Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 10
Damos prosseguimento nesta edição ao
estudo metódico e sequencial do clássico Fatos
Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no
original inglês é Researches in the
phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que fotografia de Katie King é considerada por Crookes
uma das mais interessantes?
B. Que diferenças físicas entre Katie e a Srta. Cook foram
notadas por Crookes?
C. Como foram os momentos finais da despedida entre Katie e
a médium Florence Cook?
Texto para
leitura
181. Referindo-se à Srta. Cook,
William Crookes diz que durante esses seis últimos meses ela lhe fez numerosas
visitas e demorava-se algumas vezes uma semana em sua casa, trazendo consigo
pequena mala de mão, que não fechava à chave.
182. Durante o dia estava em companhia
da Sra. Crookes, dele próprio ou de algum outro membro de sua família. Não
dormia só e, portanto, não tinha ocasião de preparar algo, mesmo de caráter
menos aperfeiçoado, que fosse apto para representar o papel de Katie King.
183. Ele mesmo preparou e dispôs sua
biblioteca, assim como a câmara escura, e, como de costume, depois que a Srta.
Cook jantava e conversava com a família, ela se dirigia logo ao gabinete. A seu
pedido, ele fechava à chave a segunda porta, guardando a chave consigo durante
toda a sessão; então, abaixava-se o gás e deixava-se a Srta. Cook na escuridão.
184. Entrando no gabinete, a Srta.
Cook deitava-se no soalho, repousando a cabeça num travesseiro, e logo depois
caía em letargia. Durante as sessões fotográficas, Katie envolvia a cabeça da
médium com um xale, para impedir que a luz lhe caísse sobre o rosto. Várias
vezes Crookes levantou um lado da cortina, quando Katie estava em pé, muito
perto, e então não era raro que as 7 ou 8 pessoas que estavam no laboratório
pudessem ver, ao mesmo tempo, a Srta. Cook e Katie, à plena claridade da luz
elétrica.
185. Não se podia então perceber o
rosto da médium, por causa do xale, mas todos notavam suas mãos e pés, e
viam-na mover-se, penosamente, sob a influência dessa luz intensa e, por
momentos, ouviam-lhe os gemidos.
186. Diz Crookes: “Tenho uma prova de
Katie e da médium fotografadas juntamente; mas Katie está colocada diante da
cabeça da Srta. Cook. Enquanto eu tomava parte ativa nessas sessões, a
confiança que em mim tinha Katie aumentava gradualmente, a ponto de ela não
querer mais prestar-se à sessão, sem que eu me encarregasse das disposições a
tomar, dizendo que queria sempre me ter perto dela e perto do gabinete. Desde
que essa confiança ficou estabelecida, e quando ela teve a satisfação de estar
certa de que eu cumpriria as promessas que lhe fazia, os fenômenos aumentaram
muito em força e foram-me dadas provas que me seriam impossíveis obter se me
tivesse aproximado da médium de maneira diferente”.
187. Katie King o interrogava muitas
vezes a respeito das pessoas presentes às sessões e sobre o modo de serem
colocadas, pois nos últimos tempos se tinha tornado muito nervosa, em
consequência de certas sugestões imprudentes, que aconselhavam empregar a força
para tornar as pesquisas mais científicas.
188. Uma das fotografias mais
interessantes é aquela em que Crookes está em pé, ao lado de Katie, tendo ela o
pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta.
Cook como Katie; ela e ele se colocaram exatamente na mesma posição, e foram
fotografados pelas mesmas objetivas colocadas perfeitamente como na outra
experiência, e alumiados pela mesma luz.
189. Quando os dois esboços foram
postos um sobre o outro, as duas fotografias de Crookes coincidiram
perfeitamente quanto ao porte, etc., mas Katie era maior meia cabeça do que a
Srta. Cook e perto desta parecia uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho
do seu rosto e a estatura do seu corpo diferem essencialmente da médium e as
fotografias fazem ver vários outros pontos de dessemelhança.
190. A fotografia é, no entanto, tão
impotente para representar a beleza perfeita do rosto de Katie quanto as
próprias palavras o são para descrever o encanto de suas maneiras. A fotografia
pode, é verdade, dar um desenho do seu porte; mas como poderá ela reproduzir a
pureza brilhante de sua tez ou a expressão sempre cambiante dos seus traços,
tão móveis, ora velados pela tristeza, quando narrava algum acontecimento
doloroso da sua vida passada, ora sorridente, com toda a inocência de uma
menina, quando reunia os filhos de Crookes ao redor de si e os divertia
contando-lhes episódios das suas aventuras na Índia?
191. Crookes viu tão bem Katie,
recentemente, quando estava alumiada pela luz elétrica, que lhe é possível
acrescentar alguns traços às diferenças que, em precedente artigo, estabeleceu
entre ela e a médium.
192. Afirma Crookes: “Tenho a mais
absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades
distintas, pelo menos no que diz respeito aos seus corpos. Vários pequenos
sinais, que se acham no rosto da Srta. Cook, não existem no de Katie. A
cabeleira da Srta. Cook é de um castanho tão forte que parece quase preto; um
cacho da cabeleira de Katie, que tenho à vista e que ela me permitira cortar de
suas tranças luxuriantes, depois de ter seguido com os meus próprios dedos até
ao alto da sua cabeça e de haver convencido de que ali nascera, é de um rico
castanho dourado”.
193. Continua Crookes: “Uma noite,
contei as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da
Srta. Cook, poucos instantes depois, atingia a 90, seu número habitual.
Auscultando o peito de Katie, eu ouvia um coração bater no interior e as suas
pulsações eram ainda mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando,
depois da sessão, ela me permitia igual verificação. Examinados da mesma forma,
os pulmões de Katie mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento
em que fiz a experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de
grave bronquite”.
194. Quando chegou o momento de Katie
os deixar, Crookes pediu-lhe o obséquio de ser ele o último a vê-la. Chamou ela
a si cada pessoa da sociedade e lhes disse algumas palavras em particular,
dando instruções gerais sobre a proteção a dispensar à Srta. Cook. Essas
instruções, que foram estenografadas, dizem o seguinte: “O Sr. Crookes sempre
agiu muito bem, e é com a maior confiança que deixo Florence em suas mãos,
perfeitamente convicta de que não faltará à confiança que tenho nele. Em todas
as circunstâncias imprevistas, o Sr. Crookes poderá agir melhor do que eu
mesma, porque tem mais força”.
195. Tendo terminado suas instruções,
Katie convidou-o a entrar no gabinete consigo e permitiu-lhe ficar nele até o
fim. Depois de fechada a cortina, conversou durante algum tempo, em seguida
atravessou o quarto para ir até à Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho.
Inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence, acorda! É
preciso que eu te deixe agora!”
196. A Srta. Cook acordou e, em
lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda. “Minha cara, não
posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e
continuou a falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até
que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as
instruções de Katie, Crookes precipitou-se para suster Cook, que ia cair sobre
o soalho e soluçava convulsivamente. Olhou ao redor de si, mas Katie, com o seu
vestido branco, tinha desaparecido. Logo que a Srta. Cook ficou suficientemente
calma, trouxeram luz e ela foi conduzida para fora do gabinete.
197. As sessões quase diárias, com que
a Srta. Cook favoreceu as pesquisas de William Crookes, muito esgotaram as suas
forças. A qualquer prova que ele propusesse, concordava ela em submeter-se com
a maior boa vontade; sua palavra é franca e viva e vai diretamente ao assunto.
Crookes nunca viu nela a menor coisa que pudesse assemelhar-se à mais ligeira
aparência do desejo de enganar. E na verdade, não acreditava que ela pudesse
levar uma fraude a bom termo, porque, se o tentasse, seria prontamente
descoberta, por ser completamente estranho à sua natureza tal modo de proceder.
198. Concluindo suas anotações, diz
Crookes:
“E quanto a imaginar que uma inocente
colegial de 15 anos tenha sido capaz de conceber e de pôr em prática durante
três anos, com grande êxito, tão gigantesca impostura como esta, e que durante
esse tempo se tenha submetido a todas as condições que dela se exigiram, que
tenha suportado as pesquisas mais minuciosas, que tenha consentido em ser
examinada a cada momento, fosse antes, fosse depois das sessões; que tenha
obtido ainda mais êxito na minha própria casa do que na casa de seus pais,
sabendo que ia para ali expressamente com o fim de se submeter a rigorosos
ensaios científicos, quanto a imaginar que a Katie King dos três últimos anos é
o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso do
que crer que Katie King é o que ela própria afirma ser. Não me seria
conveniente concluir este artigo sem agradecer igualmente ao Sr. e à Sra. Cook
as grandes facilidades que me proporcionaram para poder prosseguir nas minhas
observações e experiências. Os meus agradecimentos e os de todos os espiritualistas
são também devidos ao Sr. Charles Blackburn, pela sua generosidade que permitiu
à Srta. Cook consagrar todo o seu tempo ao desenvolvimento dessas manifestações
e, em último lugar, ao seu exame científico.”
Respostas às
questões preliminares
A. Que fotografia de Katie King é considerada por Crookes
uma das mais interessantes?
Trata-se de uma fotografia em que
Crookes está em pé, ao lado de Katie, tendo ela o pé descalço sobre determinado
ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e ele se
colocaram exatamente na mesma posição, e foram fotografados pelas mesmas
objetivas colocadas perfeitamente como na outra experiência, e alumiados pela
mesma luz. Quando os dois esboços foram postos um sobre o outro, as duas
fotografias de Crookes coincidiram perfeitamente quanto ao porte, etc., mas
Katie era maior meia cabeça do que a Srta. Cook e perto desta parecia uma
mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a estatura do seu
corpo diferiam essencialmente da médium e as fotografias mostram vários outros
pontos de dessemelhança. (Fatos Espíritas
– Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)
B. Que diferenças físicas entre Katie e a Srta. Cook foram
notadas por Crookes?
Segundo ele, vários pequenos sinais,
que se achavam no rosto da Srta. Cook [a médium], não existiam no de Katie King
[o Espírito materializado]. A cabeleira da Srta. Cook era de um castanho tão
forte que parecia quase preto; um cacho da cabeleira de Katie, que ele próprio
cortou de suas tranças, era de um rico castanho dourado. Uma noite, ele contou
as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta. Cook,
poucos instantes depois, atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito
de Katie, ele ouviu um coração bater no interior e suas pulsações eram ainda
mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando, depois da sessão, ela
lhe permitiu igual verificação. Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie
mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento em que fez a
experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de grave
bronquite. (Obra citada – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o
auxílio da luz elétrica.)
C. Como foram os momentos finais da despedida entre Katie e
a médium Florence Cook?
Foram comoventes. Katie atravessou o
quarto para ir até à Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho. Inclinando-se
para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence, acorda! É preciso que
eu te deixe agora!” A Srta. Cook acordou
e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda. “Minha cara,
não posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e
continuou a falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até
que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as
instruções de Katie, Crookes precipitou-se para suster Cook, que ia cair sobre
o soalho e soluçava convulsivamente. Olhou ao redor de si, mas Katie, com o seu
vestido branco, tinha desaparecido. (Obra citada – Última aparição de Katie
King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)
Observação:
Para acessar a Parte 9 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/blog-post_23.html
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