sábado, 17 de outubro de 2015

Ainda sobre o português...


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Estava relendo a obra Nos bastidores da obsessão, do bondoso amigo Manoel Philomeno de Miranda, psicografada pelo maior médium brasileiro e tribuno espírita da atualidade, Divaldo Pereira Franco, 89 muito bem vividos na prática do amor e da divulgação espírita-cristã (pleonasmo proposital), e plenamente atuante em conferências por este mundinho afora, quando ouvi uma voz provinda de um estranho aparelho que reproduz a imagem, atos e falas das pessoas:
— Pois é, quando eu namorei com fulano...
Era uma jovem que falava, é bom que se diga, nesse tempo apocalíptico...  Joteli não perdeu tempo. Perguntou a sua sobrinha quem é que a jovem namorava.
— Fulano... Respondeu-lhe ela, estranhando a pergunta.
— Não senhora — esclareceu-lhe meu secretário —, ela disse que namorava com fulano, mas não ele. Namorar pede complemento direto. Namora-se alguém e não com alguém. A não ser que esse alguém esteja na companhia de quem esteja namorando. Ou seja, "segurando vela", como se diz popularmente.
— Ficou claro, agora, amiga leitora? Namora-se fulano ou fulana. Namorar com fulano não é a mesma coisa que namorar fulano, ora, pois...
O verbo expressa movimento, ação e mesmo estado. Pode exigir ou não uma preposição para se ligar com a palavra ou expressão seguinte. No caso de namorar, o verbo dispensa a preposição quando você quer dizer que namora alguém ou algo figuradamente: Estou namorando aquela Ferrari há anos... Namorei minha esposa três meses, antes de nos casarmos...
Há casos, entretanto, nos quais o verbo fica no infinitivo. Um exemplo é quando você diz a alguém que esteja curtindo suas férias em Machu Picchu, no Peru: "Como eu gostaria de estar aí...". Isso mesmo, "estar" e não "está", como algumas pessoas dizem e escrevem.
Outra coisa: peru, angu, tatu, saci, ali, jabuti... Ou seja, palavras oxítonas (última sílaba tônica) terminadas por i e u não são acentuadas, mas como "a exceção confirma a regra" há casos em que isso ocorre...
— Como assim, Bruxo? A regra não se aplica a todas as oxítonas terminadas em "u" e em "i"? Explique-se!
— Não fique bravo, meu caro, a exceção ocorre quando existe hiato no final da palavra, que é aquele fenômeno no qual o "i" e o "u" se separam das vogais que se juntam a eles na soletração. Exemplos: açaí, jaú... Observe que, na silabação, a pronúncia dessas palavras é a- ça-í; ja-ú. Viu? Simples assim.
— O que houve com você, Machado? Agora resolveu ensinar português? Você nunca foi disso...
— Culpa sua, Joteli, que não quer mais falar de política e volta a esse tema tão bem explorado por seu amigo Astolfo Olegário, no blog Espiritismo Século XXI. Embora eu acredite mesmo é na leitura crítica e na escrita objetiva e clara, de vez em quando é bom martelar as cabeças desse povo com nossa língua afiada. Um dia, haverão de aprender...
— Você já percebeu, Machado, que poucos sabem usar o verbo haver no sentido de existir, ocorrer? É um tal de "houveram muitas vaias à mandatária da nação", daqui, e de "haviam poucos deputados na Câmara" dali... E não adianta lhes dizer que o correto é "houve muitas vaias" e "havia poucos deputados"... Então, cansei! Quem desejar aprender a escrever que leia, leia, leia...
— E depois escreva, escreva, escreva...
— Ler, reler o texto várias vezes, cortando os excessos, corrigindo os lapsos, buscando sempre a objetividade e a clareza... Deixar cair, sem deixar de ser simples!
— Isso mesmo, Joteli! Somente assim your text will go down…
— Na arte e na música, porém, Machado, o português é outra coisa. O que importa é comunicar, quer ouvir? Clique aqui: http://letras.mus.br/adoniran-barbosa/43968/.


  

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