Estudamos semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar, de
Londrina (PR), o livro “No Invisível”, um dos clássicos do Espiritismo, de
autoria de Léon Denis. São duas as turmas de estudo, uma na terça à noite, a
outra na quinta-feira à tarde.
Reproduzimos, em seguida, o texto do módulo concluído nesta
semana, cuja publicação tem por finalidade proporcionar, a quem se interessar,
a oportunidade de acompanhar o mencionado estudo.
Questões para
debate
A. Por que
a fusão das classes se deve efetuar, e com maior razão, nas associações
espíritas?
O Espiritismo
mesmo no-lo demonstra: nossas vantagens sociais são transitórias; o progresso e
a educação do Espírito o induzem a nascer e renascer sucessivamente nas mais
diversas condições de vida, a fim de adquirir os méritos inerentes a esses
meios. Ele põe em relevo, com um poder de lógica não alcançado por nenhuma
outra doutrina, a fraternidade e a solidariedade das almas, consequentes de sua
origem e de seus destinos comuns. A verdadeira superioridade consiste nas
qualidades adquiridas e se traduz principalmente por um sentimento profundo dos
nossos deveres para com os humildes e os deserdados deste mundo. Portanto,
qualquer separação de natureza social ou de classe é inconcebível numa
organização que se diz espírita. (No Invisível - O Espiritismo experimental:
X - Formação e direção dos grupos.)
B. É
preciso cuidado para se evitar a intrusão dos maus Espíritos nas sessões
mediúnicas?
Sim. Nunca
será demasiado lembrar os perigos que resultam da intrusão dos maus Espíritos
nas sessões de um grupo em formação ou nos ensaios de um médium insulado.
Muitas vezes são os nossos pensamentos que os atraem. Devemos, pois, abster-nos
de toda preocupação com negócios ou prazeres, e fixar o pensamento num elevado
objetivo, pondo-nos em harmonia de vistas e de sentimentos com as almas
superiores. Conservando-nos nesse estado de espírito, sentiremos baixarem sobre
nós correntes de energia, das quais ficaremos impregnados e que aumentarão a
sensibilidade de nosso organismo fluídico. (Obra citada - O Espiritismo
experimental: X - Formação e direção dos grupos.)
C. Que
tipos de perguntas podem ser formuladas aos Espíritos em nossas sessões
mediúnicas?
Podem-se
formular perguntas aos Espíritos sobre todos os problemas pertencentes ao
domínio da Filosofia e da vida social, sobre as condições de existência no
mundo espiritual, as impressões depois da morte, a evolução da alma etc. Todas
essas perguntas devem ser apresentadas pelo presidente do grupo, simples e
claras, sempre de ordem moral e desinteressadas. Evitar-se-ão, desse modo,
perguntas sobre interesses pessoais, tesouros ocultos e assuntos parecidos.
Cogitando somente dos assuntos elevados do Espiritismo, asseguraremos a
colaboração de Espíritos sérios, que consideram um dever de sua parte cooperar
em nosso adiantamento e educação. (Obra citada - O Espiritismo experimental:
X - Formação e direção dos grupos.)
Texto para leitura
390. É
sobretudo nas associações espíritas que a fusão das classes se deve efetuar. O
Espiritismo no-lo demonstra: as nossas vantagens sociais são transitórias; o
progresso e a educação do Espírito o induzem a nascer e renascer sucessivamente
nas mais diversas condições de vida, a fim de adquirir os méritos inerentes a
esses meios. Ele põe em relevo, com um poder de lógica não alcançado por
nenhuma outra doutrina, a fraternidade e a solidariedade das almas,
consequentes de sua origem e de seus destinos comuns. A verdadeira superioridade
consiste nas qualidades adquiridas e se traduz principalmente por um sentimento
profundo dos nossos deveres para com os humildes e os deserdados deste mundo.
391. Do
princípio, entretanto, à aplicação vai sensível distância. Se os progressos da
ideia espírita são menos acentuados na França que em certos países
estrangeiros, é sobretudo à indiferença, à apatia dos espíritos descuidosos que
esse estado de coisas se deve atribuir. Unicamente um reduzido número parece
preocupar-se com as responsabilidades contraídas. Força é reconhecer: são os
grupos operários que mais facilmente se organizam e mais subsistem. Seus
membros sabem encarnar em si as próprias crenças; compreendem-se, auxiliam-se
mutuamente por meio de caixas de socorros, com sacrifício alimentadas soldo a
soldo e destinadas a socorrer os que entre eles são visitados pela provação.
392. Alguns
desses grupos funcionam há dez ou vinte anos. Todos os domingos, à hora fixa,
se reúnem os seus membros para ouvir as instruções dos Espíritos. Sua assiduidade
é notável e neles a prática do Espiritismo produz sensíveis resultados. Aí
encontram eles um derivativo à sua vida de miséria e de trabalho, doces
consolações e ensinamentos. A descrição, feita pelos desencarnados, das
sensações que experimentam, da situação em que se encontram depois da morte, as
consequências dos maus hábitos contraídos durante a vida terrestre, tudo o que
esses colóquios põem em evidência os impressiona, comove e influi poderosamente
em seu caráter e em seus atos. Formam pouco a pouco opinião sobre as coisas do
Além; uma exata noção do objetivo da vida se lhes oferece e lhes torna a
resignação mais fácil, mais agradável o dever.
393. Já não
são as eruditas exortações de um pregador, as especulações de um professor de
Filosofia ou os ensinos rígidos de um livro: é o exemplo vivo, dramático, às
vezes terrível, que lhes dão os que eles conheceram, com os quais conviveram e
que colhem no Além os frutos de uma vida inteira; são as vozes de além-túmulo
que se fazem ouvir, em sua rude e simples eloquência, o apelo vibrante,
espontâneo do sofrimento moral, a expressão de angústia do Espírito culpado que
vê sempre se dissiparem as quimeras terrestres, se patentearem os seus erros e
atos vergonhosos, e que sente o remorso, como chumbo derretido, penetrar-lhe os
recessos da consciência, sutilizada pelo desprendimento de toda a matéria
corporal.
394. No dia
em que essas práticas se tiverem generalizado e em todas as regiões do Globo a
comunicação dos vivos com os mortos der ao homem o antecipado conhecimento do
destino e de suas leis, novo princípio de educação e regeneração terá surgido,
e com ele um incomparável instrumento de reação contra os mórbidos efeitos
produzidos sobre as massas pelo materialismo e a superstição.
395.
Constituído o grupo e composto de quatro a oito pessoas dos dois sexos, por
quais experiências se deverá começar? Se nenhuma mediunidade se tiver ainda
revelado, será bom começar pela mesa. É o meio mais simples, mais rudimentar;
por isso mesmo está ao alcance do maior número. Colocados alternadamente homens
e senhoras em torno de uma mesa leve, com as mãos espalmadas sobre a madeira
pura, os assistentes dirigirão um apelo aos seus amigos do Espaço, depois
ficarão à espera, em silêncio, com o desejo de obter alguma coisa, mas sem
pressão dos dedos, sem tensão de espírito.
396. É inútil
prolongar as tentativas por mais de meia hora. Quase sempre, desde a primeira
sessão, sentem-se impressões fluídicas; das mãos dos experimentadores se
desprendem correntes, que revelam, por sua intensidade, o grau de aptidão de
cada um deles; fazem-se ouvir crepitações no móvel, que acaba por oscilar,
agitar-se, e em seguida se destaca do solo e fica suspenso, apoiado sobre um
dos pés.
397. Convém
desde logo combinar um certo número de sinais. Pede-se à força-inteligência que
se manifeste batendo, ou com os pés ou no interior da mesa, um número de
pancadas correspondente ao das letras do alfabeto. Por esse modo podem ser
compostas palavras; um diálogo se estabelecerá entre o chefe do grupo e a Inteligência
invisível. Pode-se abreviar e simplificar o processo por meio de sinais
convencionais; por exemplo: uma pancada para a afirmativa, duas para a
negativa. Esse modo de comunicação, lento e fastidioso a princípio, virá com a
prática a tornar-se bastante rápido.
398. Quando
se conhecer quais são os médiuns, bastará colocá-los no centro do grupo, em
torno de um velador, a fim de acelerar os movimentos e facilitar as
comunicações, fazendo círculo os outros membros ao redor deles. Tendo-se o
prévio cuidado de colocar à mão algumas folhas de papel e lápis, as perguntas e
respostas serão fielmente transcritas. Desde que se tiver a Inteligência
revelado mediante respostas precisas, sensatas, características, poder-se-á
consultá-la sobre a constituição do grupo, as aptidões mediúnicas dos
assistentes, o rumo a imprimir aos trabalhos. Deve-se, todavia, estar de
prevenção contra os Espíritos levianos e fúteis que afluem em torno de nós e
não trepidam em tomar nomes célebres para nos mistificar.
399. Pode-se
experimentar simultaneamente por meio da mesa e da escrita. Os fenômenos desta
ordem conduzem geralmente a outras manifestações mais elevadas, ao transe ou
sono magnético, por exemplo, e à incorporação. Será conveniente, ao começo,
consagrar sucessivamente a esse exercício metade de cada sessão.
400. Quase
sempre cada um dos assistentes tem ao pé de si Espíritos desejosos de se
comunicarem e transmitirem afetuoso ditado aos que deixaram na Terra. Em todas
as sessões do nosso grupo os médiuns videntes descreviam esses Espíritos, e à
vista de certas particularidades de costumes, de certos sinais característicos,
a pessoa assistida reconhecia um parente, um amigo falecido, personalidades
que, muitas vezes, os médiuns não haviam conhecido.
401. O modo
de proceder, quanto à escrita automática, é muito simples. O experimentador,
munido de um lápis cuja ponta se apoia ligeiramente no papel, evoca mentalmente
algum dos seus e espera. Ao fim de certo lapso de tempo, extremamente variável,
conforme os casos e as pessoas, sente na mão, ou no braço, uma agitação febril,
que se vai acentuando; depois, um impulso estranho o faz rabiscar sinais
informes, linhas, garatujas. É preciso obedecer a esse impulso e submeter-se
com paciência a exercícios de estranho feitio, necessários, porém, para tornar
flexível o organismo e regularizar a emissão fluídica.
402. Pouco a
pouco, ao cabo de algumas sessões, aparecerão letras no meio dos sinais
incoerentes, depois virão palavras e frases. O médium obterá ditados, ao começo
breves, resumidos em algumas linhas, mas que se tornarão cada vez mais longos,
à medida que a sua faculdade se desenvolver. Virão por último instruções mais
positivas e extensas.
403. Durante
o período dos exercícios o médium poderá trabalhar fora das reuniões, a hora
fixa em cada dia, a fim de ativar o desenvolvimento de sua faculdade; logo que,
porém, for terminado esse período, desde que as manifestações revestirem
caráter intelectual, deverá evitar o insulamento, não trabalhar mais senão em
sessão e submeter as produções recebidas ao exame do presidente e dos guias do
grupo.
404. Há
vários processos para facilitar a comunicação alfabética. Traçam-se as letras
em um quadrante, sobre cuja superfície gira um triângulo móvel. Basta o
contacto dos dedos de um médium para transmitir a esse leve aparelho a força
fluídica necessária. Sob essa influência o triângulo se desloca rapidamente e
vai designar as letras escolhidas pelo Espírito. Em certos grupos, as letras
são indicadas por meio de pancadas no interior da mesa. Outros se servem, com
resultado, da cestinha de escrever ou prancha americana. Os sistemas são
numerosos e variados. Pode-se ensaiá-los até que se tenha encontrado aquele que
melhor se adapta aos elementos fluídicos e ao gosto dos experimentadores.
405. Nunca
seria demasiado insistirmos sobre os perigos que resultam da intrusão dos maus
Espíritos nas sessões de um grupo em formação ou nos ensaios de um médium
insulado. Muitas vezes são os nossos pensamentos que os atraem. Abstende-vos,
pois, em vossas reuniões – diremos aos investigadores sinceros – de toda
preocupação de negócios ou prazeres. Não deixeis flutuar o pensamento em torno
de vários assuntos, mas fixai-o num elevado objetivo; ponde-vos em harmonia de
vistas e de sentimentos com as almas superiores.
406. Conservando-vos
nesse estado de espírito, sentireis pouco a pouco baixarem sobre vós correntes
de energia, das quais ficareis impregnados e que aumentarão a sensibilidade de
vosso organismo fluídico. Efêmera e intermitente ao começo, essa sensibilidade
se acentuará e tornará permanente. Vosso perispírito, dilatando-se,
purificando-se, ganhará mais afinidade com os Espíritos-guias e faculdades
ignoradas se vos revelarão: mediunidade vidente, falante, auditiva, curadora
etc.
407. Mediante
o aperfeiçoamento e a elevação moral é que adquirireis essa profunda
sensibilidade, essa sensitividade psíquica que permite obter as mais altas
manifestações, as provas mais convincentes, de mais positiva identidade.
408. Orai ao
começo e ao fim de cada sessão; ao começo, para elevardes vossas almas e
atrairdes os Espíritos esclarecidos e benevolentes; ao terminar, para agradecer
os benefícios e ensinos que houverdes recebido. Seja a vossa prece curta e
fervorosa, e muito menos uma fórmula que um transporte do coração.
410. Não é
indispensável fazer evocações determinadas. Em nosso grupo raramente as
praticávamos. Preferíamos dirigir um apelo aos nossos guias e protetores
habituais, deixando a qualquer Espírito a liberdade de se manifestar, sob sua
vigilância. O mesmo acontece em muitos grupos de nosso conhecimento. Assim cai,
de si mesmo, por terra o grande argumento de certos adversários do Espiritismo,
no sentido de ser reprovável entregar-se a evocações e constranger os Espíritos
a voltarem à Terra. O Espírito, como o homem, é livre e não responde, senão
quando lhe apraz, aos chamados que lhe são dirigidos. Toda injunção é vã; toda
encantação é supérflua. São processos arranjados para iludir as gentes simples.
411. É
excelente começar as sessões por uma leitura séria e atraente, feita de uma das
obras ou revistas espíritas escolhidas. Essa leitura deve ser objeto de
comentários e permuta de apreciações entre os assistentes, sob a direção do
presidente. Acontece com frequência que as comunicações dadas pelos Espíritos,
em seguida a tais leituras, se referem aos assuntos discutidos e os
desenvolvem, completando-os. É esse um modo de ensino mútuo, que nunca seria
demais recomendar.
412. Podem-se
também formular perguntas aos Espíritos sobre todos os inúmeros problemas
pertencentes ao domínio da Filosofia e da vida social, sobre as condições de
existência no mundo espiritual, as impressões depois da morte, a evolução da
alma etc. Todas essas perguntas devem ser apresentadas pelo presidente, simples
e claras, sempre de ordem moral e desinteressadas.
413.
Interrogando os invisíveis sobre interesses pessoais, tesouros ocultos, etc.,
pedindo-lhes a revelação dos sucessos futuros, formando pactos cabalísticos,
fazendo uso de emblemas, talismãs, fórmulas extravagantes, não somente se
oferecerá margem à crítica e à zombaria, mas serão atraídos os Espíritos trocistas
e ficar-se-á exposto às ciladas em que são vezeiros. Cogitando, ao contrário,
dos assuntos elevados do Espiritismo, nos asseguramos a colaboração de
Espíritos sérios, que consideram um dever de sua parte cooperar em nosso
adiantamento e educação. Empreendendo essa ordem de estudos, não tardaremos a
reconhecer a rica extensão e variedade dos ensinos espíritas e quão fácil se
torna resolver, com o seu auxílio, mil problemas até hoje inextricáveis e
obscuros.
414. Se o
concurso dos Espíritos superiores é desejável e deve ser procurado com empenho,
o dos Espíritos vulgares e atrasados tem algumas vezes sua utilidade. Convém
reservar-lhes um lugar nos trabalhos dos grupos solidamente constituídos e que
contam com suficiente proteção. Em virtude de sua própria inferioridade, eles
proporcionam um motivo de estudo bem característico; sua identidade se
patenteia às vezes com indícios pessoais que impõem a convicção. A situação que
ocupam no Espaço e as consequências que resultam de seu passado são elementos
preciosos para o conhecimento das leis universais.
415. Certos
grupos adotam como tarefa especial evocar os Espíritos inferiores e, mediante
conselhos e exortações, instruí-los, moralizá-los, ajudá-los a desembaraçar-se
dos laços que ainda os prendem à matéria. É das mais meritórias essa missão:
exige a perfeita união das vontades, uma profunda experiência das coisas do
invisível, que só se encontra nos meios de longa data dedicados ao Espiritismo.
416. Nos
casos em que faltem os médiuns, ou sejam improdutivos, não deve ficar por isso
o grupo reduzido à inação. A exemplo das sociedades ou agremiações científicas,
deve ele procurar um alimento em todas as questões relacionadas com o objeto de
suas predileções, as quais serão postas na ordem do dia e, do mesmo modo que as
leituras de que falávamos acima, comentadas e discutidas, com grande
aproveitamento para os ouvintes.
417. De
tempos a tempos podem algumas sessões ser consagradas a conferências ou
palestras, terminadas as quais cada um apresentará seus argumentos e objeções.
Por essa forma os trabalhos de um grupo se tornarão não só um excelente meio de
instrução, mas também um exercício oratório que virá preparar os seus membros
para a propaganda pública.
418. Aparelhando-se para as discussões e as justas da palavra,
poderão estes tornar-se úteis defensores e propagandistas da ideia espírita. É
sempre em debates dessa natureza que se formam os oradores; por esse meio é que
eles adquirem a eloquência, esse dom de emocionar as almas, empolgá-las para um
elevado objetivo. Os adeptos do Espiritualismo não devem desprezar nenhum meio
de se preparar para as vindouras lutas, de se apropriar desse duplo poder da
palavra e da sabedoria, que permite a uma doutrina afirmar-se vitoriosamente em
nosso mundo.
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