quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Pérolas literárias (122)


Infância
 
Antônio Furtado

Esse vaso de fina porcelana
Que cintila,
Antes de erguer-se, em forma soberana,
Era simples argila.

O rio que o sol beija em ondas de ouro,
Nas planícies amenas,
Era no nascedouro
Um fio de água apenas.

A laranjeira, em pomos tentadores,
Que se eleva e domina,
Antes de ser perfume, seiva e cores,
Era pobre semente pequenina.

O homem que exprime as glórias da consciência
Com o verbo claro e terso,
Antes de ser o herói da inteligência,
Era uma flor no berço.

Se almejas profligar o mal sem medo,
Na suprema reentrância,
Educa, meu amigo, enquanto é cedo,
O coração da infância.


O poeta Antônio Furtado nasceu em Quixeramobim, Ceará, em 14 de junho de 1893, e faleceu em Fortaleza, no mesmo Estado, em 26 de agosto de 1937. Poeta, crítico, contista e jurista, concluiu o bacharelado na Faculdade de Direito do Ceará em 1916, da qual veio a ser professor catedrático. O poema acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra mediúnica psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
 

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