sábado, 31 de outubro de 2020

 


Visita do Roberto em nosso culto do evangelho

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília-DF

 

Quando eu era jovem, no Rio de Janeiro, certa noite, ouvi minha irmã mais velha propor algo interessante a nossa mãe viúva, que carregou, sob suas asas carinhosas, sete filhos desde que completou 40 anos de idade. Eis a proposta de Terezinha, nossa irmã mais velha:

— Mãe, conheci um senhor casado que é excelente médium. Pessoa muito honesta, trabalha com entidades da Umbanda e nada cobra por suas sessões mediúnicas. Quem sabe ele não nos ajude a melhorar de vida?

Naturalmente, Terezinha se referia à ajuda dos Espíritos que se manifestavam pelo médium. Ouvindo isso, mamãe, mineira católica dos quatro costados, que vez por outra pedia ajuda aos espíritos de pretos-velhos, não pensou duas vezes e disse à filha para convidar aquele rapaz para ir lá em casa...

No dia seguinte, o médium Roberto apareceu lá e deu sua primeira incorporação a diversas entidades: exus, pretos-velhos e caboclos. O caboclo que mais se manifestava chamava-se Serra Negra.

Certo dia, o marido de minha irmã tanto insistiu para um exu informar-lhe os números da loteria que este acabou atendendo. Recomendou-lhe para não fazer aposta muito alta e ditou-lhe várias dezenas da loteria. Na semana seguinte, tivemos a confirmação do resultado: nenhum dos números ditados pelo Espírito foi sorteado.

Uma coisa porém foi certa: após algumas semanas de manifestações desses Espíritos, conseguimos mudar de residência para uma casa melhor e nossa situação socioeconômica prosperou. Algum tempo depois, conheci uma mocidade espírita em Rocha Miranda, cujas reuniões de estudo das obras de Allan Kardec comecei a frequentar.

Roberto parece não ter gostado muito de minhas sugestões para que ele não se limitasse aos fenômenos e estudasse o Espiritismo. Aos poucos, ele foi tornando mais escassa sua visita lá em casa...

Após dois anos, concluí um curso militar e fui transferido para Salvador. Depois disso, só nas férias de fim de ano eu voltava ao Rio.  Passados muitos anos, eu já estava casado e morava em Brasília, quando soube que Roberto havia deixado de dar sessões mediúnicas, tornara-se evangélico e falecera...

Na última semana, estive pensando no Roberto com gratidão, pois afora o caso dos números falsos da loteria, as entidades espirituais que ele incorporava ajudaram muito nossa família. Particularmente, a mim, com suas orientações e mesmo revelações de acontecimentos futuros que vieram a se realizar. Há no mínimo trinta anos que esse médium desencarnou e, se alguma vez falei sobre ele com Lourdes, minha esposa, isso faz muito tempo.

Qual não foi minha surpresa, porém, quando ao final do nosso culto do evangelho no lar, nesse último domingo, após a prece inicial, Lourdes informou-me:

— Está presente conosco um Espírito que diz chamar-se Roberto. Ele disse que agora está ligado à mediunidade, mas trabalha, no plano espiritual, com plantas medicinais. Ele "está te mandando um abraço".

Não vai faltar quem diga que isso foi inventado por mim, que não passa de devaneios de mente sobre-excitada. Também dirão que minha mulher, na realidade, guarda por muito tempo essas informações para, quando eu menos espero, inventar essa e outras histórias. Entretanto, como ciência de observação que é o Espiritismo, aprendi com sábios da cultura de um Alexandre Aksakof, Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano e outros, do passado e do presente, além de Allan Kardec, a dizer a esses incrédulos: eu não acredito, eu sei.

 

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