terça-feira, 2 de setembro de 2014

Claire amava os pássaros


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Claire aimait les oiseaux.   
Sim. Claire tanto amava os pássaros. Dizia que eram a maior liberdade expressa nos ares da vida. Quantos entardeceres cujo céu era desenhado pela revoada desses pequenos em tamanho, e enormes pela permissão de, tão libertos, poderem escolher e ir a qualquer canto dos pontos cardeais ilusoriamente delimitados no ar do infinito azul.
E voavam... e a senhora tanto os amava.
Havia dias em que alguns pássaros, já acostumados com o andamento da casa da senhora Claire, realizavam surpreendentes ações encantadoras. Como a casa era rodeada por várias flores e plantas adaptadas àquela região europeia, muitas delas tornavam-se variadas fontes de permanência para pequeninos insetos e lugares maravilhosos para os pássaros visitarem.
E como o sentimento de Claire era energia amorosa e plena em atividade, os pássaros, se assim se pode falar, também amavam essa senhora que, muitas vezes, estendia um dos braços e em poucos segundos vários deles pousavam. Pareciam se conversar, e como se compreendiam, até beijinhos surgiam entre eles, de fato, uns biquinhos eram mais afiados que outros, no entanto o amor predominava.
Claire há muito morava sozinha na casa em que vivera desde a data do seu casamento. Jean Paul, seu marido, não estava mais aqui entre as almas, estava etéreo num momento na erraticidade, entretanto, ela tinha o coração bem onde estava e era muito feliz, também tinha a companhia de seus pássaros tão pontuais no sentimento e no horário, pois nunca atrasaram, mas adiantarem-se era verificado todo dia; chegavam mais cedo, mas levantavam voo no mesmo horário sem se importarem que o tempo aumentava na presença de Claire. E a amizade mais se percebia entre a senhora francesa e os pássaros que ela tanto amava.
Nos dias sem chuva, Claire sempre falava esta frase: “Le jour s’anime avec les premiers rayons du soleil”. Sem dúvida, o dia se anima com os primeiros raios de sol, pois são raios de energia pura, presentes da natureza criada por Deus. E quanto a natureza é perfeita e maravilhosa!
E nesses dias ensolarados já desde o início da manhã, os pássaros, como os animais e plantas, mais ainda se integravam ao habitat, ao universo; assim, como todos estão onde devem estar, as criações por pensamentos, sentimentos, atos e palavras plasmarão a verdade e trilharão o caminho.
Os pássaros compreendiam que Claire não lhes faria mal, então, podiam confiar nela e mais próximos queriam estar; também sentiam a energia mais elevada, a do amor, por isso a cada dia, antecipados, estavam, para mais aproveitarem a companhia e todo estado de graça que o amor e a bondade são capazes de instaurar e renovar... transformar corações desencontrados e infelizes em focos de luz para pássaros e pássaros quererem se achegar.
Sim. Claire tanto amava os pássaros, pois eram amigos, nada lhe cobravam, não a feriam, não a amedrontavam, não agiam por interesse nem com intuito de vantagem, eram sentimentos verdadeiros, eram cantos sinceros de amor pela vida, talvez, em algumas horas, tivessem sofrimento, no entanto, a preferência era pelo canto, ode à alegria, e eram exemplos maravilhosos aos observadores para uma nova retomada na estrada de melhor viver, ou seja, com sabedoria.
E a comunhão entre mulher e pássaros estava em plenitude, havia amor e onde o amor estiver haverá a paz de espírito para a conquista da evolução. E quanto mais a luz brilhar menos espaço haverá para a escuridão.
E nessa tarde de primavera, Claire estava rodeada pelos pássaros companheiros, e o sol cintilava no céu tão azul trazendo o lembrete de que muito há para se renovar durante as estações, mas é no tempo presente, no contemporâneo amanhecer, que se poderá ouvir o canto dos pássaros e agigantar o benéfico amor no coração.


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