ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@gmail.com
Alguém nos pergunta sobre o que o Espiritismo nos diz sobre a cremação dos mortos.
É lícita a cremação do corpo? Devemos ter algum cuidado, observar algum detalhe?
O tema cremação – que significa incineração – não foi examinado
nas obras de Kardec, um fato estranhável, visto que a incineração de cadáveres
humanos remonta à antiguidade e constituiu regra comum na Grécia primitiva e
entre os romanos, sendo ainda hoje um costume em várias regiões do globo, como
a Índia.
Não examinada por Kardec, a cremação suscitou no meio espírita posições
que se contradizem.
Léon Denis, por exemplo, aponta nela uma desvantagem, pois que,
extinguindo o corpo físico pela ação do fogo, a cremação provoca desprendimento
mais rápido, mais brusco e violento do Espírito, sendo mesmo doloroso para as
almas apegadas à Terra.
Com efeito, determinados Espíritos permanecem algum tempo
imantados ao corpo material após o transe da morte, como ocorre em muitos casos
de suicídio. Como o rompimento do cordão fluídico nem sempre se consuma num
curto espaço de tempo, o desencarnado se assemelha a um morto-vivo cuja
percepção sensória, para sua desventura, continua presente e atuante. A
cremação viria, assim, causar-lhe um angustiante trauma, o que equivaleria a
aumentar a aflição a quem já se encontra aflito.
Ao se manifestar sobre o tema, Richard Simonetti disse que, embora
o cadáver não transmita sensações ao Espírito desencarnante, este poderá
experimentar "impressões extremamente desagradáveis" se no ato
crematório estiver ainda ligado ao corpo.
No mesmo sentido era a opinião de Paul Bodier, médico e escritor
francês que foi também presidente da Sociedade Francesa de Estudos Psíquicos e
autor de obras como “A Vida e a Morte” e “A Granja do Silêncio”. Segundo
Bodier, "a incineração, tal como se pratica entre nós, é, com efeito,
prematura demais". Talvez, por isso, entendia ele que a inumação – enterro,
sepultamento – devesse ser o processo normal, só se cremando os cadáveres com
sinais evidentes de putrefação.
Dentre as manifestações sobre o tema oriundas do plano espiritual,
lembremos que Emmanuel se referiu à cremação durante a exibição do programa
Pinga-Fogo na TV Tupi-SP, realizado em 1971, quando – segundo depoimento de
Chico Xavier – afirmou que "a cremação é legítima para todos aqueles que a
desejam, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de expectação para
a ocorrência em qualquer forno crematório".
Vê-se, pois, segundo o entendimento de Emmanuel, que a cremação do
corpo é lícita e não fere nenhum princípio de ordem moral ou religiosa, mas dois
aspectos devem ser ressaltados na manifestação a ele atribuída.
O primeiro: é preciso que o indivíduo manifeste seu desejo de ter
o corpo cremado, evitando-se assim que seja essa uma decisão apenas de seus
familiares, à revelia do principal interessado, que é o falecido.
O segundo: que exista um prazo mínimo de espera entre a morte do
corpo e o ato da cremação, que Emmanuel fixou em 72 horas, que é um tempo
razoável capaz de evitar, em grande número de casos, o trauma mencionado por
Léon Denis.
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O problema não é meio que se dá ao corpo sem vida. Enterrar ou cremar é problemático quando se vive apegando-se aos valores materiais o que dificulta a desvinculação do Espírito, seja por que meio for.
ResponderExcluirAstolfo, como sempre seus estudos nos beneficiam demais, nos favorece uma escolha com segurança. Obrigada meu amigo.
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