domingo, 7 de setembro de 2014

Amostras da insensatez


Com o título “Amostras da insensatez” circulou pelas redes sociais um texto deveras preocupante que mostra, com diversos exemplos, como a invigilância e a ausência de bom senso têm dado azo a bobagens divulgadas no Brasil em nome do Espiritismo.
Revelações bombásticas, dietas para emagrecer, casamento em centro espírita, reencarnação no mundo espiritual, vacina espiritual contra a gripe suína, registro de uma nova pomada, a Pomada Esperança – recomendada por seu autor para o tratamento de matéria fluídica infecciosa acumulada por elementos vivos de magia – e por aí vai. A pomada, por sinal, seria posta à venda pelo preço de 15 reais o tubo.
Há remédio para isso?
Remédio, para ser sincero, não sabemos se existe, mas há medidas preventivas que poderiam pelo menos evitar que esse mal se alastrasse.
A principal delas é não permitir que o Espiritismo perca seu caráter de ciência.
Cabe-nos, a propósito, lembrar aqui o que Herculano Pires escreveu acerca do chamado método kardequiano, que nos permitiu surgisse no mundo a codificação da doutrina espírita, que o avanço dos anos cada vez mais confirma e reafirma, sem nela produzir o mais leve arranhão.
Herculano sintetizou em 4 pontos o método adotado por Kardec:
1º. Escolha de colaboradores mediúnicos insuspeitos, do ponto de vista moral, da pureza das faculdades e da assistência espiritual. Allan Kardec submetia as respostas anteriormente obtidas ao crivo de outros Espíritos, por meio de médiuns diferentes. Assim é que ele trabalhou com as srtas. Caroline e Julie Baudin, Japhet, Aline e Ermance Dufaux, as sras. Schmidt e Forbes e o sr. Crozet, dentre muitos outros.
2º. Análise rigorosa das comunicações e seu confronto com as verdades científicas demonstradas, pondo-se de lado tudo aquilo que não pudesse ser logicamente justificado. Kardec escreveu em “O Livro dos Médiuns” que "não existe uma comunicação má que possa resistir a uma crítica rigorosa" (cap. 24, item 266). E, na mesma obra, consigna a conhecida orientação de Erasto: “Mais vale repelir dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa” (LM, cap. 20, item 230).
3º. Controle dos Espíritos comunicantes, em face da coerência de suas comunicações e do teor de sua linguagem.
4º. Consenso universal, ou seja, concordância entre as várias comunicações dadas por médiuns diferentes, ao mesmo tempo e em diversos lugares, sobre o mesmo assunto. A "Revista Espírita", que Kardec redigiu e publicou de janeiro de 1858 a março de 1869, foi fundamental para isso. O Livro dos Espíritos surgiu inicialmente com 501 questões, em 18/4/1857. Na segunda edição, ocorrida em março de 1860, já eram 1.019 questões.
Graças à “Revista”, Kardec constituiu-se num centro que recebia mensagens e comunicações de todos os cantos, inclusive do Brasil.
Com efeito, ele escreveria em 1864, no item II da Introdução ao "Evangelho segundo o Espiritismo": "A única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares".

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Trazemos à lembrança essas palavras de Herculano Pires para dizer aos nossos leitores quão importante seria para o movimento espírita brasileiro a observância do método kardequiano em nossas atividades, porque somente isso poderá evitar que novos exemplos de insensatez surjam em nosso meio.
O princípio da verificação da universalidade do ensino, por exemplo, deveria nortear os passos de todos nós que usamos a tribuna ou escrevemos para os jornais. Se isso fosse seguido, toda teoria nova e assim os modismos ficariam esperando o momento certo para serem tratados ou descartados.
Podemos dizer que o mesmo cuidado se deveria ter com os livros de determinados médiuns que disseminam em nosso meio informações estranhas e duvidosas que poderiam ser evitadas caso o método kardequiano fosse levado realmente a sério pelos espiritistas do Brasil.



Um comentário:

  1. Preciosos são os avisos narrados no seu texto, pois há a cada dia mais bobagem dita, propagada, em nome do Espiritismo... Deixa-nos tristes, mas infelizmente muitos não usam o discernimento e aceitam "engolir" muita "novidade" trash dita "espírita". Obrigada! Sejamos, pois, lúcidos e não esqueçamos da Doutrina e do Mestre Jesus... Abraços. Eugênia.

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