quinta-feira, 8 de outubro de 2020

 


O Livro dos Médiuns

 

Allan Kardec

 

Parte 17

 

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.

Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

129. Qual deve ser a posição do médium ante a crítica?

Um dos grandes escolhos da mediunidade é, como sabemos, a obsessão e a fascinação. Os médiuns podem então iludir-se de boa-fé sobre o mérito das comunicações que obtêm, e os Espíritos mentirosos têm ampla liberdade quando lidam apenas com cegos. Por isso, procuram afastar o médium de todo controle, fazendo-o tomar aversão por quem poderia esclarecê-lo. Depois, com a ajuda da fascinação e do isolamento, conseguirão que ele aceite tudo o que quiserem. Esse fato não é somente um escolho, mas um perigo; aliás, um verdadeiro perigo. O único meio de evitá-lo é o controle de pessoas desinteressadas e benevolentes que, julgando as comunicações com sangue frio e imparcialidade, podem abrir-lhe os olhos e fazê-lo perceber o que ele não pode ver por si mesmo. Ora, todo médium que teme esse julgamento já está no caminho da obsessão; aquele que crê que a luz se faz somente para ele está completamente sob o jugo; se ele se melindra com a crítica, se a repele, se se irrita com ela, não pode haver dúvida sobre a má natureza do Espírito que o assiste. É por isso que, na falta de suas próprias luzes, o médium deve modestamente recorrer à dos outros, segundo estes dois provérbios bem conhecidos: "quatro olhos enxergam melhor do que dois" e "nunca se é bom juiz em causa própria".

O médium bem orientado deve aceitar com reconhecimento e mesmo solicitar o exame crítico das comunicações que recebe, porque aí está a melhor garantia contra o envolvimento com Espíritos enganadores e o perigo da fascinação. (O Livro dos Médiuns, item 329.)

130. Qual o conselho que Kardec indica nos casos de antagonismo entre os grupos espíritas?

O ciúme entre os diferentes grupos espíritas é uma demonstração de mesquinha rivalidade, de amor-próprio. Os adeptos imbuídos de um verdadeiro desejo de propagar a verdade, cujo fim é unicamente moral, devem ver com prazer multiplicarem-se as reuniões e, se existe concorrência entre elas, esta deve ser a de mais fazerem o bem. Aqueles que pretendam estar de posse da verdade, com exclusão dos outros grupos, deveriam prová-lo tomando por divisa o "Amor e a Caridade", porque tal é a bandeira de todo espírita verdadeiro.

Há grupos que alardeiam a superioridade dos Espíritos que os assistem? Que o provem pela superioridade dos ensinamentos que recebem e pela aplicação que deles fazem a si mesmos; eis aí um critério infalível para distinguir os que estão no melhor caminho. Todos os grupos e as reuniões espíritas devem, portanto, concorrer ao fim comum, que é a procura e a propagação da verdade, ainda que por meios diferentes; seus antagonismos, fornecendo armas aos adversários, poderão tão somente prejudicar a causa que eles dizem defender. (Obra citada, itens 348 e 349.)

131. Pode-se evocar o Espírito de uma criança morta em tenra idade?

Sim, mas é preciso entender que o Espírito, nesse caso, ainda se acha envolto nas faixas da matéria e conserva, em sua linguagem, traços do caráter infantil. Uma vez desprendido da matéria, ele goza de suas faculdades de Espírito, porquanto os Espíritos não têm idade. (Obra citada, item 282, pergunta 35.)

132. Como o pensamento se transporta até os Espíritos?

O veículo do pensamento é o fluido universal, que se encontra espalhado por todo o Universo. Os Espíritos podem ler os nossos pensamentos e, de certo modo, eles também o ouvem como na Terra ouviam a nossa voz. (Obra citada, item 282, pergunta 5.)

133. Podemos evocar a alma de um animal?

Não. O sucesso de tal evocação é impossível. (Obra citada, item 283.)

134. É possível evocar uma pessoa ainda encarnada?

Sim, mas é necessário que o estado do corpo permita que no momento da evocação o Espírito se desprenda. O Espírito de um vivo também pode, em seus momentos de liberdade, se apresentar sem ser evocado; isto depende da simpatia que tenha pelas pessoas com quem se comunica. (Obra citada, item 284.)

135. Pode-se fazer perguntas aos Espíritos acerca do futuro?

Não, pois há grande erro em procurar desvendar o futuro com a ajuda dos Espíritos. Se o homem conhecesse o futuro, descuidar-se-ia do presente; aí está a causa pela qual o futuro nos é desconhecido. Se o homem faz questão absoluta de sabê-lo, é certo que obterá tal resposta de um Espírito doidivanas, desses que se divertem em fazer previsões. (Obra citada, item 289.)

136. Qual é a espécie de predição de que mais devemos desconfiar?

Devemos desconfiar de todas as predições que não tenham um fim de utilidade geral. Nesse sentido, as predições pessoais podem, quase sempre, ser consideradas apócrifas. (Obra citada, item 289.)


 

Observação:

Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/10/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte.html

 

 

 

 

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