Inteligência & memória
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Leitor
amigo hoje falar-te-ei sobre um assunto que muito te interessa: memória e
inteligência. Como escrevo por meio do meu secretário meio desmemoriado, que
resolveu colocar água no fogo para fazer um cafezinho para tomarmos dentro em
pouco, pedi-lhe para anotar minhas ideias primeiro no papel, para não esquecer
a água fervendo na chaleira, como já lhe ocorreu algumas vezes, em vista de seu
avançado DNA (data de nascimento antigo).
—
Combinado, mestre, tomarei nota com “um olho no padre e o outro na missa”.
—
Antes, olho na água e no papel, seu desmiolado.
Agora,
ele parou, deu uma olhada na água, verificou que ainda não ferveu, jogou o café
velho da garrafa no chão, deitou o açúcar na pia, colocou o pó na garrafa, o coador
na água quente e voltou a sintonizar comigo com suas ideias obnubiladas.
Não
ria, leitora, pois eu também, quando preso ao barro físico, precisava anotar
tudo para não esquecer algo; inclusive anotava que era preciso anotar algo.
Memória nunca foi meu forte.
Neste
exato momento, o leitor de boa memória está tirando onda e falando com seu
umbigo:
—
Se fosse comigo, seria diferente, sou muito mais inteligente. Minha memória é
excelente.
Até
rimou, mas não me convenceu. Conheci gente de memória excepcional e, no
entanto, verdadeiro estrupício em situações que testavam seus conhecimentos.
Não gostavam de ler, detestavam escrever. Não conseguiam ficar muito tempo
atentos a uma palestra ou aula... E o de que gostavam mais, em 1850, eram jogos
de Super Mário Bros, ObamaCare, The
Adventure Continues, etc.
Xadrez?
Nem pensar! Só mesmo a elite do Club
Beethoven gostava desse jogo.
O
gênio é como a luz. A do pirilampo ilumina apenas a si mesmo e sua passagem
rápida pela noite. A da estrela, porém, é tanto mais intensa quanto maior é sua
magnitude. Isso pouco tem a ver com o tamanho do astro ou com o tamanho da
pessoa ou de sua cabeça; com meus pedidos de desculpas ao Rui Barbosa, que
franze o cenho ao meu lado. Cabeção!
A
genialidade requer crescimento em outro sentido, aliado à capacidade criativa
pessoal, que alimente seus devaneios, além da vontade incessante em aprender
para melhor discernir...
Tudo
isso, todavia, não basta. É preciso praticar o que se aprende, sem medo de
errar, humildade em reconhecer seu erro e esforço em se corrigir... O
verdadeiro sábio é, antes de mais nada, humilde.
Quanto
à memória, como qualquer deficiência orgânica, pode ser melhorada com a
ingestão de óleo de peixe, vitaminas e sais minerais.
Também
não adianta ter boa memória e preguiça física e mental. Como disse Thomas
Édson: “a genialidade se faz com noventa e nove por cento de transpiração e um
por cento de inspiração”.
Por
fim, lembra-me que conhecimento não é sinal de inteligência e, sim, de acúmulo
de informações. O que faremos com isso é que faz a diferença. Há pessoas que
acumulam diversos títulos acadêmicos, mas, na vida de relações práticas são
verdadeiros fracassos. Falta-lhes traquejo...
Queres
ser gênio, amigo leitor? Siga o conselho dos sábios: seja humilde, persistente
nos estudos, nas boas obras e... cuidado! Não tentes enganar ninguém.
Com
trabalho perseverante e incansável vontade de aprender, esforça-te para aplicar
todos os teus conhecimentos na vida prática.
Por
fim, seja criativo e autêntico, pois é isso que faz a diferença...
—
Joteli!
—
Diga, Machado.
—
Acenda o fogo.
—
Que fogo?
—
Da água do café.
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