A vida faz algum sentido?
No mesmo jornal – Gazeta do Povo, de Curitiba – com
diferença de apenas 15 dias, lemos as declarações abaixo, dadas por pessoas
formadas na mesma disciplina, a Psicologia:
“Acho que a gente
procura sentido demais para a vida. Uma das razões para a infelicidade, acho,
vem dessa incapacidade de viver com leveza, de conviver com o fato de que a
vida não tem sentido.” (Contardo
Calligaris, psicanalista italiano.)
“O desenvolvimento
da dependência está relacionado a cinco componentes: familiar, psicológico,
biológico, espiritual e social. (...) o componente espiritual tem a ver com a
percepção de sentido para a vida. É muito menor a experimentação de drogas e a
repetição do uso entre jovens que têm relação com a espiritualidade.” (Raphael Mestres,
psicólogo, mestrando em Dependências Químicas pela Universidad del Salvador, em
Buenos Aires, e coautor do livro Não dá
nada, sobre dependência química.)
A vida, segundo o
psicanalista Calligaris, não tem sentido. Diferente é a opinião das pessoas a
quem o psicólogo Raphael Mestres se refere.
Afinal, a vida tem
ou não tem sentido?
É claro que a vida
tem, sim, sentido. Ela não é um tiro no escuro, nem uma novela a que falta um
editor ou uma direção.
O leitor pode pensar
que é dogmaticamente que nos expressamos, ignorando que a doutrina espírita não
é feita de dogmas, nem é fruto de decisões conciliares ou de decretos papais.
Muito diferente disso, ela se fundamenta no depoimento, confirmado milhares de
vezes, de pessoas que também nutriam pensamentos equivocados, mas um dia,
retornando à vida verdadeira, tiveram de rever seus conceitos.
Reportamo-nos a isso
em dezembro de 2014 quando comentamos o livro Perante Deus, a primeira obra de autoria de Erick, pseudônimo
utilizado por ilustre escritor brasileiro, que a transmitiu por intermédio da
médium Célia Xavier de Camargo, nossa companheira de redação no jornal O Imortal e na revista O Consolador.(1)
A visão que Erick
tinha da vida e do mundo, quando estava encarnado, era totalmente diversa da
visão de Erick-desencarnado.
Inconformado com as
desigualdades, as injustiças e as mazelas da sociedade terrena, Erick
rejeitara, em vida, a ideia de Deus e, como consequência, tudo quanto
decorresse daquilo que chamamos fé. A vida, para ele, como o é para Contardo
Calligaris, não tinha sentido.
Adveio-lhe, no
entanto, a bendita desencarnação e Erick pôde, enfim, perceber com os próprios
olhos que a vida e o mundo obedecem a um planejamento meticuloso e que, na
execução desse planejamento, é forte a presença do Criador e dos Benfeitores
espirituais que a bondade do Pai permite que nos assistam, para que não nos
afastemos do rumo que é preciso seguir para atingirmos a meta para a qual todos
fomos criados.
Lemos na principal
obra espírita a seguinte resposta dada pelos imortais à pergunta “Qual o
objetivo da encarnação dos Espíritos?”:
“Deus lhes impõe a
encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para
outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as
vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda
outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte
que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o
Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim
de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que,
concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
questão 132.)
Que existem muitos
Ericks por aqui, cremos que ninguém ignora.
É, porém, uma pena
que seja preciso que desencarnem para alterarem sua visão com respeito à vida,
ao mundo e, sobretudo, com relação a Deus, nosso Criador, a quem tudo devemos.
(1) O texto mencionado,
intitulado A
presença de Deus no mundo, foi publicado neste blog. Eis o link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/12/reflexoes-luz-do-espiritismo.html
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