Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 8
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Antes de ser examinada por William Crookes, a
mediunidade da Srta. Florence Cook havia sido contestada?
B. Além de William Crookes, alguém se manifestou em favor
da idoneidade da médium e da veracidade dos fenômenos?
C. Crookes se convenceu de que a Srta. Florence Cook e a
forma materializada de Katie King eram duas personalidades distintas?
Texto para
leitura
146. Mediunidade da Srta. Florence Cook – Em carta datada de 3 de
fevereiro de 1874, publicada em vários jornais espiritualistas, Crookes
escreveu sobre as controvérsias em torno da mediunidade da Srta. Florence Cook.
Eis, nos itens seguintes, um resumo da carta.
147. Inicialmente diz a missiva:
“Esforcei-me o mais que pude para evitar toda controvérsia, escrevendo ou
falando sobre assunto tão apaixonável quanto os fenômenos chamados espíritas. A
não ser em muito pequeno número de casos, onde a eminente posição dos meus
adversários poderia emprestar ao meu silêncio outros motivos que não os
verdadeiros, não repliquei jamais os ataques e as falsas interpretações que a
minha ligação a essa causa ocasionou contra mim”.
148. Prossegue a carta: “O caso é
outro, entretanto, quando algumas linhas de minha parte puderem, talvez,
afastar uma injusta suspeita atirada sobre alguém; e quando esse alguém é uma
mulher, moça sensível e inocente, cumpre-me o dever especial de empregar a
autoridade do meu testemunho em favor dela, que creio injustamente acusada”.
Ele está referindo-se a Florence Cook.
149. Disse então o eminente
pesquisador que entre todos os argumentos apresentados de um e outro lado,
relativamente aos fenômenos obtidos pela mediunidade da Srta. Cook, viu poucos
fatos estabelecidos de maneira a conduzir o leitor desprevenido a dizer:
“Enfim, eis uma prova absoluta!”
150. O que ele via eram fortes
asserções, muita exageração não intencional, conjeturas e suposições sem fim,
não poucas insinuações de fraude, um pouco de gracejo vulgar, mas ninguém se
apresentava com afirmações positivas, baseadas na evidência dos seus próprios
sentidos, de que, quando a forma que se denomina Katie King está na sala, o
corpo da Srta. Cook está nesse mesmo momento no gabinete.
151. Crookes tinha esperança de que
alguns dos amigos da Srta. Cook, que acompanharam as suas sessões quase desde o
começo e que parecem ter sido altamente favorecidos nas provas que receberam,
tivessem dado, antes dele, testemunhos em seu favor. Mas, na falta das
testemunhas que seguiram esses fenômenos desde o seu começo, havia cerca de
três anos, decidiu expor um fato verificado em uma sessão para a qual ele fora
convidado, a pedido da Srta. Cook, e que se realizou alguns dias depois do
desagradável acontecimento que deu origem às controvérsias a que ele se
reportara.
152. Eis como William Crookes relatou
os fatos:
“A sessão realizava-se na casa do Sr. Luxmoore
e o gabinete era uma sala afastada, separada por uma cortina da sala da frente
onde se achavam os assistentes.
Tendo sido preenchida a formalidade
ordinária de examinar a sala e as fechaduras, a Srta. Cook penetrou o gabinete.
Pouco tempo depois, a forma de Katie
apareceu ao lado da cortina, mas retirou-se logo, dizendo que o fazia porque
haveria perigo em se afastar do seu médium visto que este não se achava bem e
não poderia ser lançado em sono suficientemente profundo.
Eu estava colocado a alguns pés da
cortina, atrás da qual a Srta. Cook se achava sentada, tocando-a quase, e podia
frequentemente ouvir os seus gemidos e suspiros, como se ela sofresse. Esse
mal-estar continuou por intervalos, durante quase toda a sessão, e uma vez,
quando a forma de Katie estava diante de mim, na sala, ouvi distintamente o som
de um suspiro doloroso, idêntico aos que a Srta. Cook tinha feito ouvir, por
intervalos, durante todo o tempo da sessão e que vinha de trás da cortina onde
ela devia estar sentada.
Confesso que a figura era
surpreendente na sua aparência de vida e de realidade, e tanto quanto eu podia
ver, à luz um pouco fraca, os seus traços assemelhavam-se aos da Srta. Cook;
mas, entretanto, a prova positiva, dada por um dos meus sentidos, pois que o
suspiro vinha da Srta. Cook, no gabinete, enquanto a figura estava fora dele,
esta prova é muito forte para ser destruída por simples suposição do contrário,
mesmo bem sustentada.
Os leitores conhecem-me, e
naturalmente crerão, espero, que não adotarei precipitadamente uma opinião, nem
que lhes pedirei para estarem de acordo comigo, apresentando eu uma prova insuficiente.
É talvez muita ousadia pensar que o pequeno incidente que mencionei tenha para
eles o mesmo valor que teve para mim; entretanto, pedirei isto: Que aqueles que
se inclinam a julgar severamente a Srta. Cook suspendam o seu juízo até que eu
apresente uma prova cabal que, acredito, será suficiente para resolver a
questão.
Presentemente, a Srta. Cook
consagra-se exclusivamente a uma série de sessões particulares, às quais não
assistem senão um ou dois dos meus amigos e eu; essas sessões se prolongarão
provavelmente durante alguns meses e tenho a promessa de que toda prova, que eu
desejar, me será dada. Essas sessões não se vêm realizando senão há algumas
semanas, mas já as houve suficientes para me convencerem plenamente da
sinceridade e da honestidade perfeita da Srta. Cook, e para me darem todo o
fundamento de acreditar que as promessas que Katie tem feito, tão livremente,
serão cumpridas.
Agora, o que peço é que os leitores
não presumam precipitadamente que tudo o que à primeira vista parece duvidoso
importe necessariamente numa decepção e que suspendam o seu juízo até que eu
lhes fale de novo a respeito desses fenômenos.” (William Crookes, 3 de
fevereiro de 1874.)
153. Formas de Espíritos – Em uma carta posterior à reproduzida no item
anterior, Crookes lembra aos leitores dos jornais que a publicaram ter pedido
naquela oportunidade que as pessoas suspendessem o seu juízo sobre a
mediunidade da Srta. Florence Cook até que ele lhes apresentasse uma prova
cabal, suficiente para resolver a questão.
154. Ele afirmou então que naquela
carta havia descrito um incidente que, em sua opinião, era muito próprio para o
convencer de que Katie e a Srta. Cook eram dois seres materiais distintos. E
declarou: “Considero-me feliz por dizer que obtive, enfim, a prova cabal de que
falava na carta supramencionada”.
155. Por enquanto ele não se referiria
à maior parte das provas que Katie lhe havia fornecido nas sessões realizadas
em sua casa, mas descreveria somente uma ou duas das sessões que se realizaram
recentemente.
156. Desde algum tempo – disse Crookes
– fazia ele experiências com uma lâmpada fosforescente, que consistia em uma
garrafa de 6 ou 8 onças que continha um pouco de óleo fosforado e estava
solidamente arrolhada. Ele tinha razões para esperar que, à luz dessa lâmpada,
alguns dos misteriosos fenômenos do gabinete pudessem tornar-se visíveis e
Katie King também esperava obter o mesmo resultado.
157. No dia 12 de março, durante uma
sessão em sua casa e depois de Katie ter andado entre as pessoas presentes e
ter falado durante algum tempo, ela se retirou para trás da cortina que
separava o seu laboratório, onde os assistentes estavam sentados, de sua
biblioteca, que temporariamente servia de gabinete.
158. Um momento depois ela reapareceu
à cortina e chamou-o, dizendo: “Entre no aposento e levante a cabeça da médium;
ela escorregou para o chão”. Katie estava então em pé, diante de mim, trajada
com seu vestido branco habitual e trazia um turbante. Imediatamente ele
dirigiu-se à biblioteca para levantar a Srta. Cook, e Katie deu alguns passos
de lado para o deixar passar.
159. Com efeito, a Srta. Cook tinha
escorregado um pouco de cima do canapé e sua cabeça pendia em uma posição muito
penosa. Ele tornou a pô-la no canapé e fazendo isso teve, apesar da escuridão,
a viva satisfação de verificar que a Srta. Cook não estava trajada com o
vestuário de Katie, visto que trazia sua vestimenta ordinária de veludo preto e
se achava em profunda letargia. Não decorreu mais que três segundos entre o
momento em que ele viu Katie de vestido branco diante dele e aquele em que
colocou a Srta. Cook no canapé, tirando-a da posição em que se achava.
160. Assim que Crookes voltou ao seu
posto de observação, Katie apareceu de novo e disse que pensava poder
mostrar-se a ele, ao mesmo tempo em que a sua médium. Abaixou-se o gás e ela
lhe pediu a lâmpada fosforescente. Depois de ter-se mostrado à claridade
durante alguns segundos, restituiu-a, dizendo: “Agora, entre e venha ver a
minha médium”.
Respostas às
questões preliminares
A. Antes de ser examinada por William Crookes, a
mediunidade da Srta. Florence Cook havia sido contestada?
Sim. Em carta datada de 3 de fevereiro
de 1874, publicada em vários jornais espiritualistas, Crookes referiu-se ao
fato e deu seu testemunho em favor de Florence Cook, que ele entendia estava
sendo injustamente acusada. Na carta, pediu aos que julgavam severamente a
médium que suspendessem seu juízo até que ele pudesse apresentar uma prova
cabal que, na sua visão, seria suficiente para resolver a questão. (Fatos Espíritas – Mediunidade da Srta. Florence Cook.)
B. Além de William Crookes, alguém se manifestou em favor
da idoneidade da médium e da veracidade dos fenômenos?
Parece que não, porque Crookes diz ter
tido esperança de que alguns dos amigos da Srta. Cook, que acompanharam as suas
sessões quase desde o começo e que parecem ter sido altamente favorecidos nas
provas que receberam, tivessem dado, antes dele, testemunhos em seu favor. Como
isso não ocorreu, ele decidiu então expor em sua carta um fato verificado na
primeira sessão de que participou, a convite da própria Srta. Cook, do qual
saiu bastante impressionado. (Obra citada – Mediunidade da Srta. Florence
Cook.)
C. Crookes se convenceu de que a Srta. Florence Cook e a
forma materializada de Katie King eram duas personalidades distintas?
Sim. Para ele, Katie e a Srta. Cook
eram dois seres materiais distintos. “Considero-me feliz por dizer que obtive,
enfim, a prova cabal de que falava na carta supramencionada”, declarou em uma
carta posterior à primeira, publicada igualmente em vários jornais
espiritualistas. Ele se referia, então, a uma sessão realizada no dia 12 de
março em sua casa. (Obra citada – Formas de Espíritos.)
Observação:
Para acessar a Parte 7 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/fatos-espiritas-william-crookes-parte-7.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário