quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cada criatura transpõe os umbrais do túmulo com as imagens que em si mesma plasmou


Continuamos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar os estudos do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base aos estudos:

Questões para debate

A. Como foi o encontro de Alzira com seus algozes Clarindo e Leonel?
B. Que destino aguarda os que retornam ao mundo espiritual?
C. Havia no Templo da Mansão algum símbolo religioso da Terra?

Texto para leitura

70. Alzira encontra-se com os dois cunhados – Foi então que, afastando-se por alguns minutos, Silas voltou, trazendo em sua companhia a generosa irmã que, envergando cintilante roupagem, lhes estendeu as mãos, a ofertar-lhes o colo maternal, resplendente de amor. Leonel e Clarindo, qual se fossem feridos de morte, caíram genuflexos, esmagados de medo e júbilo... Alzira afagou-lhes as cabeças submissas e falou em tom comovente: "Filhos de minhalma, rendamos graças a Deus por esta hora de bênção". E porque Leonel tentasse debalde pedir-lhe perdão, ensaiando monossílabos cortados pelos soluços, a mãe de Luís suplicou, humilde: "Sou eu quem deve ajoelhar-se, implorando-lhes caridoso indulto!... O crime de meu esposo é também meu crime... Vocês foram espoliados dos mais belos sonhos, quando a mocidade terrestre começava a sorrir-lhes. Nossa desregrada ambição, contudo, furtou-lhes os recursos e as possibilidades, inclusive a existência... Perdoem-nos!... Pagaremos nossas dívidas. Ajudar-nos-á o Senhor na recuperação de nossa casa... Em breve, Antônio Olímpio e eu estaremos novamente no plano físico e, com o apoio da Misericórdia Divina, restituiremos a vocês o sítio que não nos pertence... Permitam, meus filhos, possa honrar-se minha alma com o privilégio de ser-lhes amorosa mãe no mundo..." A nobre mulher disse mais algumas palavras e enfatizou que para o êxito de todos seria necessário que o esquecimento de seus pesares nascesse, puro, do amor que deviam uns aos outros... "Esqueçamos ressentimentos – propôs Alzira – e Deus nos suprirá de recursos para que venhamos a solver nossos débitos... Ergam-se, filhos queridos... Sabe Jesus que desejo conchegá-los de encontro ao meu peito e guardá-los nos meus braços!" Alzira não pôde continuar, pois copioso pranto orvalhava-lhe a face, ao tempo em que emergiam de seu tórax chispas flamejantes em sucessivas ondas de safirino esplendor. Clarindo e Leonel levantaram-se e, à maneira de duas crianças atraídas pela ternura materna, a enlaçaram em comovedores soluços. Em pouco tempo, os dois irmãos eram internados na Mansão e a tarefa confiada a Silas estava cumprida. "Agora – comentou o Assistente –, esperemos se habilitem todos, ante a nova batalha que ferirão na Terra, para o serviço salvador em que se misturam afeto e aversão, alegria e dor, luta e dificuldade, em busca da redenção." (Ação e Reação, capítulo 10, pp. 148 e 149.)

71. O destino é criação nossa – Encerrada a primeira parte do caso Antônio Olímpio, André e Hilário foram ter com o Instrutor Druso, que lhes observou: "A região infernal permanece superlotada de contas maduras. Aqui, a sovinice suporta o azinhavre de atrozes padecimentos, o crime defronta com todas as espécies de angústia no remorso tardio, e a delinquência responsável é surpreendida pelas trevas que lhe agravam as amarguras, porque as coletividades dos lavradores culpados pela plantação de tantos espinheiros não dispõem de coragem para recolher o fruto envenenado da sementeira a que se afeiçoam. Desorientados e dementes, sublevam-se contra as flagelações que geraram e caem nas profundezas da rebelião e do desespero..."  Druso caminhou na direção de larga janela que se abria para os nevoeiros exteriores, mirou a triste paisagem e, em seguida, disse-lhes que seria bom prolongassem o trabalho em que se empenhavam, anotando os princípios de compensação em mais amplos setores. "Nesse sentido – falou Druso –, consideramos de suma importância as realizações em andamento na esfera carnal, como fatores determinantes de céu ou de inferno nas pessoas que os procuram, razão por que auguramos aos dois o melhor aproveitamento nas atividades que venham a empreender, na zona de relações entre nossa casa e o homem comum não distante. Precisamos reconhecer que todos criamos o destino ou renovamo-lo, todos os dias, e, aqui, o exame de semelhante lição é mais vagaroso, porquanto o nosso instituto mais se nos afigura uma estação de chegada em que a culpa se movimenta com lentidão." Prosseguindo, Druso acentuou: "No vaso da carne, a planta da existência se desenvolve, floresce e frutifica. A morte fisiológica realiza a grande ceifa. Em nosso mundo, temos, desse modo, a seleção natural dos frutos. Os raros que se mostram aprimorados são conduzidos à lavoura da Luz Divina, nos planos celestiais, para mais ampla ascensão ao grande futuro; todavia, a massa esmagadora dos que chegam deteriorados ou imperfeitos estaciona nos celeiros de sombra das regiões inferiores em que nos achamos, à espera de novo plantio nas leiras do mundo. É que cada criatura transpõe os umbrais do túmulo com as imagens que em si mesma plasmou, utilizando os recursos do sentimento, da ideia e da ação que a vida lhe empresta, irradiando as forças que acumulou no espaço e no tempo terrestres". (Obra citada, capítulo 11, pp. 151 a 153.)

72. O Templo da Mansão – Na sequência, visando a ajudá-los nos estudos que sugerira, Druso referiu-se aos serviços desenvolvidos no Templo e no Parlatório exteriores da Mansão, que eram frequentados, usualmente, por irmãos do plano físico, desprendidos do corpo por influência do sono, e por companheiros desencarnados que vagueavam em torno do instituto, à caça de reconforto. "Dispomos aí – informou Druso – de atendentes numerosos que lhes coletam as reclamações e registram os problemas para orientarmos com segurança o nosso esforço de paz e cooperação. É interessante, assim, que os amigos se incorporem, durante alguns dias, às nossas equipes de serviço, colaborando conosco e relacionando apontamentos diversos." A pedido de Hilário, Druso permitiu que Silas orientasse a nova atividade que André e seu amigo iriam desenvolver a partir de então. No momento combinado, o Assistente levou-os ao Templo da Mansão. Após atravessarem longas filas de corredores, o grupo teve acesso, através de estreito postigo, a vasto recinto iluminado. O ambiente assemelhava-se ao de uma grande capela. De face voltada para o exterior, uma cruz de radiante material argênteo sobre alva e simples mesa, encostada ao centro do fundo, era o único símbolo religioso ali existente, mas de todas as paredes laterais, muito brancas, distinguiam-se pequenas reentrâncias insculpidas em forma de nichos. (Obra citada, capítulo 11, pp. 153 a 155.)

73. André chora copiosamente dentro do Templo – A luz do recinto casava-se de encantadora maneira com a melodia que ressoava docemente no largo corpo da nave... Mais de duas centenas de entidades diversas, formando piedoso conjunto, em fileiras quase uniformes, postavam-se em prece ante os nichos vazios. André foi tomado, então, por estranha emotividade, porque a prece lembrou-lhe sua mãe a lhe ensinar a oração primeira... Lágrimas quentes rorejaram-lhe a face, e ele, naquele primeiro contacto com o santuário externo da Mansão, nada conseguiu fazer senão orar e chorar copiosamente. Mirando a cruz, André lembrou-se de Jesus e não pôde deixar de fazer a oração dominical. Hilário também chorava e Silas observou que raros conseguiam penetrar aquele ambiente sem se escudarem na oração. "Este pequeno campo de pensamento está sublimado pela compunção e pela dor de milhares...", informou o Assistente. "Incontáveis legiões de almas edificadas no sofrimento e na fé por aqui hão passado, em pranto de arrependimento ou de esperança, de gratidão ou de angústia... Nosso templo interno, de cujos serviços vocês já participaram, funciona qual se fora o vivo coração de nossa casa, enquanto que este santuário exterior é o símbolo das nossas mãos em prece." Vendo os altares despovoados, André perguntou a Silas: "Que significam no recinto a imagem da cruz e estes nichos vazios?" O Assistente esclareceu: "A cruz recorda a todos os visitantes que o Espírito de Nosso Senhor Jesus-Cristo aqui se encontra presente, não obstante estejamos nos abismos infernais. E os nichos vazios dão oportunidade a que todos se dirijam aos Céus, segundo a fé que abraçam. Até que a alma obtenha a Sabedoria Infinita é indispensável caminhe na longa estrada dos símbolos de alfabetização e cultura que a dirigem na senda de elevação intelectual, e, até que atinja o Infinito Amor, é necessário palmilhe as longas rotas da caridade e da fé religiosa, nos múltiplos departamentos da compreensão que lhe assegura o acesso à Vida Superior". (Obra citada, capítulo 11, pp. 155 e 156.)

Respostas às questões propostas

A. Como foi o encontro de Alzira com seus algozes Clarindo e Leonel?
O encontro foi comovente e levou os três às lágrimas. A nobre mulher disse-lhes que, para o êxito de todos, seria necessário que o esquecimento de seus pesares nascesse, puro, do amor que deviam uns aos outros... "Esqueçamos ressentimentos – propôs Alzira – e Deus nos suprirá de recursos para que venhamos a solver nossos débitos... Ergam-se, filhos queridos...” Dito isso, Alzira não pôde continuar, pois copioso pranto orvalhava-lhe a face, ao tempo em que emergiam de seu tórax chispas flamejantes em sucessivas ondas de safirino esplendor. Quanto a Clarindo e Leonel, eles levantaram-se e, à maneira de duas crianças atraídas pela ternura materna, a enlaçaram em comovedores soluços. (Ação e Reação, cap. 10, pp. 148 e 149.)

B. Que destino aguarda os que retornam ao mundo espiritual?
Segundo os ensinamentos espíritas, nós criamos o destino ou renovamo-lo, todos os dias, com nossos atos e os nossos pensamentos. "No vaso da carne – disse Druso – a planta da existência se desenvolve, floresce e frutifica. A morte fisiológica realiza a grande ceifa. Em nosso mundo, temos, desse modo, a seleção natural dos frutos. Os raros que se mostram aprimorados são conduzidos à lavoura da Luz Divina, nos planos celestiais, para mais ampla ascensão ao grande futuro; todavia, a massa esmagadora dos que chegam deteriorados ou imperfeitos estaciona nos celeiros de sombra das regiões inferiores em que nos achamos, à espera de novo plantio nas leiras do mundo.” E o instrutor completou: “É que cada criatura transpõe os umbrais do túmulo com as imagens que em si mesma plasmou, utilizando os recursos do sentimento, da ideia e da ação que a vida lhe empresta, irradiando as forças que acumulou no espaço e no tempo terrestres". (Obra citada, cap. 11, pp. 151 a 153.)

C. Havia no Templo da Mansão algum símbolo religioso da Terra?
Sim. O Templo assemelhava-se a uma grande capela. De face voltada para o exterior, via-se ali uma cruz de radiante material argênteo sobre alva e simples mesa, encostada ao centro do fundo. Mas essa cruz era o único símbolo religioso existente no recinto. (Obra citada, cap. 11, pp. 153 a 155.)


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