O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
Parte 25 e final
Publicamos neste espaço o estudo – sob
a forma dialogada – dos 8 principais livros de Allan Kardec. Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluímos hoje o estudo de O Livro dos Espíritos,
cuja edição inicial se deu em Paris, França, no dia 18 de abril de 1857. Iniciaremos na
próxima semana o estudo de O Livro dos
Médiuns.
Eis as questões de hoje:
193. Que se deve
entender por purgatório?
Purgatório significa dores físicas e morais, o tempo da expiação. Quase
sempre na Terra é que fazemos o nosso purgatório e expiamos nossas faltas. O
que o homem chama purgatório é, em verdade, uma alegoria, devendo-se entender
como tal, não um lugar determinado, porém o estado dos Espíritos imperfeitos
que se acham em expiação, até que alcancem a purificação completa, que os
elevará à categoria de Espíritos bem-aventurados. Operando-se essa purificação
por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida
corporal. (O Livro dos Espíritos, questão
1.013.)
194. Em que sentido
devemos entender estas palavras de Jesus: “Meu reino não é deste mundo”?
Dizendo tais palavras, o Cristo falava em sentido figurado. Ele queria
dizer que seu reinado se exerce unicamente sobre os corações puros e
desinteressados e que ele está onde quer que domine o amor do bem. Ávidos,
porém, das coisas deste mundo e apegados aos bens da Terra, os homens com ele
não estão. (Obra citada, questão 1.018.)
195. O reinado do bem um
dia será implantado na Terra?
Sim. O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar,
os bons predominarem, porque então farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte
do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de
Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os
maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho
e o egoísmo. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de
Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então os
Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem
deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar
deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para
mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo
seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos
ainda mais atrasados. (Obra citada, itens 1.018 e 1.019.)
196. O progresso real da
Humanidade tem seu princípio na aplicação de uma das leis naturais. Que lei é
essa?
É a lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do
futuro. Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as
condições da felicidade do homem. Só ela pode curar as chagas da sociedade.
Comparando as idades e os povos, pode-se avaliar quanto a sua condição melhora
à medida que essa lei vai sendo mais bem compreendida e praticada. Ora, se
aplicando-a parcial e incompletamente aufere o homem tanto bem, que ele não
conseguirá quando fizer dela a base de todas as suas instituições sociais! Será
isso possível? Claro que sim, porquanto desde que ele já deu dez passos,
possível lhe é dar vinte e assim por diante. (Obra citada, Conclusão, item IV.)
197. Kardec diz que o
desenvolvimento das ideias espíritas apresentaria três períodos distintos.
Quais são eles?
Primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos
desperta. Segundo, o do raciocínio e da filosofia. Terceiro, o da aplicação e
das consequências. O período da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco.
Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que desafia a
meditação séria e o raciocínio. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente.
O Espiritismo progrediu principalmente depois que foi sendo mais bem
compreendido na sua essência íntima, depois que lhe perceberam o alcance,
porque tange a corda mais sensível do homem: a da sua felicidade, mesmo neste
mundo. Aí está a causa da sua propagação, o segredo da força que o fará
triunfar. Enquanto sua influência não atinge as massas, ele vai felicitando os
que o compreendem. Mesmo os que nenhum fenômeno têm testemunhado dizem: “À
parte esses fenômenos, há a filosofia, que me explica o que NENHUMA OUTRA me
havia explicado. Nela encontro, por meio unicamente do raciocínio, uma solução
racional para os problemas que no mais alto grau interessam ao meu futuro. Ela
me dá calma, firmeza, confiança; livra-me do tormento da incerteza”. Ao lado de
tudo isto, secundária se torna a questão dos fatos materiais. (Obra citada,
Conclusão, item V.)
198. A força do
Espiritismo lhe advém da prática das manifestações materiais?
Não. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom
senso. Na antiguidade, era objeto de estudos misteriosos, que cuidadosamente se
ocultavam do vulgo. Hoje, para ninguém tem segredos. Fala uma linguagem clara,
sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de
falsas interpretações. Quer ser por todos compreendido, porque chegados são os
tempos de fazer com que os homens conheçam a verdade. O Espiritismo não é obra
de um homem. Ninguém pode inculcar-se como seu criador, pois tão antigo é ele
quanto a criação. Encontramo-lo por toda parte e em todas as religiões,
principalmente na religião católica e aí com mais autoridade do que em todas as
outras, porquanto nela se nos depara o princípio de tudo que há nele: os
Espíritos em todos os graus de elevação, suas relações ocultas e ostensivas com
os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a
vida, a dupla vista, todos os gêneros de manifestações e até as aparições,
tangíveis ou não. (Obra citada, Conclusão, item VI.)
199. O Espiritismo se
apresenta sob três diferentes aspectos: o das manifestações, o dos princípios e
da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Disso
resultariam três classes de espíritas. Quais são elas?
Ei-las: 1ª. os que creem nas manifestações e se limitam a comprová-las;
para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2ª. os que lhe percebem
as consequências morais; 3ª. os que praticam ou se esforçam por praticar essa
moral. (Obra citada, Conclusão, item VII.)
200. Três efeitos se
verificam na vida das pessoas que passam a compreender o Espiritismo filosófico
e nele veem outra coisa e não apenas fenômenos mais ou menos curiosos. Quais
são esses efeitos?
O primeiro efeito e mais geral consiste em desenvolver o sentimento
religioso até naquele que, mesmo não sendo materialista, olha com absoluta
indiferença para as questões espirituais. Daí lhe advém o desprezo pela morte.
Não dizemos o desejo de morrer; longe disso, porquanto o espírita defenderá sua
vida como qualquer outro, mas uma indiferença que o leva a aceitar, sem queixa
nem pesar, uma morte inevitável, como coisa mais de alegrar do que de temer,
pela certeza que tem do estado que se lhe segue.
O segundo efeito, quase tão geral quanto o primeiro, é a resignação nas
vicissitudes da vida. O Espiritismo dá a ver as coisas de tão alto que,
perdendo a vida terrena três quartas partes da sua importância, o homem não se
aflige tanto com as tribulações que a acompanham. Daí, mais coragem nas
aflições, mais moderação nos desejos. Daí, também, o banimento da ideia de
abreviar os dias da existência, porque a ciência espírita ensina que pelo
suicídio sempre se perde o que se queria ganhar. A certeza de um futuro, que
temos a faculdade de tornar feliz, e a possibilidade de estabelecermos relações
com os entes que nos são caros oferecem ao espírita suprema consolação.
O terceiro efeito é o de estimular no homem a indulgência para com os
defeitos alheios. Todavia, cumpre dizê-lo, o princípio egoísta e tudo que dele
decorre são o que há de mais tenaz no homem e, por conseguinte, mais difícil de
desarraigar. Toda gente faz voluntariamente sacrifícios, contanto que nada
custem e de nada a privem. Para a maioria dos homens, o dinheiro tem ainda
irresistível atrativo e bem poucos compreendem a palavra supérfluo, quando de
suas pessoas se trata. Por isso mesmo, a abnegação da personalidade constitui
sinal de enorme progresso. (Obra citada, Conclusão, item VII.)
Observação:
Para
acessar a Parte 24 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/06/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec.html
Caso o leitor queira baixar o estudo
completo – texto consolidado e questões objetivas – de “O Livro dos Espíritos”,
clique neste link: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
- e, em seguida, nos verbetes “O Livro dos Espíritos” – Parte I e “O Livro
dos Espíritos” - Parte II.
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