Demos sequência ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar ao
estudo do livro Ação e Reação, de
André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o
roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:
Questões para debate
A. Entrar no Templo da Mansão nem todos podiam. Por quê?
B. Era bem grande o número de mulheres em trabalho de oração e
assistência naquele recinto. Qual a explicação desse fato?
C. De que maneira Silas evitou que Marina se suicidasse?
Texto para leitura
77. Nem
todos podiam entrar no Templo – Silas informou que muitos companheiros
de serviço valem-se daquele momento para o culto espontâneo do amor fraterno,
ouvindo ali os desesperados e os tristes e, tanto quanto possível,
administrando-lhes medicação e consolo, não só exortando-os à compreensão e à
serenidade, mas também os acompanhando aos círculos tenebrosos ou à esfera dos
encarnados, para a obra de assistência aos familiares que lhes perturbam o
coração. A visão de André, já adaptada à sombra reinante, podia agora
diferençar as figuras que os cercavam. Viam-se ali mulheres de duro semblante
que a miséria desfigurava e homens de fisionomia torturada pelo ódio e pela
angústia. O infortúnio deles convertera-os em fantasmas de amargura, quase a
irmaná-los integralmente no mesmo tipo de configuração exterior. Muitos
mostravam mãos semelhantes a ressequidas garras, e em quase todos o olhar
enraivecido ou medroso revelava a dolorosa fulguração da mente que desceu ao
poço da loucura. Preces comoventes misturavam-se a clamores sinistros de
revolta. Por que não acolhê-los ao Templo hospitaleiro, então quase deserto?
Silas esclareceu: "Efetivamente, reportam-se vocês a medida desejável.
Entretanto, apenas ingressam no recinto sagrado quantos lhe podem suportar a
claridade com o respeito devido. Quase todos os irmãos que se congregam nesta
praça trazem mutilações que a perversidade lhes impôs ou são portadores de
sentimentos tigrinos que petições comoventes mal encobrem. E, com semelhantes
disposições, não resistem ao impacto da claridade dominante, dosada em fotônios
específicos a se caracterizarem por determinado teor eletromagnético,
indispensável à garantia de nossa casa". E ajuntou: "Muitos de nossos
irmãos, aqui desarvorados, clamam, com a boca, que anseiam pelas vantagens da
prece, na intimidade do santuário; no entanto, por dentro, lá estimariam
tripudiar sobre o nome sublime de nosso Pai Celeste, no culto à ironia e à
blasfêmia. Para que não tumultuem a atmosfera divina que nos cabe oferecer à
oração pura e reconfortante, recomendam nossos orientadores que a luz permaneça
graduada contra distúrbios e prejuízos facilmente evitáveis". (Capítulo
12, pp. 164 e 165)
78. O
caso Marina – Hilário estava surpreso. Queria Silas dizer que somente a
sincera compunção da alma podia entrar em sintonia com as forças
eletromagnéticas imperantes no Templo? "Exatamente, assim é",
respondeu Silas. O Templo permanecia de braços abertos à provação e ao
sofrimento, mas não à rebeldia e ao desespero. Não fosse assim, estaria ele
condenado ao aniquilamento e ao descrédito. No átrio, muitos Espíritos
imploravam socorro a Silas, que os fitava, compadecido, mas sem se deter. Foi
então que ansiosa e apressada mulher o chamou nominalmente: "Assistente
Silas! Assistente Silas!..." Era Luísa, uma senhora desencarnada, com
sinais de grande angústia, que clamava sem preâmbulos: "Socorro!... Socorro!...
Minha filha, minha pobre Marina esmorece... Tenho lutado com todas as minhas
forças para furtá-la ao suicídio, mas agora me sinto enfraquecida e
incapaz..." A infeliz, então ajoelhada, ergueu os olhos lacrimosos e
rogou: "Assistente, perdoe-me a insistência em falar-lhe de meu
infortúnio, mas sou mãe... Minha desventurada filha pretende matar-se esta
noite, comprometendo-se, ainda mais, com as trevas da sua consciência!..."
Silas aconselhou-lhe retornasse de imediato ao lar terreno e explicou aos
amigos que Marina era uma companheira da Mansão, reencarnada havia quase trinta
anos, sob os auspícios do instituto. Tratava-se de um caso de débito agravado,
que requeria máxima atenção e o necessário auxílio. Hilário estava
impressionado com o número de mulheres em trabalho de oração e assistência
naquelas paragens, o que mereceu de Silas o seguinte comentário: "Raras
esposas e raras mães demandam as regiões felizes sem os doces afetos que
acalentam no seio... O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis
na Criação divina". O grupo dirigiu-se, em seguida, à Crosta e logo chegou
a pequena moradia constituída de três peças desataviadas e estreitas. Era a
casa de Marina, onde, num quarto humilde, uma menina de dois a três anos
choramingava, inquieta, sendo possível ver nos seus olhos esgazeados e
inconscientes o estigma dos que foram marcados por irremediável sofrimento ao
nascer. (Capítulo 12, pp. 166 e 167)
79. Um
suicídio frustrado – Marina, de joelhos, beijava sofregamente a filhinha,
mostrando a indefinível angústia dos que se despedem para sempre. Em seguida,
tomou de um copo em que se encontrava o veneno. Antes, porém, de levá-lo à
boca, eis que Silas lhe disse em voz segura: "Como podes pensar na sombra
da morte, sem a luz da oração?" A infeliz não lhe ouviu a pergunta, mas a
frase invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta; seus olhos ganharam novo
brilho e o copo tremeu-lhe nas mãos, então indecisas. Silas estendeu-lhe os
braços, envolvendo-a em fluidos anestesiantes de carinho e bondade. Dominada
de novos pensamentos, Marina recolocou o recipiente no lugar de antes e, sob a
vigorosa influência do Assistente, levantou-se automaticamente, estirando-se no
leito, em prece: "Deus meu, Pai de Infinita Bondade, compadece-te de mim e
perdoa-me o fracasso! Não suporto mais... Sem minha presença, meu marido viverá
mais tranquilo no leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações
caridosos que lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou
doente..." Silas administrou-lhe passes magnéticos de prostração e,
induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num impulso
irrefletido, batesse com força no copo, derramando o líquido letal.
Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a
entravar-lhe a possibilidade da morte deliberada, ela passou a orar em
silêncio, com evidentes sinais de temor e remorso, atitude mental essa que lhe
acentuou a passividade e da qual se valeu Silas para conduzi-la ao sono
provocado. O Assistente emitiu forte jacto de energia fluídica sobre o córtex
encefálico dela, e a moça, sem conseguir explicar o torpor que lhe invadia o
campo nervoso, deixou-se adormecer pesadamente. Silas informou, então, que
Marina viera da Mansão para auxiliar Jorge e Zilda, dos quais se fizera
devedora. No século passado, ela se interpusera entre os dois, quando recém-casados,
impelindo-os a deploráveis leviandades que lhes valeram angustiosa demência na
erraticidade. Depois de longos padecimentos, permitiu o Senhor que os três
renascessem no mesmo quadro social, para o trabalho regenerativo. Marina, a
primogênita do lar de Luísa, recebera a incumbência de tutelar Zilda, a irmã
menor, que assim se desenvolveu ao calor de seu fraternal carinho, até que, no
caminho de ambas, apareceu Jorge. (Capítulo 12, pp. 168 e 169)
Respostas às questões propostas
A. Entrar
no Templo da Mansão nem todos podiam. Por quê?
Segundo o
Assistente Silas, apenas ingressam no recinto mencionado quantos lhe podem
suportar a claridade com o respeito devido. Quase todos os irmãos que se
congregavam na praça ao lado traziam mutilações que a perversidade lhes impôs
ou eram portadores de sentimentos tigrinos que petições comoventes mal
encobrem. Com semelhantes disposições, não resistiam ao impacto da claridade
dominante no Templo, dosada em fotônios específicos a se caracterizarem por
determinado teor eletromagnético. Eis aí o motivo por que nem todos podiam
nele ingressar. (Ação e Reação, cap. 12, pp. 164 e 165.)
B. Era bem
grande o número de mulheres em trabalho de oração e assistência naquele
recinto. Qual a explicação desse fato?
O fato, que
impressionara Hilário, mereceu de Silas o seguinte comentário: "Raras
esposas e raras mães demandam as regiões felizes sem os doces afetos que
acalentam no seio... O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis
na Criação divina". É por isso que grande número delas ali se encontrava. (Obra
citada, cap. 12, pp. 166 e 167.)
C. De que
maneira Silas evitou que Marina se suicidasse?
Não podendo
tomar-lhe o copo da mão, Silas disse-lhe, em voz segura: "Como podes
pensar na sombra da morte, sem a luz da oração?" A infeliz não lhe ouviu a
pergunta, mas a frase invadiu-lhe a cabeça qual rajada violenta; seus olhos
ganharam novo brilho e o copo tremeu-lhe nas mãos, então indecisas. Silas
estendeu-lhe os braços, envolvendo-a em fluidos anestesiantes de carinho e
bondade. Dominada de novos pensamentos, Marina recolocou o recipiente no lugar
de antes e, sob a vigorosa influência do Assistente, levantou-se automaticamente,
estirando-se no leito, em prece: "Deus meu, Pai de Infinita Bondade,
compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não suporto mais... Sem minha
presença, meu marido viverá mais tranquilo no leprosário e minha desventurada
filhinha encontrará corações caridosos que lhe dispensem amor... Não tenho mais
recursos... Estou doente..." Silas administrou-lhe passes magnéticos de
prostração e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela mesma, num
impulso irrefletido, batesse com força no copo, derramando o líquido letal.
Reconhecendo no próprio gesto impensado a manifestação de uma força estranha a
entravar-lhe a possibilidade da morte deliberada, ela passou a orar em
silêncio, com evidentes sinais de temor e remorso, atitude mental essa que lhe acentuou
a passividade e da qual se valeu Silas para conduzi-la ao sono provocado.(Obra
citada, cap. 12, pp. 168 e 169.)
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