sábado, 30 de julho de 2016

Contos e crônicas



Nunca mais voltaram...

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Conta-nos o espírito Valérium que um cidadão filantropo, bondoso, mas cheio de cautelas, antes de ajudar algum necessitado, foi procurado por uma jovem humilde e bem vestida que lhe pediu, constrangida, ajuda para uma cirurgia urgente em cidade distante e de maiores recursos. O homem prometeu ajudá-la, mas antes solicitou uma sindicância sobre a real situação da moça. Cinco dias depois, soube que se tratava de pobre viúva. Pediu-lhe, então, que procurasse um médico amigo, o qual confirmou o diagnóstico e a necessidade urgente de cirurgia. O benfeitor ficou satisfeito e se propôs a socorrer a jovem, mas antes, temendo mau juízo dos vizinhos, julgou melhor esperar pela esposa dele, que voltaria de viagem na semana seguinte. Com a chegada da esposa, dirigiram-se à casa da pobre viúva; mas, ao chegarem lá, ficaram sabendo que ela falecera na véspera (VIEIRA, W. Bem-aventurados os simples. Ed. FEB, cap. 35). Moral da história: ajuda que chega tarde é recusa.
Manoel Bandeira disse, em seu poema intitulado O bicho, que ficou chocado ao ver um bicho-homem catar comida entre os detritos do pátio e devorá-la sem exame. 
A história, mais uma vez, se repete. Também eu, passando, hoje, por uma grande lixeira com sobras de alimentos e detritos malcheirosos, localizada à frente de alguns bares, observei não um, mas dois “bichos” revirando, catando e comendo xepas que lhes pareciam reaproveitáveis.
Era um casal jovem. O rapaz mordia vorazmente uma maçã e revirava o lixo, auxiliado pela moça.
Nenhum deles me viu, quando parei, poucos metros adiante, penalizado. Continuavam remexendo a lixeira, em busca de mais comida, quando me materializei a sua frente, tirei do bolso vinte reais e lhos ofereci. Agradeceram, comovidos, ao me ouvirem dizer com minha boca de agênere1: — Peguem o dinheiro e vão fazer um lanche saudável...
Afastei-me dali sem olhar para trás; mas, enquanto andava, lembrei-me de outra cena ocorrida há 120 anos... Deitado e abraçado em banco de mármore, à frente de minha casa no Cosme Velho, imaginei ver um casal de crianças. Pareciam dois anjinhos, belos e sujinhos, descalços e maltrapilhos, que sonhavam com um banquete no céu. O que a mim me parecia linda menina de cabelos longos, muito pretos, descobri, mais tarde, ser o menino de seis anos abraçado ao irmão de oito anos.
Penalizado, aproximei-me e perguntei-lhes o que faziam ali, dormindo abraçados, às 9h da manhã, quando o sol já se fazia forte. Respondeu-me o mais velho que ali estavam desde a noite anterior, quando sua mãe os deixara e voltara ao morro da Penha, onde os três moravam em pequeno barraco. Era costume daquela mãe usar suas crianças para esmolarem diariamente. Se nada conseguissem, tinham que dormir na rua... Então, levei-os a minha casa.
Ali, constatei a ausência de Carolina e, sem pensar no mau juízo que poderiam fazer de mim os vizinhos, pedi às crianças para se banharem, enquanto eu preparava um lanche para ambos, que comeram, depois, com muito gosto e gratidão.
Ali, ouvi, do mais velho, narrações do “arco da velha”, tais como o hábito de ensacarem e malocarem, em bueiros, dinheiro recebido; de fingirem-se de abandonados (e estavam mesmo!) para receberem ajuda, etc. Com menos de dez anos, já tinham vivido o que não vivemos durante toda uma vida...
Não satisfeito, levei-os a uma loja de roupas infantis, comprei uma muda de roupa e um par de calçado para cada um, dei-lhes algo mais que o dinheiro da passagem e lhes pedi para voltarem outro dia, na companhia da mãe, e quando Carolina estivesse em casa.
Dias depois, as crianças voltaram a procurar-me, vestidas com as roupinhas novas, mas sem a presença da mãe. Dessa vez Carola estava em casa e já sabia da história. Foi ao encontro dos meninos comigo e lhes demos mais uma modesta ajuda financeira... Agora, entretanto, Carolina, que trabalhava numa instituição de assistência social, lhes recomendou pedir a sua mãe para levá-los lá, onde a família seria convenientemente atendida e orientada...
Nunca mais voltaram.

[1] Agênere: espírito materializado, que se confunde com uma pessoa viva.


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Um comentário:

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