Aborto? Só o que objetiva salvar a vida da gestante, nenhum
outro
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De vez em quando ouvimos de pessoas que desconhecem o
Espiritismo: Se existe uma programação para a reencarnação, como se explica
a gravidez proveniente de um estupro?
Entendemos, à vista dos ensinamentos espíritas, que
ninguém vem ao mundo para matar, estuprar ou cometer suicídio. Em face disso,
tais ações não fazem parte, com toda a certeza, de nenhuma programação
reencarnatória.
Isso não significa
que as vítimas de um assassínio ou de um estupro tenham passado por essa
situação por mera obra do acaso, porquanto o acaso não existe.
As ações que praticamos
num dado momento apresentarão necessariamente uma reação, e o próprio Cristo a
isso se referiu quando do conhecido episódio narrado no Evangelho de Mateus em
que ele mesmo disse a Pedro: Embainha a tua espada; porque todos os que
lançarem mão da espada, à espada morrerão (Mateus, 26:52).
Em entrevista
publicada na revista O Consolador foi perguntado a Divaldo Franco: – Qual
deve ser, à luz do Espiritismo, a posição de uma jovem e sua família diante de
uma gravidez originada de um estupro?
O conhecido médium
e orador respondeu: “Embora lamentável e dolorosa a circunstância traumática da
ocorrência, é dever da jovem e dos seus familiares manterem a gravidez,
auxiliando o Espírito que se reencarna em situação aflitiva e angustiante.
Compreende-se a dor da vítima e dos seus familiares, no entanto, não se tem o direito
de matar o ser reencarnante que necessita do retorno naquela maneira, a fim de
crescer para Deus. Não raro, esses seres que renascem nessa conjuntura
tornam-se amorosos e profundamente agradecidos àqueles que lhe propiciaram o
recomeço terrestre: a mãe e os familiares”. (1)
Chamamos a atenção
para este trecho da resposta dada por Divaldo: “Não raro, esses seres que
renascem nessa conjuntura tornam-se amorosos e profundamente agradecidos...”.
[Negritamos]
Por que será? Se
não houve programação alguma do estupro contra aquela mulher, que filho é esse
que, anos mais tarde, se revela amoroso e agradecido?
A resposta vamos
encontrar em um texto do Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita,
págs. 91 a 95), que afirma que nenhum Espírito chegará ao processo reencarnatório
sem uma atração específica com sua futura mãe. O mergulho na reencarnação – diz
ele – só se dará quando a sintonia entre mãe e futuro filho estiver
praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a qualidade do reencarnante,
haverá sempre com a mãe correlação de causas, onde ambos lucrarão sempre, no
sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem nas faixas do amor ou do
ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo específico de energias, fará a
seleção do espermatozoide pelas contingências de suas irradiações, adquirindo e
construindo o futuro corpo de acordo com as suas necessidades.
A posição de
Joanna de Ângelis (Após a Tempestade, cap. 10, obra psicografada por
Divaldo P. Franco) não é diferente. Os filhos – diz ela - não são realizações
fortuitas. Procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros
genitores, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria
evolução. Se é lícito a uma pessoa adiar a recepção de Espíritos que lhes são
vinculados, impossibilitando mesmo que se reencarnem por seu intermédio, as
Soberanas Leis da Vida dispõem de meios para fazer com que aqueles rejeitados venham
por outros processos à porta dos seus devedores ou credores, em
circunstâncias talvez mui dolorosas. [Negritamos]
É por isso que, à luz dos ensinamentos espíritas, só podemos admitir o
aborto que se realiza para salvar a vida da gestante, e nenhum outro, como tem
sido dito repetidas vezes por diferentes e respeitáveis autores.
(1) A entrevista concedida por Divaldo Franco pode ser
vista na íntegra clicando-se neste link: http://www.oconsolador.com.br/51/entrevista.html
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/07/nem-todos-se-retiram-da-terra-em.html
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