Qual é o certo: raios
X, raio X ou raio-X?
Veja o que, a respeito do assunto, lemos no blog Assim mesmo (http://letratura.blogspot.com.br/2010/05/raios-xraios-x.html):
«Minúsculos germes portadores de vida, pairando em nuvens
pelas galáxias, tinham sido tocados por raios especiais de um Sol moribundo e
tinham-se transformado num monstro colossal que se alimentava de raios X e que
aterrorizava as carreiras de tráfego regular entre a Terra e Marte» (O Jardim
de Cimento, Ian McEwan. Tradução de Cristina Ferreira de Almeida e revisão de
Eda Lyra. Lisboa: Gradiva, 4.ª ed., 2005, p. 34).
Não é raro ver grafado com hífen: raios-X. Mas reparem na
distinção que faz Sacconi, autor do novíssimo dicionário já aqui referido:
«Existe um inconveniente nesse título [«Visão de raio X»] dado pela ISTOÉ a uma
carta de um de seus leitores. É preciso estabelecer a diferença entre raio-X e
raios X. Raio-X (obrigatoriamente
com hífen) é a fotografia ou o exame feito por meio de raios X. Quem já não
precisou tirar um raio-X dos pulmões? Já raios X (sem hífen) é o nome que se dá
à radiação eletromagnética não luminosa, capaz de atravessar quase todos os
sólidos e radiografá-los internamente. Sendo assim, o título acima deveria ser
este, se observada a diferença: Visão de raios X.» Os nossos dicionários não
acolhem esta distinção, apenas registam raios X.
Temos, então, como corretas as expressões: raios X e raio-X.
Não existe a forma raio X.
A dúvida está em que situações devemos usar uma e outra.
Independentemente de ter sido proposta no dicionário do
Sacconi, mencionado no blog Assim mesmo,
é importante lembrar que existe uma regra clara para isso, e nada mudou com o
novo Acordo Ortográfico que entrou em vigor no mês de janeiro de 2009.
A regra diz que na formação de palavras compostas por
justaposição (criado-mudo, ferro-velho etc.) usa-se hífen quando as palavras
usadas nessa formação "perdem" o significado original e dão, com a
justaposição, origem a uma "palavra" com sentido diferente do
significado das partes que a compõem.
Tratamos desse assunto na seção "Questões
vernáculas" da edição 307 da revista “O Consolador”, como o leitor pode
conferir em http://www.oconsolador.com.br/ano7/307/questoesvernaculas.html
O caso de raio-X é idêntico ao de criado-mudo.
O caso de raio-X é idêntico ao de criado-mudo.
Em criado-mudo não estamos diante de um indivíduo mudo,
alguém que não consegue falar, nem de um serviçal, um criado, ou seja, as
palavras "criado" e "mudo" perderam o sentido original.
Agora, justapostas, indicam um móvel usado geralmente em um quarto da casa: o
popular e tradicional “criado-mudo”.
Em raio-X não estamos diante de um raio nem de um X, ou
seja, as palavras "raio" e "X" perderam aí o sentido
original. Justapostas, indicam uma fotografia de imagem obtida com fundamento
nos raios X, cuja descoberta devemos ao físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen.
Diremos então:
- Fui à Ultra Rad fazer um exame de raios X.
- Meu médico viu o raio-X
e ficou preocupado.
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