Roteiro
Emmanuel
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Evangelho e educação
Quando o Mestre confiou ao mundo a divina mensagem da Boa Nova, a Terra, sem dúvida, não se achava desprovida de sólida cultura.
Na Grécia, as artes haviam atingido
luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas preciosas circulavam por toda
parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a religião.
Os
escritores possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos
conservavam tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava
a instrução, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em lamentável
pobreza. O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum. A mulher, aviltada
em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos
cavalos.
Homens
de consciência enobrecida, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de
raça, eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão,
anotados como animais. Os pais podiam vender os filhos. Era razoável cegar os
vencidos e aproveitá-los em serviços domésticos.
As
crianças fracas eram, quase sempre, punidas com a morte. Enfermos eram
sentenciados ao abandono. As mulheres infelizes podiam ser apedrejadas com o
beneplácito da justiça. Os mutilados deviam perecer nos campos de luta,
categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer
tirano desfrutava o direito de reduzir os governados à extrema penúria, sem ser
incomodado por ninguém. Feras devoravam homens vivos nos espetáculos e
divertimentos públicos, com aplauso geral. Rara a festividade do povo que
transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como impositivo natural dos
costumes.
Com
Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento.
Condenado
ao supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para aqueles
que o vergastavam e feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições
espirituais.
Iluminados
pela Divina Influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes.
Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados. Instituem-se
casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o
espírito popular.
Pouco
a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos.
Dilacerados
e atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações
sanguinolentas dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas
prisões, os aprendizes do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a
bondade e o amor, a fortaleza moral e a esperança.
Há
grupos de servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação
de numerosos cativos. Senhores da fortuna e da terra, tocados nas fibras mais
íntimas, devolvem escravos ao mundo livre. Doentes encontram remédio, mendigos
acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos são recebidos no lar.
Nova
mentalidade surge na Terra.
O
coração educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida.
A
gentileza e a afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a
inspiração do Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes
aprenderam a encontrar-se com alegria, exclamando, felizes: — “meu irmão”.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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