Por que tantos jovens têm optado pelo terrorismo?
O filósofo francês
Gilles Lipovetsky(1) manifestou certa
vez sua preocupação com o desalento da juventude dos nossos tempos e há, na
atualidade, quem veja nesse desalento juvenil uma das causas que teriam levado
tantos jovens radicados no Ocidente a aderirem à ideologia disseminada em nosso
mundo pelo grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico. Segundo notícias
divulgadas pela grande imprensa, metade dos militantes que lutam no Iraque e na
Síria são estrangeiros.
Por que o desalento?
Existem, como
sabemos, inúmeras causas pelas quais uma pessoa pode ser levada a esse estado.
A falta de um sentido para a vida é, seguramente, uma delas, o que ressalta com
toda a clareza nas ideias emitidas pelo pensador a que nos referimos.
Vejamos o que ele
declarou oportunamente em uma entrevista concedida ao Globo Universidade, ao
abordar o tema felicidade:
O sofrimento faz
parte da vida e não pode ser ignorado. O problema é que hoje o sofrimento não tem mais sentido, não existe mais razão para
isso. Antes, havia um sistema, como a religião, que dava sentido ao
sofrimento, mas hoje é sempre visto como um mal. Apesar de a modernidade ter
facilitado alguns aspectos da vida, diminuindo essa percepção, também trouxe
muitas dificuldades. (Negritamos.)
Atualmente, podemos
observar uma espiral da taxa de depressão entre as pessoas. Existem duas razões
para isso. Primeiramente, a sociedade se tornou muito mais incerta, temos menos
repetição, tudo muda o tempo inteiro, temos mais competição de forma que as
pessoas ficam mais desestabilizadas.
Além disso, não
estamos mais habituados a suportar momentos difíceis. Quando não estamos
felizes, achamos que existe algo de errado com a gente, pois vivemos em uma
sociedade publicitária que nos mostra por meio das propagandas, das
celebridades e do cinema imagens de felicidade.
Hoje, por exemplo,
as crianças são criadas para não sofrer. Antigamente, elas eram criadas de uma
forma mais dura para a sua própria proteção, para que elas se tornassem mais
resistentes. Hoje, os jovens se tornaram mais frágeis e o aumento das taxas de
suicídio reflete um pouco isso. Os indivíduos contemporâneos são criados para
serem felizes. Não podemos mais sofrer. (Leia
a entrevista completa em http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2012/10/entrevista-gilles-lipovetsky-aborda-o-papel-do-consumo-na-atualidade.html
.)
Toda vez que alguém
se refere à falta de um sentido para a vida, mais se fortalece em nós a
importância da divulgação dos ensinamentos espíritas, que nos mostram com
notável nitidez as razões pelas quais estamos aqui e por que, no mundo em que
vivemos, há tantas mazelas, tanta maldade, tanto sofrimento.
Em que fonte buscou
o filósofo a ideia de que hoje o sofrimento não tem mais sentido? Por acaso
ignora os efeitos do sofrimento na vida de uma pessoa que jamais deu ouvido aos
conselhos e às orientações dos que fizeram de tudo para ajudá-la?
A literatura
espírita oferece-nos exemplos incontáveis de como se dá o processo que nos
conduz à perfeição, meta para a qual fomos criados, e nos fala também acerca
dos inúmeros recursos de que a Providência se vale para que ali cheguemos.
O processo
reencarnatório, as provas e a educação são alguns deles, mas a enfermidade, as
vicissitudes e o sofrimento também o são e – como é fácil perceber –
absolutamente necessários no planeta em que vivemos, onde, dada a sua natureza
e à qualidade dos Espíritos que aqui reencarnam, o mal impera soberano e
continuará a fazê-lo por um bom tempo.
(1) Gilles Lipovetsky, nascido em
24/9/1944, é um filósofo francês, teórico da Hipermodernidade, autor dos livros
A Era do Vazio, O luxo eterno, A terceira
mulher, O império do efêmero, A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade
do hiperconsumo, entre outros.
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