quinta-feira, 8 de julho de 2021

 



 O Céu e o Inferno


Allan Kardec

 

Parte 15 e final

 

Concluímos hoje o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para complementar o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.

Eis as questões de hoje:

 

113. Qual é a importância da fé no tratamento dos doentes?

A fé é essencial para se conseguir o resultado desejado. É preciso ter confiança em Deus e procurar inspirar aos pacientes uma fé sincera, pois de outro modo nada se conseguirá. Disse Juliana Maria: “Quando implorares permissão a Deus para que os bons Espíritos te transmitam fluidos benéficos, se não sentires um estremecimento involuntário, é que a tua prece não foi bastante fervorosa para ser ouvida”. É somente nessas condições que a prece pode tornar-se valiosa. (O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap. VIII, Juliana Maria, a mendiga, primeira pergunta.)

114. Há algum sentido ou objetivo na vida das pessoas desprovidas de qualquer recurso material, como os mendigos? 

É evidente que sim. Os exemplos de Juliana Maria e Max, narrados nesta obra, são prova disso. Juliana disse que voltara à Terra com a prova da pobreza para punir-se do vão orgulho com o qual repelia os pobres e os miseráveis. Passou desse modo pela pena de talião, fazendo-se a mais horrenda mendiga de seu país, mas sem queixumes suportou a provação, pressentindo uma vida melhor, da qual não mais tornaria ao mundo do exílio e da calamidade. Max fora, em existência anterior, um rico e poderoso senhor na mesma região onde renasceu na miséria. Orgulhoso de sua nobreza, a fortuna fora a sua perdição, resultado de uma vida de prazeres, de jogos, de orgias, na qual seus vassalos eram por ele espezinhados e oprimidos. Depois de longo sofrimento na vida espiritual, Max reencarnou numa família de burgueses pobres. Ainda criança, perdeu os pais e ficou desamparado e só no mundo. Aos 40 anos ficou totalmente paralítico, sendo-lhe preciso daí por diante mendigar por mais de 50 anos, nas mesmas terras em que fora antes absoluto senhor. Ao retornar ao mundo espiritual, estava redimido e feliz por haver suportado com dignidade e resignação a provação recebida. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, Max e Juliana Maria, segunda comunicação.)

115. A abnegação que certas pessoas têm para com seus patrões pode ter por ascendentes relações de vidas passadas? 

Sem dúvida, pois pelo menos esse é o caso comum. Às vezes, essas pessoas, hoje na posição de subalternidade, são membros da mesma família, ou, como no caso narrado nesta obra, escravos do reconhecimento que procuram saldar uma dívida, ao mesmo tempo concorrendo para que progridam por sua dedicação. Poucos compreendem os efeitos da simpatia que a anterioridade de relações produz no mundo em que vivemos. A morte em absoluto não interrompe essas relações, que podem perpetuar-se por séculos e séculos. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, História de um criado e Adelaide Margarida Gosse.)

116. Por que ocorrem sofrimentos atrozes e aparentemente injustos sobre pessoas boas e honradas? 

Não existem injustiças nas leis de Deus. Os próprios Espíritos revelam a causa desses sofrimentos que nos parecem injustos quando acometem pessoas boas e honradas. Antônio B. descreveu sua provação atribuindo-a a uma punição de cruel e feroz existência! Disse ele: “Que vale uma existência diante da eternidade?! Certo, procurei ser honesto e bom na minha última encarnação, mas eu aceitara um tal epílogo previamente, isto é, antes de encarnar”. É que, em existência anterior, havia enterrado viva sua própria esposa, sofrendo então a pena de talião, um procedimento conhecido e adequado em um mundo de provas e expiações como é a Terra. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, Antonio B..., perguntas 7 e 8.)

117. Que ocorre ao Espírito culpado quando lhe falta resignação ante os sofrimentos?

Ele terá de recomeçar a prova ou a expiação, porque a falta de resignação esteriliza o sofrimento. Este torna-se, então, inútil. É preciso que compreendamos que na vida tudo tem sua razão de ser: não há um só dos nossos sofrimentos que não corresponda aos sofrimentos por nós causados; não há um só dos nossos excessos que não tenha por consequência uma privação; não há uma só lágrima a destilar dos olhos que não seja destinada a lavar uma falta, um crime qualquer. Devemos, pois, suportar com paciência e resignação as dores físicas e morais, por mais cruéis que elas se nos afigurem. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, Um sábio ambicioso.)

118. Por que existem na Terra os idiotas e excepcionais?

Os idiotas, que hoje chamamos de excepcionais ou especiais, são seres castigados pelo mau uso de poderosas faculdades; almas encarceradas em corpos cujos órgãos impotentes não podem exprimir seus pensamentos. Esse mutismo moral e físico constitui uma das mais cruéis punições terrenas, muitas vezes escolhidas por Espíritos arrependidos e desejosos de resgatar suas faltas. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, Carlos de Saint-G...)

119. Qual é a explicação da existência de sofrimentos penosos numa criança?

Faltas anteriores, expiação; mas pode ser também uma prova para seus pais, como ocorreu com Ana Bitter, que serviu como instrumento da provação de seu pai, o qual, ao vê-la sofrendo, sofria mais do que ela mesma. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, Clara Rivier e Ana Bitter.)

120. Que pode haver de útil na vida de um cego?

Segundo José Maître, que experimentou a condição da cegueira, como expiação de faltas cometidas no passado, o insulamento decorrente da cegueira lhe foi proveitoso, porque durante a longa noite silenciosa sua alma mais livremente se alçava ao Eterno, entrevendo o infinito pelo pensamento. Quando, por fim, terminou o exílio, o mundo espiritual só lhe proporcionou esplendores, inefáveis gozos. Segundo Francisca Vernhes, que também fora cega, os cegos têm, ordinariamente, outros sentidos, se assim se pode dizer. A observação não é uma das menores faculdades da sua natureza. A memória lhes é qual armário onde se colocam coordenados, e para sempre, os ensinos referentes às suas aptidões e tendências. E porque nada do exterior pode perturbar essa faculdade, o seu desenvolvimento pode ser notável, pela educação. (Obra citada, Segunda Parte, cap. VIII, Francisca Vernhes e José Maître, o cego.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/blog-post.html

 

 

 

 

 

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