Satã, o diabo e os chamados demônios poderão um dia tornar-se
anjos
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Um leitor pergunta-nos o que na doutrina
espírita é dito sobre Satã, o diabo e os chamados demônios.
A questão proposta nos permite falar sobre um livro de
Allan Kardec pouco conhecido até mesmo no meio espírita. Referimo-nos à obra Instruções
Práticas sobre as Manifestações Espíritas, cuja tradução para o idioma
português devemos originalmente a Cairbar Schutel, que a publicou pela Casa
Editora O Clarim.
Eis, de forma resumida, o que Allan Kardec consignou no
citado livro a respeito dos termos mencionados na pergunta:
Diabo – Segundo a crença vulgar, o diabo é um ser real, um anjo
rebelde, chefe de todos os demônios e que tem um poder bastante grande para lutar
contra o próprio Deus. Ele conhece nossos pensamentos mais secretos, insufla
todas as más paixões e toma todas as formas para nos induzir ao mal. Segundo a
doutrina espírita, o diabo é a personificação do mal; é um ser alegórico que
resume em si todas as paixões más dos Espíritos imperfeitos. Seus chifres e a
cauda são o emblema da bestialidade, isto é, da brutalidade e das paixões
animais.
Demônio – Tanto em grego como em latim, o termo demônio se
aplica aos seres incorpóreos, bons ou maus, e que se supõe terem conhecimentos
e poder superiores aos do homem. Nas línguas modernas essa palavra é geralmente
tomada em má acepção, que se restringe aos gênios malfazejos. Os Espíritos
ensinam que Deus, sendo soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres
votados ao mal e desgraçados por toda a eternidade. Segundo eles, não há
demônios na acepção absoluta e restrita desta palavra; há apenas Espíritos
imperfeitos, que podem, sem nenhuma exceção, aperfeiçoar-se por seus esforços e
por sua vontade.
Satanás ou Satã – O termo designa o chefe dos demônios e é, de certo
modo, sinônimo de diabo, com a diferença de que este último vocábulo pertence
mais do que o primeiro à linguagem familiar. Além disso, de acordo com a
teologia católica, Satã é único, o gênio do mal, o rival de Deus. Diabo é um
termo mais genérico, que se aplica a todos os demônios. Existiria, pois, um
único Satã (ou Satanás), mas inúmeros diabos. Segundo a Doutrina Espírita,
Satanás ou Satã não é um ser distinto, pois Deus não tem rival com quem possa
medir-se. Satã é a personificação alegórica do mal e de todos os maus
Espíritos.
*
Resumimos as explicações acima em uma única frase: Os
seres que as religiões dogmáticas chamam de Satã, demônios e diabos são Espíritos
como nós e também, como nós, sujeitos à lei do progresso.
Podemos, então, afirmar que Satã, o diabo e os chamados
demônios, como seres espirituais perfectíveis que são, poderão um dia, em um
futuro próximo ou distante, tornar-se anjos, como é ensinado com absoluta clareza
na questão n. 116 d´O Livro dos Espíritos, abaixo reproduzida:
116. Haverá Espíritos que se conservem
eternamente nas ordens inferiores?
“Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de
ordem, mas demoradamente, porquanto, como já doutra vez dissemos, um pai justo
e misericordioso não pode banir seus filhos para sempre. Pretenderias que Deus,
tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?” (Obra cit.)
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/06/paganismo-e-politeismo-sao-mesma-coisa.html
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