Roteiro
Emmanuel
20
Evangelho e dinamismo
Desde os primórdios da organização religiosa no mundo, há quem estime a vida contemplativa absoluta por introdução imprescindível às alegrias celestiais.
Cristalizado
em semelhante atitude, o crente demanda lugares ermos como se a solidão fosse
sinônimo de santidade.
Poderá,
contudo, o diamante fulgurar no mostruário da beleza, fugindo ao lapidário que
lhe apura o valor?
Com
o Cristo, não vemos a ideia de repouso improdutivo como preparação do Céu. Não
foge o Mestre ao contato com a luta comum. A Boa Nova em seu coração, em seu
verbo e em seus braços é essencialmente dinâmica.
Não
se contenta em ser procurado para mitigar o sofrimento e socorrer a aflição. Vai,
Ele mesmo, ao encontro das necessidades alheias, sem alardear presunção.
Instrui
a alma do povo, em pleno campo, dando a entender que todo lugar é sagrado para
a Divina Manifestação. Não adota posição especial, a fim de receber os doentes
e impressioná-los.
Na
praça pública, limpa os leprosos e restaura a visão dos cegos. À beira do lago,
entre pescadores, reergue paralíticos. Em meio da multidão, doutrina entidades
da sombra, reequilibrando obsidiados e possessos.
Mateus,
no capítulo nove, versículo trinta e cinco, informa que Jesus “percorria todas
as cidades e aldeias, ensinando nos templos que encontrava, pregando o
Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades que assediavam o povo”.
Em
ocasião alguma o encontramos fora de ação. Quando se dirige ao monte ou ao
deserto, a fim de orar, não é a fuga que pretende e sim a renovação das
energias para poder consagrar-se, mais intensamente, à atividade.
Certamente,
para exaltar os méritos do Reino de Deus, não se revela pregoeiro barato da
rua, mas afirma-se, invariavelmente, pronto a servir.
Atencioso,
presta assistência à sogra de Pedro e visita, afetuosamente, a casa de Levi, o
publicano, que lhe oferece um banquete.
Não
impõe condições para o desempenho da missão de bondade que o retém ao lado das
criaturas.
Não
usa roupagens especiais para entender-se com Maria de Magdala, nem se
enclausura em preconceitos de religião ou de raça para deixar de atender aos
doentes infelizes.
Seja
onde for, sem subestimar os valores do Céu, ajuda, esclarece, ampara e salva.
Com
o Evangelho, institui-se entre os homens o culto da verdadeira fraternidade.
O
Poder Divino não permanece encerrado na simbologia dos templos de pedra. Liberta-se.
Volta-se para a esfera pública. Marcha ao encontro da necessidade e da
ignorância, da dor e da miséria. Abraça os desventurados e levanta os caídos.
Não
mais a tirania de Baal, nem o favoritismo de Júpiter, mas Deus, o Pai, que,
através de Jesus-Cristo, inicia na Terra o serviço da fé renovadora e dinâmica
que, sendo êxtase e confiança, é também compreensão e caridade para a ascensão
do espírito humano à Luz Universal.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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