Neio Lúcio (Espírito)
Depois da parábola do bom
samaritano, à noite, em casa de Simão, Tadeu, sinceramente interessado no
assunto, rogou ao Mestre fosse mais explícito no ensinamento, e Jesus, com a
espontaneidade habitual, falou:
— Um homem enfermo jazia no chão, em esgares
de sofrimento, às portas de grande cidade, assistido por pequena massa popular
menos esclarecida e indiferente.
Passou por ali um moço romano de coração generoso,
em seu carro apressado, e atirou-lhe duas moedas de prata, que um rapazelho de
maus costumes subtraiu às ocultas.
Logo após, transitou pelo mesmo local um
venerando escriba da Lei, que, alegando serviços prementes, prometeu enviar
autoridades em benefício do mendigo anônimo.
Quase de imediato, desfilou por ali um
sacerdote que lançou ao viajante desamparado um gesto de bênção e, afirmando
que o culto ao Supremo Senhor esperava por ele, exortou o povo a asilar o
doente e alimentá-lo.
Depois dele, surgiu, de relance, respeitável
senhora, a quem o pobre se dirigiu em comovedora súplica; todavia, a nobre
matrona, lastimando as dificuldades da sua condição de mulher, invocou o
cavalheirismo masculino, para aliviá-lo, como se fazia imprescindível.
Minutos após, um grande juiz varou o mesmo
trecho da via pública asseverando que nomearia testemunhas a fim de saber se o
mísero não seria algum viciado vulgar, afastando-se, lépido, sob o pretexto de
que a oportunidade lhe não era favorável.
Decorridos mais alguns instantes, veio à cena
um mercador de bolsa que, condoído, asseverou a sua carência de tempo e deu
vinte moedas a um homem que lhe pareceu simpático, a fim de que o problema de
assistência fosse resolvido, mas o preposto improvisado era um malfeitor
evadido do cárcere e fugiu com o dinheiro sem prestar o socorro prometido.
O doente tremia e suava de dor, rojado ao pó,
quando surgiu ali velho publicano, considerado de má vida, por não adorar o
Senhor, segundo as regras dos fariseus. Com espanto de todos, aproximou-se do
infeliz, endereçou-lhe palavras de encorajamento e carinho, deu-lhe o braço
levantou-o e, sustentando-o com as próprias energias, conduziu-o a uma
estalagem de confiança, fornecendo-lhe medicação adequada e dividindo com ele o
reduzido dinheiro que trazia consigo. Em seguida, retomou a sua jornada,
seguindo tranquilamente o seu caminho.
Depois de interromper-se, ligeiramente, o
Mestre perguntou ao discípulo:
— Em tua opinião, quem exerceu a caridade
legítima?
— Ah! sem dúvida — exclamou Tadeu,
bem-humorado —, embora aparentemente desprezível, foi o publicano, porquanto,
além de dar o dinheiro e a palavra, deu também o sentimento, o tempo, o braço e
o estímulo fraterno, utilizando, para isso, as próprias forças.
Jesus, complacente, fitou no aprendiz os
olhos penetrantes e rematou:
— Então, faze tu o mesmo. A caridade, por
substitutos, indiscutivelmente é honrosa e louvável, mas o bem que praticamos
em sentido direto, dando de nós mesmos, é sempre o maior e o mais seguro de
todos.
Do livro Jesus no Lar, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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