domingo, 20 de outubro de 2024

 



O aborto na visão dos instrutores espirituais

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

O aborto praticado nos casos de anencefalia é, como sabemos, permitido no Brasil, mas os ensinos espíritas não o aconselham.

Os instrutores desencarnados – especialmente os que colaboraram na construção da doutrina espírita – entendem que, excetuado o abortamento realizado para salvar a vida da gestante, essa prática constitui crime contra a vida e, como tal, severamente punida pelas Leis de Deus.

No caso da anencefalia é um equívoco imaginar que a criança vá nascer e morrer em seguida, pois existem inúmeros casos em que a criança, embora sem ter o cérebro inteiramente formado, vive por vários anos, o que implica dizer que ninguém sabe exatamente – inclusive os médicos – o que ocorrerá depois do parto. O que não suscita dúvida é o fato de que, durante a gestação, existe no ventre da mulher um ser vivo, individual, com características próprias, e não um simples apêndice do corpo da gestante.

Joanna de Ângelis, mentora espiritual do conhecido orador e médium Divaldo Franco, afirma em seu livro Alerta, cap. 22, que na maioria dos casos de aborto a expulsão do corpo em formação de forma nenhuma interrompe as ligações Espírito-a-Espírito, entre a gestante e o filho rejeitado. Devido a isso, sem compreender a ocorrência, ou percebendo-a em desespero, o ser espiritual expulso agarra-se às matrizes orgânicas e termina por lesar a aparelhagem genital, dando gênese a doenças de etiologia complicada, tanto quanto a variadas formas de obsessão.

Alegam as pessoas favoráveis ao aborto no caso de anencefalia que, ainda que viva por alguns anos, a criança terá apenas vida vegetativa. Ora, muitos adultos vitimados por acidentes automobilísticos, e mesmo por derrames, passam também a ter somente vida vegetativa. Deveremos então matá-los?

Percebe-se, em face desse pensamento, que a admissão do aborto em casos assim é um passo largo em direção à legalização da eutanásia, como já se deu, por exemplo, na Holanda. Mas os médicos não podem, em sã consciência, aliar-se a condutas desse nível, porque sua missão é salvar a pessoa enferma, não exterminá-la.

Lembremos, por fim, que toda pessoa é constituída de três elementos: a alma, o corpo espiritual (que no Espiritismo é chamado de perispírito) e o corpo material. Muitas lesões neste último são geralmente a consequência de atos cometidos pela pessoa em existências pretéritas, sobre o que há na literatura espírita farta descrição.

Referindo-se a alguém que se matou dando um tiro na cabeça, Emmanuel afirma que, para reparar os danos causados, o Espírito necessitará de duas ou mais existências corpóreas, sem as quais a lesão no corpo espiritual persistirá. Se, em sua tentativa de reencarnar, o fato for obstado por um abortamento, é fácil compreender as consequências disso para o Espírito expulso e, obviamente, para a pessoa que optou pela infeliz prática.

 

 

 

 

 

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