CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Os meus pés pisavam a descansada neve...
branca... calma. Quando havia as possíveis circunstâncias, era tempo de cruzar
a montanha com meu negro labrador e cumprir os compromissos assumidos.
Todos os dias as ações estão interligadas. O que
há para resolver chegará a cada um. É preciso estar vivo para querer viver e,
sempre melhor, com alguma condição para o desfecho. No entanto, é fato que uma
ocorrência já há muito vem se desenvolvendo para em exato lugar e momento se
apresentar. E era mais uma a questão a concluir.
No caminho, com certas adversidades, procurava
me manter segura, pois sentia o amparo de mãos invisíveis amigas. Aquele parque
coberto de neve era incrível e desafiador, mas era necessário cruzá-lo. Meu cão
me acompanhava.
Passei frio durante a caminhada, mas um objetivo
maior aguardava realização. Venci obstáculos físicos e outros mais; senti dor e
sede, entretanto, continuei. Há momentos para os quais nos planejamos, porém, o
desencadeamento nem sempre é tão linear.
Finalmente, avistei a meta. Aproximei-me. Na
bolsa, o livro estava bem armazenado. Era o dia de estudos na aldeia. Uma vez
por semana, eram ministradas singela leitura e, em seguida, abordagem das
informações apresentadas. O conhecimento reluz no espírito.
Enquanto lia o capítulo, pausadamente e em voz
alta, “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”, aqueles irmãos
simples e nobres deixavam transparecer pelo semblante e leve energia a
assimilação de mais um aprendizado no progresso da alma, conquista do espírito.
Terminado o estudo, chá e pão foram ofertados.
Comemos ali como irmãos de um mesmo Pai. Era tempo de voltar. Despedi-me então.
Na próxima semana estaríamos juntos. Recebi o que ainda não possuía, doei o
pouco que era capaz.
Na saída da casa humilde, lancei breve aceno.
Meu cão estava comigo e eu estava, naquele momento, em plenitude com o céu.
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