JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Bom
dia, leitora!
A
você que é professora, faço um desafio: peça a seus alunos, a partir da oitava
série, que leiam qualquer romance meu, escrevam pequeno comentário sobre a obra
e entreguem-lhe o escrito trinta dias depois...
De
dez alunos que receberem a tarefa, sete dirão que não conseguiram ler tudo,
pois estavam sem tempo. Nos fins de semana, foram ao clube, ao cinema, ao
parque, jogaram videogame com os amigos, etc. Nos dias úteis, participaram de
jogos eletrônicos, jogaram bola, assistiram ao programa do Chaves, etc. etc.
etc.
E
os três restantes, ao serem perguntados se leram o livro, responderão:
"Livro? Que livro?"
É
duro dizer isso, mas nossos alunos não gostam de ler os clássicos.
Por
isso, professora, sugiro-lhe que jamais imponha a seus alunos a leitura da obra
a ou da obra b. Comece pelas histórias em quadrinho. Uma boa sugestão é a
leitura da revista Chico Bento. Sem imposição...
Ou
peça-lhes que leiam e comentem um poema, como o abaixo, escrito especialmente
para esta ocasião, e consultem o dicionário para leitura e anotação dos
significados das palavras por eles desconhecidas.
Só
não se esqueça de lhes dizer que a tarefa vale ponto...
A
LEBRE, O TEMPO E O JOVEM (jlo)
A lebre corre
pela campina,
Para e senta nas
patas traseiras.
E, olhando
fixamente o horizonte,
Posa indiferente
às ribanceiras...
Ela não faz
ideia de haver
Mundo mui além
do monte vasto,
E no ignorar do
seu devir,
Sua imagem
molda-se à do pasto...
O interregno do
movimento
Na vasta
imensidão da campina
Revela-lhe a paz
da natureza
Antes do cair da
chuva fina.
De repente, ela
corre ligeira
Em direção à
vasta montanha.
Vai procurar
abrigo e família
Nessa paisagem
bela e tamanha.
Em permanente e
atenta vigília,
A lebre vive o
tempo do agora
E sai da toca
para pastar
Os brotos do
tempo bom lá fora.
Das forças
telúricas que estrugem,
Ela não duvida
do poder.
Os elementos da
natureza
Agitam também
todo o seu ser.
Assim deve ser a
nossa vida,
Confiantes
sempre no Senhor,
Estejamos hoje
vigilantes
E o nosso seja o
monte do amor.
Que a oração
seja o nosso escudo
No abrigo do
campo ou da cidade
Que faça
ressurgir a esperança
Nesse tempo bom
da mocidade.
Na
aula seguinte, como sugestão, peça-lhes que leiam o que escreveram e
explique-lhes o que é estrofe, verso, rima e metrificação. Em seguida,
proponha-lhes produzir um texto inspirado no poema. Enfim, se bem explorado, o
texto poético tornar-se-á um agradável mote para diversas tarefas e descoberta
de vocações literárias em duas ou três aulas.
Lembra-se
do que disse o rei Pelé ao fazer seu milésimo gol no Vice da Gama, meu caro
leitor? "Vamos cuidar das nossas crianças!"
Isso
foi dito há cerca de 45 anos. Se tivéssemos seguido seu conselho e investido na
educação que não as oprimisse, mas que lhes transmitisse valores espirituais
junto com os intelectuais, certamente não haveria, em nossos dias, tantos
jovens trocando os estudos pelo tráfico de drogas e vidas úteis pelo vil metal.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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