terça-feira, 3 de dezembro de 2024

 



Espírito, antes de tudo

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

O espírito se sente mais completo e feliz quando está em harmonia com a essência universal. A vivência ganha sentido, alegria, esperança; há mais coerência para viver como realmente se deve, como espíritos eternos. Se estamos, assim, harmonizados, os fatores materiais também são mais valorizados e ainda necessitados , porém se estamos isentos do alimento para a nossa essência, nem a maior riqueza material trará ínfima alegria nos dias.

O céu, o pôr do sol e o amanhecer, as nuvens, a lua, se o espiritual não for priorizado, nem uma dessas observações nem um milhão de outras serão percebidas, tampouco admiradas. O espírito anseia pela simplicidade, primeiro nome da nobreza, pois as atitudes simples carregam os mais elevados sentimentos. E esse nobre comportamento se dá em hierarquias sociais e culturais, indistintamente, é sempre o estágio espiritual que determinará o seu desenvolvimento.

Pode-se encontrar um homem ignorante dos conhecimentos materiais e científicos, no entanto pode já possuir uma luz que se propaga a encantadoras distâncias. Pode-se ainda um homem com toda bela criação terrena, mas não ser capaz de amparar nem mesmo uma plantinha ou animalzinho. Alimentar o corpo com energia benéfica e material e nutrir o espírito com toda energia transcendente espiritual é a adequada sabedoria que cria o progresso.

O crescimento ocorre quando o alimento é apropriado; não se alimenta um bebê com comida de adulto nem um jovem com papinhas de bebê; não se ensina num curso de graduação um conteúdo irrisório e descontextualizado; não se criam, em qualquer tempo, mensagens sérias sobre como viver de maneira coerente, porque o Evangelho já traz as leis universais e morais que transcendem tempo e espaço. Ou seja, para tudo há uma sábia referência.

Como seres espirituais antes de qualquer outra denominação , necessitamos dos nutrientes para o fortalecimento e desenvolvimento de nosso espírito. E à medida que mais o fortalecemos, mais o verdadeiro sentido da vida incorpora em nós.

E todos os simples e belos acontecimentos serão percebidos; o nosso olhar será mais otimista e iluminado; o nosso coração, feliz e não mais ansioso , sentirá o pulsar da vida universal; e nós, naturalmente, estaremos mais próximos de Deus.

Primeiro, o mundo espiritual, e tudo mais nos será acrescentado.

 

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

 



A escolha do Senhor

 

Irmão X (Espírito)

 

Conta-se que alguns apóstolos do bem tanto se ergueram na virtude que, pela extrema sublimação de suas almas, conseguiram atingir o limiar do Santuário Resplendente do Cristo.

Voltariam ao mundo, no prosseguimento da obra de amor em que se entrosavam, no entanto, convocados pelos poderes angélicos, poderiam excursionar felizes pelas vizinhanças do Lar Divino.

Bem-aventurados pela glória e pela bondade, constituíam provisoriamente no Céu toda uma assembleia de beleza e sabedoria.

Missionários ocidentais ostentavam dalmáticas imponentes, lembrando as instituições religiosas a que haviam pertencido, enquanto que os santos do Oriente exibiam túnicas liriais. Veneráveis sacerdotes das igrejas católicas e protestantes confundiam-se com patriarcas judeus e budistas. Admiráveis seguidores de Confúcio e insignes devotos de Maomé entendiam-se uns com os outros.

Muito acima das interpretações humanas, tendentes à discórdia, alcançavam, enfim, a suprema união na esfera dos princípios.

Exornava-se cada um com a mensagem simbólica dos templos que haviam representado. Anéis, cruzes, báculos, auréolas, colares, medalhas e outras insígnias preciosas destacavam-se do linho e da púrpura, da seda e do ouro, faiscando ao sol em que se banhavam.

Entretanto, um deles destoava do brilhante conjunto.

Era um antigo servidor do deserto que não se filiara a igreja alguma. Ibraim Al-Mandeb fora apenas devotado irmão dos infelizes que vagueavam nas planícies arenosas da Arábia. Não possuía qualquer sinal que o recomendasse ao respeito e à consideração. Trazia os pés descalços, em chaga e pó. Na veste rota, mostrava as manchas sanguinolentas das crianças feridas que havia conchegado de encontro ao peito. As mãos magras e hirsutas pareciam forradas em couro de camelo, tão calejadas se achavam no rude trabalho de assistência aos viajantes perdidos. Os cabelos grisalhos e imundos falavam de longas peregrinações sob a tempestade, e o rosto enrugado e rijo era a pesada moldura de dois olhos belos e lúcidos, mas encovados e tristes, guardando pavorosas visões das dores alheias que ele havia socorrido, abnegado e atento.

Isolado no festim, o ancião notou que dois anjos examinavam a assembleia, fazendo anotações num pergaminho celestial.

Depois de analisarem todos os circunstantes, um por um, abeiraram-se dele, estranhando-lhe a desagradável presença.

— Amigo — interrogou um dos emissários —, a que igreja pertenceste na Terra?

— Para que a pergunta? — inquiriu o forasteiro com humildade.

— O Senhor deseja entender-se com um dos visitantes do Lar Divino e estamos relacionando, por ordem, os nomes daqueles que mais profundamente o amaram no mundo…

— Não se preocupem então comigo! — clamou o anônimo beduíno. — Nunca pude consagrar-me ao culto do Senhor e sinceramente ignoro por que razão fui guindado até aqui, quando não posso ter lugar entre os eleitos da fé.

— Que fizeste entre os homens?

— Que o Senhor me perdoe a ingratidão e a dureza — suspirou o velhinho —, mas o sofrimento de meus irmãos não me deu oportunidade de pensar nele… Nunca pude refletir na sublimidade do Paraíso, porque o deserto estava cheio de aflição e lágrimas!…

Vendo que o estranho peregrino prorrompera em pranto, o anjo que se mantivera silencioso opinou, compreensivo:

— Em verdade, não podemos situar-te na relação dos que amaram o Benfeitor Eterno, mas colocaremos teu nome no pergaminho, como alguém que amou imensamente os semelhantes.

O ancião, mergulhando a cabeça nas mãos ossudas, soluçou reconhecido, enquanto os companheiros presentes comentavam o estranho procedimento daquele que fizera bem sem se lembrar sequer da existência de Deus. Contudo, depois de longos minutos de expectação, vasto grupo de mensageiros divinos penetrou o átrio engalanado de flores, em cânticos de júbilo, trazendo larga faixa com um nome grafado em caracteres de luz.

Era o nome do velho Ibraim Al-Mandeb. Pretendia o Senhor conversar com ele.

 

 

Do livro Contos e apólogos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

 

 

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domingo, 1 de dezembro de 2024

 



Opor obstáculos à volta de um Espírito a um corpo de carne é um equívoco

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Há países cuja legislação autoriza que o governo exerça um controle de natalidade rigoroso. Em face da lei natural, essa prática gera algum comprometimento espiritual? E para as famílias que moram nesses países, a medida ocasiona algum prejuízo de natureza espiritual?

A questão é complexa e é difícil afirmar quais são as consequências espirituais de políticas desse nível, geralmente ligadas a razões econômicas ou políticas.

Mas, se o chamado Planejamento Familiar é algo compreensível e perfeitamente aceito pelos instrutores espirituais, o mesmo não se pode dizer do Controle de Natalidade.

Com referência do Planejamento Familiar, Joanna de Ângelis legou-nos no seu livro Após a Tempestade, cap. 10, psicografado pelo médium Divaldo Franco, um texto que vale a pena ser lido e meditado.

O homem – assevera Joanna – pode e deve programar a família que deseja e lhe convém ter, o número de filhos que considere ideal, bem como o período propício para a maternidade; contudo jamais se eximirá aos imperiosos resgates a que faz jus, tendo em vista o seu próprio passado.

O principal motivo é que os filhos não são realizações fortuitas. Procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros genitores, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria evolução.

É, pois, lícito aos casais adiar a recepção de Espíritos que lhes são vinculados, impossibilitando mesmo que reencarnem por seu intermédio. As Soberanas Leis da Vida dispõem, porém, de meios para fazer que aqueles rejeitados venham por outros processos à porta dos seus devedores ou credores, em circunstâncias talvez mui dolorosas, complicadas pela irresponsabilidade dos cônjuges que ajam com leviandade, em flagrante desconsideração aos códigos divinos.

Sobre o Controle da Natalidade, vale a pena recordar a resposta dada pelos Instrutores Espirituais à seguinte pergunta formulada por Allan Kardec: “São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução?”.

Responderam os imortais: “Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral” (O Livro dos Espíritos, questão 693).

Na obra Entrevistas, pergunta 102, escreveu Emmanuel: “Não acreditamos que a coletividade humana esteja, por enquanto, habilitada espiritualmente a controlar o renascimento na Terra sem prejudicar seriamente o desenvolvimento da lei de provas purificadoras”.  

Em face das considerações acima, tão claras em suas premissas, seria melhor que ninguém – nem os casais, nem os governantes – opusesse obstáculos à volta dos Espíritos a um corpo de carne, pois o espírita não ignora a importância do processo reencarnatório no progresso dos Espíritos e do próprio mundo em que vivemos.

O Controle de Natalidade impõe, obviamente, sério entrave às pessoas por ele atingidas e constitui um ponto negativo na vida de todos aqueles que forem responsáveis por sua adoção, sujeitando-os a sanções que muito lamentarão no futuro. E a mesma observação podemos fazer a respeito das pessoas que, mesmo não tendo filho algum, têm buscado o recurso da laqueadura com o objetivo claro de evitar a gravidez, sem indicações médicas que justifiquem tal medida.

 

 

 

 

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