JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Estava
relendo a obra Nos bastidores da obsessão,
do bondoso amigo Manoel Philomeno de Miranda, psicografada pelo maior médium
brasileiro e tribuno espírita da atualidade, Divaldo Pereira Franco, 89 muito
bem vividos na prática do amor e da divulgação espírita-cristã (pleonasmo
proposital), e plenamente atuante em conferências por este mundinho afora,
quando ouvi uma voz provinda de um estranho aparelho que reproduz a imagem,
atos e falas das pessoas:
—
Pois é, quando eu namorei com fulano...
Era
uma jovem que falava, é bom que se diga, nesse tempo apocalíptico... Joteli não perdeu tempo. Perguntou a sua
sobrinha quem é que a jovem namorava.
—
Fulano... Respondeu-lhe ela, estranhando a pergunta.
—
Não senhora — esclareceu-lhe meu secretário —, ela disse que namorava com
fulano, mas não ele. Namorar pede complemento direto. Namora-se alguém e não
com alguém. A não ser que esse alguém esteja na companhia de quem esteja
namorando. Ou seja, "segurando vela", como se diz popularmente.
—
Ficou claro, agora, amiga leitora? Namora-se fulano ou fulana. Namorar com
fulano não é a mesma coisa que namorar fulano, ora, pois...
O
verbo expressa movimento, ação e mesmo estado. Pode exigir ou não uma
preposição para se ligar com a palavra ou expressão seguinte. No caso de namorar,
o verbo dispensa a preposição quando você quer dizer que namora alguém ou algo
figuradamente: Estou namorando aquela Ferrari há anos... Namorei minha esposa
três meses, antes de nos casarmos...
Há
casos, entretanto, nos quais o verbo fica no infinitivo. Um exemplo é quando
você diz a alguém que esteja curtindo suas férias em Machu Picchu, no Peru:
"Como eu gostaria de estar aí...". Isso mesmo, "estar" e
não "está", como algumas pessoas dizem e escrevem.
Outra
coisa: peru, angu, tatu, saci, ali, jabuti... Ou seja, palavras oxítonas
(última sílaba tônica) terminadas por i e u não são acentuadas, mas como
"a exceção confirma a regra" há casos em que isso ocorre...
—
Como assim, Bruxo? A regra não se aplica a todas as oxítonas terminadas em
"u" e em "i"? Explique-se!
—
Não fique bravo, meu caro, a exceção ocorre quando existe hiato no final da
palavra, que é aquele fenômeno no qual o "i" e o "u" se
separam das vogais que se juntam a eles na soletração. Exemplos: açaí, jaú...
Observe que, na silabação, a pronúncia dessas palavras é a- ça-í; ja-ú. Viu?
Simples assim.
—
O que houve com você, Machado? Agora resolveu ensinar português? Você nunca foi
disso...
—
Culpa sua, Joteli, que não quer mais falar de política e volta a esse tema tão
bem explorado por seu amigo Astolfo Olegário, no blog Espiritismo Século XXI.
Embora eu acredite mesmo é na leitura crítica e na escrita objetiva e clara, de
vez em quando é bom martelar as cabeças desse povo com nossa língua afiada. Um
dia, haverão de aprender...
—
Você já percebeu, Machado, que poucos sabem usar o verbo haver no sentido de
existir, ocorrer? É um tal de "houveram muitas vaias à mandatária da
nação", daqui, e de "haviam poucos deputados na Câmara" dali...
E não adianta lhes dizer que o correto é "houve muitas vaias" e
"havia poucos deputados"... Então, cansei! Quem desejar aprender a
escrever que leia, leia, leia...
—
E depois escreva, escreva, escreva...
—
Ler, reler o texto várias vezes, cortando os excessos, corrigindo os lapsos,
buscando sempre a objetividade e a clareza... Deixar cair, sem deixar de ser
simples!
—
Isso mesmo, Joteli! Somente assim your text will go down…
—
Na arte e na música, porém, Machado, o português é outra coisa. O que importa é
comunicar, quer ouvir? Clique aqui: http://letras.mus.br/adoniran-barbosa/43968/.
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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