Adeus, grupo
Hilário Silva
É
sabido que o pessoal das trevas desenvolve grandes atividades no plano
espiritual ligado ao plano físico, aí efetuando muitas reuniões.
Num
encontro desses, que nós mesmos presenciamos, um chefão das forças do
desequilíbrio buscava o pronunciamento de algumas dezenas de assessores e
assalariados.
O tema
em exame era a destruição de um grupo de tarefas espíritas cristãs, cujas
funções se iniciariam.
Fornecemos
aqui um resumo do entendimento havido, relacionando sugestões de vários dos
irmãos infelizes e as respostas do inteligente diretor do referido trevoso
simpósio:
–
Podemos atacar os componentes da equipe com moléstias imaginárias...
– Isso
não adianta. Existe presentemente no mundo, vasto número de estudiosos com a
possibilidade de anular hipnoses e sanar obsessões.
–
Detonaremos calúnias e injúrias sobre os associados...
– Não
dará resultado – comentou o chefe – porquanto na atualidade os seguidores do
Evangelho de Jesus estão progredindo no perdão das ofensas.
–
Atiraremos filhos e netos contra os pais e avós...
–
Também não. Sabemos que os pais e os avós costumam trazer o coração mole e
passam facilmente por cima de qualquer ingratidão dos descendentes.
–
Aumentaremos as tentações das posses e riquezas...
– Este
argumento não cabe aqui. As leis evoluíram e as posses e as riquezas na Terra
estão fiscalizadas e prejudicadas por impostos e exigências coercitivas.
–
Faremos a desarmonia entre os casais, arremessando as esposas contra os maridos
e os maridos contra as esposas...
– É
inútil. Os homens e as mulheres sempre encontram parceiros para reajustes e
acomodações.
Os
pareceres prosseguiam acesos, quando um dos presentes falou, sorrindo:
–
Tenho um plano que dará certo, segundo creio...
A
turma se colocou atenciosamente na escuta e o esperto interlocutor continuou:
–
Vocês todos sabem que os cristãos reencarnados, incluindo os espíritas, são
pessoas semelhantes a nós mesmos, pelas tendências inferiores e pelos
sentimentos imperfeitos que carregam. A única diferença entre eles e nós é a de
que estão fazendo pela própria regeneração, tentando isso com muitas
dificuldades. E todos nós, por aqui, estamos informados nos tempos últimos de
que os chamados movimentos de fofocagem são altamente produtivos em desunião. A
fofoca é invenção nossa, traduzindo zombaria em torno das criaturas, a fim de
impedir-lhes o avanço na direção do aperfeiçoamento que não temos. Nós aqui
somos capazes de repelir qualquer inteligência que nos ponha os defeitos à mostra.
Brigamos, protestamos e, se preciso, vamos à pancadaria e ao pugilato. Pois,
entre os espíritos reencarnados, a situação é a mesma... Faça-se a empresa de
fofocagem e coloquemos o pessoal nos testes do melindre e estejamos convencidos
de que esses companheiros mergulhados em sonhos de renovação não se aguentam
juntos. Vendo-se apontados nas deficiências de que são portadores, não se
tolerarão e “Adeus, Grupo”... Sugiro a fofocagem... A fofocagem não falha...
O
chefão das trevas desferiu enorme gargalhada, em sinal de aprovação e anunciou
em voz alta:
–
Muito bem... Estamos nessa...
Em
poucas semanas, os amigos que se iniciavam em serviço de elevação na vida
interior estavam desgostosos, infelizes e a palavra de todos parecia untada de
fel e recheada com vinagre, nas queixas recíprocas.
A
agremiação nascente não chegou a ser fundada em definitivo e nós, os
observadores do assunto, fomos obrigados a repetir com o matreiro obsessor: –
“Adeus, Grupo...”
Do livro Tende bom ânimo, obra mediúnica
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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