Fazer o bem é importante?
Discutia-se entre
alguns amigos qual teria sido a contribuição de natureza doutrinária mais
significativa que nos foi trazida pelo Espiritismo.
Todos mencionaram,
obviamente, os princípios fundamentais da doutrina espírita – a existência de
Deus, a imortalidade da alma, a pluralidade das existências, a lei de causa e
efeito e o intercâmbio entre os homens e os Espíritos –, aos quais já nos
referimos neste mesmo espaço.
Um dos amigos,
porém, pôs sobre a mesa uma questão pouco discutida no meio espírita, mas de
enorme importância para o futuro de todos nós. Referimo-nos à questão 642 d´O Livro dos Espíritos, em que Allan
Kardec formulou aos Espíritos a seguinte pergunta:
– Para agradar a Deus e assegurar a sua
posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?
Antes de ver a
resposta dada pelos imortais, é importante lembrar que o tema “o bem e o mal”
já havia sido objeto de outra pergunta apresentada pelo codificador do
Espiritismo:
– Como se pode distinguir o bem do mal?
Eis a resposta que
lhe deram os instrutores espirituais:
“O bem é tudo o que
é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem
é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.” (O Livro dos Espíritos, questão 630.)
A resposta obtida
por Kardec suscitou duas outras questões, publicadas na mesma obra, que importa
relembrar:
– O homem tem meios de distinguir por si mesmo o que é
bem do que é mal?
“Sim, quando crê em
Deus e o quer saber. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro.”
(O Livro dos Espíritos, questão 631.)
– Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se
na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando em realidade
pratica o mal?
“Jesus disse: vede o
que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não
vos enganareis.” (L.E., 632.)
Jesus referiu-se ao
tema que ora examinamos na parte final do discurso anotado por Mateus e que
passou à história do Cristianismo com o nome de Sermão da Montanha. Suas
advertências foram na ocasião bastante claras e facilmente inteligíveis:
“Nem todo aquele que
me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a
vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor,
Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos
os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos
conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! (Mateus, 7:21-23.)
Notemos todos que a
frase dita por Jesus diz respeito a fazer
a vontade de nosso Pai, e não apenas ensiná-la, professá-la ou nela crer.
Pois bem. A resposta
dada pelos instrutores espirituais à pergunta 642 d´O Livro dos Espíritos, que mencionamos inicialmente, não poderia
ser diferente da que Kardec obteve e publicou:
– Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura,
bastará que o homem não pratique o mal?
“Não; cumpre-lhe
fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja
resultado de não haver praticado o bem.” (O
Livro dos Espíritos, questão 642.)
E os instrutores
acrescentaram:
“Não há quem não
possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Basta
que se esteja em relações com outros homens para que se tenha ocasião de fazer
o bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não se ache cego pelo
egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em
ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a
ser necessário.” (L.E., questão 643.) (Negritamos)
A lição que colhemos
nas palavras acima é por demais óbvia: fazer o bem é importante e essencial à
vida... e não há quem não possa fazê-lo.
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