Continuamos
ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957
pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto
que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Que
avaliação fez Silas a respeito dos irmãos Leonel e Clarindo?
B. Podemos
dizer que a vítima de usura, isto é, o usurário, é um doente?
C. Jesus
ensinou-nos que devemos amar os nossos inimigos. Como Silas entendia essas
palavras?
Texto para leitura
51. Mecanismo de emissão e recepção de
imagens – Silas elucidou o fenômeno que Leonel acabara de demonstrar:
"Estamos diante de um processo de transmissão de imagens, até certo ponto
análogo aos princípios dominantes na televisão, no reino da eletrônica,
atualmente em voga no plano terrestre. Sabemos que cada um de nós é um fulcro
gerador de vida, com qualidades específicas de emissão e recepção. O campo
mental do hipnotizador, que cria no mundo da própria imaginação as
formas-pensamentos que deseja exteriorizar, é algo semelhante à câmara de
imagem do transmissor comum, tanto quanto esse dispositivo é idêntico, em seus
valores, à câmara escura da máquina fotográfica. Plasmando a imagem da qual se
propõe extrair o melhor efeito, arroja-a sobre o campo mental do hipnotizado
que, então, procede à guisa do mosaico em televisão ou à maneira da película
sensível do serviço fotográfico". Silas lembrou o mecanismo geral do
processo. Na transmissão de imagens a distância, o mosaico, recolhendo os
quadros que a câmara explora, age como um espelho sensibilizado e converte os
traços luminosos em impulsos elétricos que são recepcionados pelas antenas do
aparelho receptor e, neste, transformados novamente em sons e imagens. "No
problema em estudo, você, Leonel – informou o Assistente – , criou os quadros
que se propôs transmitir ao pensamento de Luís, e, usando as forças positivas
da vontade, coloriu-os com os seus recursos de concentração na sua própria
mente, que funcionou como câmara de imagem. Aproveitando a energia mental,
muito mais poderosa que a força eletrônica, projetou-os, como legítimo
hipnotizador, sobre o campo mental de Luís, que funcionou qual mosaico,
transformando as impressões recebidas em impulsos magnéticos, a reconstituírem
as formas-pensamentos plasmadas por você nos centros cerebrais, por intermédio
dos nervos que desempenham o papel de antenas específicas, a lhes fixarem as
particularidades na esfera dos sentidos, num perfeito jogo alucinatório, em que
o som e a imagem se entrosam harmoniosamente, como acontece na televisão, em
que a imagem e o som se associam com o apoio eficiente de aparelhos conjugados,
apresentando no receptor uma sequência de quadros que poderíamos considerar
como sendo `miragens técnicas'." De retorno à Mansão, com Alzira e
Hilário, Silas – que impressionou vivamente os dois irmãos vingadores – afirmou a André que, pela conversa de Leonel,
percebera que lidavam com duas vigorosas inteligências, cuja modificação
inicial deveria ser feita com amor, para realizar-se com segurança. (Ação e
Reação, capítulo 8, pp. 112 a
114.)
52. Um doente necessitado de compaixão
– Na noite seguinte, Silas, André e Hilário voltaram à residência de Luís. Eram
21 horas e a família fazia ligeira refeição em larga copa da fazenda. Enquanto
Adélia acariciava as crianças, já tontas de sono, o marido comentava com os
presentes o noticiário radiofônico, salientando as dificuldades públicas,
criticando os políticos e os administradores e referindo-se às pragas do café e
da mandioca. Por fim, não contente em enunciar as calamidades da Terra, falou,
inconsequente, quanto à suposta ira do Céu, afirmando crer que o fim do mundo
estava próximo e clamando contra o egoísmo dos ricos, que agravava o infortúnio
dos pobres. Leonel, que assistia, junto aos demais, à cena, dirigiu-se a Silas,
observando: "Estão vendo? Este homem é o derrotismo em pessoa. Enxerga
tudo em termos de cinza e lama, ajuíza com firmeza sobre os desastres sociais e
conhece as zonas mais tristes da indigência coletiva; entretanto, não sabe
desfazer-se de um só centavo dos milhões que retém, a favor dos que sofrem
nudez e fome..." O Assistente ponderou: "Leonel, todas as suas
observações apresentam lógica e verdade, à primeira vista. Superficialmente,
Luís é um exemplar consumado de pessimismo e de usura(1). Todavia,
no fundo, ele é um doente necessitado de compaixão. Há moléstias da alma que
arruínam a mente por tempo indeterminado. Quem seria ele, amparado por
influências outras? Espiritualmente abafado entre as visões da fortuna
terrestre com que lhe assediamos o pensamento, o infeliz perdeu o contacto com
os livros nobres e com as nobres companhias. Tem a socorrê-lo apenas a religião
domingueira dos crentes que se julgam exonerados de qualquer obrigação para com
a fé, contanto que participem do ofício de adoração a Deus, no fim de cada
semana. Quem poderia prever-lhe as mudanças benéficas, desde que pudesse
receber outro tipo de assistência?"
(Obra citada, capítulo 9, pp. 115 e 116.)
53. O caso Silas – Clarindo e Leonel
ficaram revoltados com as palavras de Silas. Para eles, Luís e seu pai eram
apenas devedores... "Roubaram-nos, assassinaram-nos...", exclamou
Leonel, e por isso – completou Clarindo – haveriam de pagar! Silas sorriu e
obtemperou: "Sim, pagar é o verbo próprio... Contudo, como pode o devedor
resgatar-se, quando o credor lhe subtrai todas as possibilidades de solver os
débitos? Que a nós mesmos cabe sanar os males de que somos autores, não padece
qualquer dúvida... Entretanto, se nos compete retificar hoje uma estrada que
ontem desorganizamos, como proceder se nos decepam agora as mãos? O próprio
Cristo aconselhou: – Ajudai aos vossos inimigos". (N.R.: Silas alterou as
palavras ditas por Jesus, constantes dos versículos 27 e 28 do cap. 6 de Lucas,
porque o vocábulo amar, usado pelo Mestre, não seria, evidentemente, aceito
pelos irmãos vingadores.) O Assistente prosseguiu: "Muitas vezes, penso
que semelhante afirmativa, corretamente interpretada, quer assim dizer: –
Ajudai aos vossos inimigos para que possam pagar as dívidas em que se
emaranharam, restaurando o equilíbrio da vida, no qual tanto eles quanto vós
sereis beneficiados pela paz". Leonel ficou desconfiado com essa postura
de Silas. Seria ele um padre disfarçado? "Engana-se, meu amigo – informou o
Assistente –; se algo procuro, em nossa comunhão fraterna, é a minha própria
renovação. Pela sedução do dinheiro, também caí na última passagem pela Terra.
A paixão da posse governava-me todos os ideais... A fascinação pelo ouro
tomou-me o ser de tal modo que, apesar de ter recebido o título de médico, numa
universidade venerável, fugi ao exercício da profissão para vigiar os
movimentos de meu velho pai, a fim de que nem ele mesmo viesse a dispor, com
largueza, dos bens de nossa casa". Silas continuou: "O apego às
nossas propriedades e aos nossos haveres transformou-me num réprobo do paraíso
familiar, convertendo-me, ainda, num verdugo intratável, naturalmente odiado
por todos os que viviam em subalternidade no vasto círculo de minha temporária
dominação... Para amontoar moedas e multiplicar lucros fáceis, comecei pela
crueldade e acabei nas malhas do crime... Abominei a amizade, desprezei os
fracos e os pobres e, no temor de perder a fortuna cuja posse total
ambicionava, não hesitei adotar a delinquência como sócia infernal de meu
terrível caminho..." (Obra citada, capítulo 9, pp. 117 e 118.)
(1) Usura significa,
entre outras coisas, mesquinhez, avareza, ambição. Usurário é quem pratica a
usura, o mesmo que avaro ou avarento: indivíduo sórdido e excessivamente
apegado ao dinheiro.
Respostas às questões propostas
A. Que avaliação fez Silas a respeito dos
irmãos Leonel e Clarindo?
Silas disse a
André que, pela conversa de Leonel, percebera que lidavam com duas vigorosas
inteligências, cuja modificação inicial deveria ser feita com amor, para
realizar-se com segurança. (Ação e Reação, cap. 8, pp. 112 a 114.)
B. Podemos dizer que a vítima de usura,
isto é, o usurário, é um doente?
Sim. E esse
era o caso de Luís, o fazendeiro. Pessimista e usurário, era ele, em verdade,
um doente necessitado de compaixão. Segundo o Assistente Silas, existem
moléstias da alma que arruínam a mente por tempo indeterminado. Quem seria
aquele homem, se amparado por influências outras? Reportando-se ao caso, Silas
explicou: “Espiritualmente abafado entre as visões da fortuna terrestre com que
lhe assediamos o pensamento, o infeliz perdeu o contacto com os livros nobres e
com as nobres companhias. Tem a socorrê-lo apenas a religião domingueira dos
crentes que se julgam exonerados de qualquer obrigação para com a fé, contanto
que participem do ofício de adoração a Deus, no fim de cada semana. Quem
poderia prever-lhe as mudanças benéficas, desde que pudesse receber outro tipo
de assistência?" (Obra citada, cap. 9, pp. 115 e 116.)
C. Jesus ensinou-nos que devemos amar os
nossos inimigos. Como Silas entendia essas palavras?
Reportando-se
ao assunto, ele disse: "Muitas vezes, penso que semelhante afirmativa,
corretamente interpretada, quer assim dizer: – Ajudai aos vossos inimigos para
que possam pagar as dívidas em que se emaranharam, restaurando o equilíbrio da
vida, no qual tanto eles quanto vós sereis beneficiados pela paz". De
fato, entendia ele, como pode o devedor resgatar-se, quando o credor lhe subtrai
todas as possibilidades de solver os débitos? Que a nós mesmos cabe sanar os
males de que somos autores, não padece qualquer dúvida; mas, se nos compete
retificar hoje uma estrada que ontem desorganizamos, como proceder se nos decepam
as mãos? (Obra citada, cap. 9, pp. 117 e 118.)
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