Ao toque do amor
Pedro de Castro Velho
Rompendo a bruma, em
louca arremetida, avança
No incrível desvario
em que se deblatera,
Onde a sombra abismal
domina, esfera a esfera,
O triste obsessor,
faminto de esperança.
Preso ao mal que
atormenta e à dor que não descansa,
O que mais o
acabrunha e o que mais o exaspera
É sua estranha volta
aos instintos da fera,
Na loucura feroz que
o propele à vingança.
Espírito infeliz,
padece no braseiro
De flagelo mental,
gargalhante e escarninho,
Mil remorsos bramindo
em torvo cativeiro...
Mas ao toque do amor,
sem que a treva o degrade,
Arrepende-se e clama,
ante o novo caminho,
Para nova missão na
glória da humildade.
Pedro Velho nasceu em Porto Alegre (RS) em
29/6/1882 e desencarnou na mesma cidade em 7/9/1919. Foi patrono, na Academia
Sul-Riograndense de Letras, da cadeira nº 32, e colaborador de diversos jornais
e periódicos de sua terra natal, O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra
psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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