis, quase
todos, mas sempre belos, puros, fulgurantes.
A pureza de seus ideais! A preocupação obsessiva com todos, indagando,
perquirindo, analisando, bisbilhotando, para descobrir necessidades, e
supri-las com a sua bondade. (Uma estrela
em forma de flor, cap. XI – Vem ver a
família.)
De fato, os planos do Amaury eram como água descendo por uma enorme
cachoeira...
No tocante a reunir os recursos financeiros, jamais teve sucesso. E
quando parecia que isso ocorreria, veio um gatuno disfarçado de amigo e
surripiou tudo o que ele ajuntara, deixando-o ainda com dívidas imensas que só
pôde quitar ao longo dos anos, valendo-se dos seus próprios vencimentos de
funcionário público.
Contudo, embora destituído de grandes recursos, jamais deixou de ajudar
a quem precisasse, fosse ou não da família.
Quando surgia uma necessidade, era ele o primeiro a se manifestar e com
isso, com seu exemplo, fazia com que vários de nós também participássemos,
minorando as dificuldades daqueles que o vulgo costuma chamar de desfavorecidos
da sorte...
Assim era Amaury de Oliveira.
Tinha defeitos?
Claro! quem não os tem? Mas as qualidades sobrepujavam com larga margem
todos eles.
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Tive o prazer de conhecê-lo e muito me orgulho dessa família. Eternamente grata
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