O Evangelho segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Parte 4
Prosseguimos o estudo metódico de “O
Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que
compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril
de 1864.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Eis as questões de hoje:
25. Como entender a frase de Jesus: "Há muitas moradas na casa de meu Pai"?
Com essas palavras Jesus refere-se à multidão de mundos que circulam no
espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes
ao seu grau de adiantamento. Independentemente da diversidade dos mundos, essas
palavras podem também referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito
na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos
laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto
das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo
III, itens 1 a 3.)
26. Os mundos materiais
podem ser divididos em quantas categorias?
Embora não se possa fazer, dos diversos mundos, uma classificação
absoluta, pode-se contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação
que trazem, dividi-los em cinco categorias principais: mundos primitivos,
destinados às primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiação e
provas, onde domina o mal; mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda
têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos
ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de
Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. (Obra citada, capítulo
III, itens 3 e 4.)
27. A que categoria
pertence a Terra e qual é sua atual destinação?
A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por
que aí vive o homem a braços com tantas misérias. Faria dos habitantes de uma
grande cidade falsíssima ideia quem os julgasse pela população dos seus
quarteirões mais íntimos e sórdidos. Num hospital, ninguém vê senão doentes e
estropiados; numa penitenciária, veem-se reunidas todas as torpezas, todos os
vícios; nas regiões insalubres, os habitantes em sua maioria são pálidos,
franzinos e enfermiços. Pois bem: figure-se a Terra como um subúrbio, um
hospital, uma penitenciária, um sítio malsão, e ela é simultaneamente tudo
isso, e compreender-se-á por que as aflições sobrelevam aos gozos, porquanto
não se mandam para o hospital os que se acham com saúde, nem para as casas de
correção os que nenhum mal praticaram; nem os hospitais e as casas de correção
se podem ter por lugares de deleite. O planeta em que vivemos esteve material e
moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse
duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele se aproxima de um dos seus períodos
de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de
regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus.
(Obra citada, capítulo III, itens 4, 6, 7 e 19.)
28. Como são os mundos
de provas e expiações?
Os mundos de provas e expiações são como a Terra. Basta observá-la e
teremos uma imagem do que esses mundos representam. Há neles pessoas muito
inteligentes mas, também, viciosas e compromissadas com um passado de erros.
Foi por isso que Deus as colocou em mundos assim, com o objetivo de expiar suas
faltas, mediante penoso trabalho e o enfrentamento de misérias inúmeras, até
que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso. A Terra oferece um dos
tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita mas apresentam, como
caráter comum, o servir de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei que
têm aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a
inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve
as qualidades do coração e as da inteligência. (Obra citada, capítulo III,
itens 13 a 15.)
29. Em que consiste a
reencarnação?
A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em
outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o
antigo. Seu objetivo é o aprimoramento espiritual da criatura humana. (Obra
citada, capítulo IV, itens 3, 4, 6, 10 e 11.)
30. Os laços de família
são quebrados ou fortalecidos pela reencarnação?
Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como
pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O
princípio oposto, sim, os destrói. No espaço, os Espíritos formam grupos ou
famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das
inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns
aos outros. A reencarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao
regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma
viagem. Muitas vezes, até, uns seguem a outros na reencarnação, vindo aqui
reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos
pelo seu mútuo adiantamento. Se uns reencarnam e outros não, nem por isso
deixam de estar unidos pelo pensamento. Os que se conservam livres velam pelos
que se acham em cativeiro. Os mais adiantados se esforçam por fazer que os
retardatários progridam, de modo que, após cada existência, todos tenham
avançado um passo na senda do aperfeiçoamento. (Obra citada, capítulo IV, itens
18 e 20.)
31. Quais os limites e a
função da encarnação dos Espíritos?
A bem dizer, a encarnação carece de limites precisamente traçados. É
indiscutível, porém, que a passagem dos Espíritos pela vida corporal é
necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os
desígnios cuja execução Deus lhes confia, com o que desenvolvem a inteligência
e avançam no rumo da perfeição. Os que desempenham com zelo essa tarefa
transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e
mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da
liberdade que Deus lhes concede retardam sua marcha e, tal seja a obstinação
que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade de passar pelo
processo reencarnatório. (Obra citada, capítulo IV, itens 24 e 25.)
32. Quem trabalha
ativamente pelo seu progresso moral abrevia a necessidade da encarnação?
Sim. Aquele que trabalha ativamente pelo seu progresso moral, além de
abreviar a necessidade da encarnação material, pode também transpor de uma só
vez os degraus intermédios que o separam dos mundos superiores. (Obra citada,
capítulo IV, item 26.)
Observação:
Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/12/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan.html
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