JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Faleci
aos 69 anos, no dia 29 de setembro de 1908. Na época, havia lançado aquele que
considerei meu último livro: Memorial de
Aires. Em minhas correspondências a Joaquim Nabuco, Mário de Alencar, José
Veríssimo e outros amigos, considerei que ali se encerrava minha produção
literária, pois entrara na casa dos setenta. Fizera 69 anos no dia 21 de junho
e me via muito doente e perto da indesejada da gente.
Pois
bem, leitor amigo, dessa época para cá muita coisa mudou em termo de
longevidade. Há poucos dias, foi divulgada a história de um jovem que, aos 76
anos, se formou em Teologia e, aos 82, bacharelou-se em Direito. Agora pensa
cursar o mestrado em Direito ou prestar o exame de ordem da OAB. Como diria a
mineira: Eta homem siligristido!
É
o Sr. Lazário, mas quem sabe se seu nome verdadeiro não é Lázaro, o amigo
ressuscitado por Jesus Cristo?!
Tenho
a impressão de que, atualmente, quanto mais a pessoa troca a materialização do
espírito pela espiritualização da matéria, mais ela vive. Falemos apenas de
alguns espíritas octogenários. A sequência é por idade ascendente.
Lucy
Dias Ramos nasceu em Rio Novo, MG, em 1935. Há décadas, dedica-se à divulgação
espírita em Juiz de Fora, MG. Foi presidente da Casa Espírita, por duas vezes e
dirigente de outras instituições espíritas nessa cidade. É articulista de
diversos periódicos espíritas, entre os quais a Revista Internacional de
Espiritismo, o Reformador e a Presença Espírita. Publicou, pela Federação
Espírita Brasileira, as obras Gotas de
otimismo e paz, Luzes do entardecer, Maior que a vida e Recados de amor. Pela editora SOLIDUM, publicou recentemente Mediunidade e nós, e continua em plena
produção. Saúde e vida longa para ela.
Richard
Simonetti, que completou 80 anos no dia 10 de outubro de 2015, publicou cerca
de 50 livros e é articulador mensal de alguns periódicos espíritas renomados,
como Folha Espírita, Reformador e Revista Internacional do Espiritismo. Desenvolve uma atividade
socioassistencial extraordinária em São Paulo. Confira aqui: www.richardsimonetti.com.br.
Eurípedes
Kühl está com 81, e ainda produz mais do que muito jovem da minha idade ou
menos, bem menos... Possui uma trintena de obras publicadas. Atualmente, a Federação
Espírita Brasileira acaba de relançar a quarta edição de sua obra Espiritismo e genética. Acesse o blog: www.euripedeskuhl.blogspot.com
para conhecer melhor esse jovem.
Jair
Ribeiro de Oliveira, aos 86 anos, mostra-se lúcido e prepara a publicação de
seu quarto livro espírita, em Contagem, MG. Fundou e dirigiu três centros
espíritas e é palestrante mui requisitado nas cidades próximas a Belo
Horizonte. Possui um acervo de mais de 2.000 obras espíritas em sua biblioteca
em Contagem-MG, onde passa o dia pesquisando e produzindo textos valiosos
baseados em sua rica experiência de vida.
E,
por fim, Divaldo Pereira Franco, o maior expositor espírita deste século, aos
89 anos, nem pensa em parar de falar e de escrever no mais alto nível. Já
publicou cerca de trezentas obras espíritas, com mais de 7,5 milhões de livros
vendidos. Preside a Mansão do Caminho, obra socioassistencial espírita, em Pau
da Lima, Salvador, BA, que proporciona lar e educação a centenas de órfãos há
mais de sessenta anos e desenvolve ali relevante trabalho socioassistencial. Eis
aqui seu blog: www.divaldofranco.embaixadordapaz.blogspot.com
Ante
o exposto, convido o amigo que me lê a refletir nos versos metafraseados do
seguinte poema, que dediquei, no passado, a M. Ferreira Guimarães, mas que,
agora modificados, dedico a todos esses esperançosos e atuantes espíritos, cuja
fé demonstra a certeza de que nada se perde do bem que praticamos:
OS
DOIS HORIZONTES
Aos jovens
octogenários do presente
DOIS HORIZONTES
há na Natureza:
Um horizonte é o
do soma
Que se veste ao
reencarnar;
Outro horizonte
é o do espírito
Que sopra em
qualquer lugar(1);
Na vida material
Vive a alma
esperançosa
De no futuro
alcançar
A glória
espiritual.
Mergulhado na
matéria,
Em doce
recomeçar,
A pureza da
criança
Pede amor e quer
brincar.
Valorizando seu
soma,
O ser não sabe o
que faz
E tudo que ele
toma
Tem as bênçãos
maternais.
Porém, já na
mocidade,
Eis que já não
cabe mais
Querer tudo para
si
E nada para os
demais.
De posse da
consciência
Em relação ao
que faz
A alma já tem
ciência,
A infância ficou
pra trás.
Depois,
amadurecido
Pelas vitórias e
quedas,
O horizonte do
espírito
Desdenha das vãs
moedas
Do horizonte do
soma,
Pois busca novos
valores
E agora já não
mais toma,
Por não mais ter
dois senhores.
Que esperas,
homem? — Prossigo
No céu das
aspirações,
O soma tendo
vencido
Das infantis
ilusões.
Que queres,
homem? — Prossigo,
Mesmo em
avançada idade,
Testemunhando a
verdade
Da certeza do
futuro:
DOIS horizontes,
mas uma só vida.
Ao
leitor curioso que desejar ler o poema que serviu de inspiração a esse, dou-lhe
a seguinte referência: ASSIS, Machado. Machado de Assis. Rio de Janeiro: José
Aguilar, 1973. Obra completa, vol. III. Poesias coligidas, p. 201- 202. OS DOUS
HORIZONTES. Ou então escreve no Google: OS DOUS HORIZONTES.
(1) João, 3:8.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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