domingo, 27 de outubro de 2024

 



A doutrina das penas eternas é um equívoco

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Embora ensinadas pela doutrina católica, as penas eternas não existem e é exatamente por isso que o Espiritismo não as admite.

A tese da eternidade das penas reservadas àqueles que infringem as leis do bem e do amor, tanto quanto a existência do inferno, não resistem a uma análise objetiva.

O raciocínio lógico conduz-nos à seguinte premissa: Se o Espírito sofre em função do mal que praticou, sua infelicidade deve ser proporcional à falta cometida.

Devemos considerar também que a condenação perpétua não se coaduna com a ideia cristã da sublimidade da justiça e da misericórdia divinas. Jesus deu testemunho da bondade e do amor de Deus, ao afirmar que o Pai celeste não quer que pereça um só de seus filhos.

O Criador é, como ensinado no Espiritismo, um ser infinito em suas perfeições, pois é filosoficamente impossível conceber Deus de outra maneira, uma vez que, se Ele não apresentasse infinita perfeição, poderíamos conceber outro ser que lhe fosse superior.

Sendo, pois, infinitamente sábio, justo e misericordioso, não podemos crer que o Pai celeste tenha criado pessoas para serem eternamente desgraçadas em virtude de uma falta ou de um erro passageiro, derivados evidentemente de sua própria imperfeição.

Alguém, no entanto, certamente questionará: - Se as penas eternas são uma ficção, por que tal doutrina se encontra consubstanciada na teologia católica?

A doutrina da eternidade das penas surgiu das ideias primitivas que conceberam a existência de um Deus irado e vingativo, a quem o homem atribuiu características puramente humanas. O fogo eterno é uma figura de que se utilizou para materializar a ideia do inferno, com vistas a ressaltar a crueldade da pena, no pressuposto de que o fogo é o suplício mais atroz e que produz o tormento mais efetivo.

É provável que em certo período da história da Humanidade a doutrina das penas eternas tenha sido eficaz para controlar as paixões de criaturas ainda imperfeitas, mas é evidente que ela não mais serve ao homem da atualidade, que nela não consegue vislumbrar sentido lógico.

Jesus valeu-se, é verdade, das figuras do inferno e do fogo eterno para pôr-se ao alcance da compreensão dos homens de sua época. As imagens fortes que utilizou eram, então, necessárias para impressionar a imaginação de indivíduos que pouco entendiam das coisas do Espírito e cuja realidade estava mais próxima da matéria e dos fenômenos que lhes impressionavam os sentidos físicos.

Mas não podemos ignorar que foi ele quem enfatizou a ideia de que Deus é Pai misericordioso e bom e declarou, de forma peremptória, que das ovelhas que o Pai lhe confiou nenhuma se perderia.

Além disso, as manifestações espíritas mostraram – e continuam a mostrar – que a vida prossegue além-túmulo e que todos, mesmo os maiores criminosos, recebem de Deus seguidas oportunidades de se redimirem e assim voltarem ao caminho que nos levará à perfeição, que é a meta que o Deus estabeleceu para todos nós.

 

 

 

 

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