quarta-feira, 20 de julho de 2016

Pílulas gramaticais (214)



Um leitor pergunta-nos se a palavra “constroem”, forma verbal do verbo construir, é escrita assim mesmo, sem acento gráfico.
Sim, “constroem” não necessita de sinal gráfico.
O motivo é que se trata de uma palavra paroxítona (palavra em que a sílaba tônica é a penúltima) terminada com a letra “m”. É pelo mesmo motivo que não têm acento gráfico:
- movem
- cantem
- roem
- estudam.
Outra questão proposta por ele diz respeito à regência do verbo “ver”.
No sentido de avistar, perceber pela visão, olhar para, contemplar, alcançar com a vista, enxergar, divisar, distinguir, o verbo “ver” pede objeto direto:
- Eu vi o acidente.
- Eu vi meu velho avô.
- Eu o vi hoje.
- Nós vimos nossa tia.
- Nós a vimos ontem.
Constitui erro – o chamado solecismo de regência – dizer: “Eu lhe vi”.

*

Um leitor estranhou o uso das palavras “cretino” e “idiota” mencionadas por Allan Kardec na pergunta relativa à questão 373 d´O Livro dos Espíritos. Não se trata, porém, de desconsideração para com os portadores de deficiência mental, os quais têm sido modernamente, pelo menos aqui no Brasil, designados pela palavra “excepcionais” e, mais recentemente, pelo vocábulo “especiais”.
Cretino (fr. crétin) é um termo técnico que designa, em Medicina, quem sofre de cretinismo.
Da mesma forma, idiota designa aquele que sofre de idiotia, termo que em Psiquiatria significa atraso intelectual profundo, caracterizado por ausência de linguagem e nível mental inferior ao da idade normal de três anos, e muitas vezes acompanhado de malformações físicas.
Com esse sentido é que ambas as palavras foram utilizadas por Allan Kardec, que, se vivesse em nossa época e no Brasil, provavelmente se expressaria de forma diferente.



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