sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas






Memórias do Padre Germano

Amalia Domingo Soler

Parte 12 e final

Concluímos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na 21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo tenha constituído para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
O presente estudo compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Seis horas depois de nascer, um bebê foi arrojado ao mar por sua própria mãe. Há alguma explicação para isso?
B. Que ensinamento podemos extrair do caso Vilfredo?
C. Quem foi Maria do Milagre?
D. Padre Germano também fazia curas?
E. Em que ano foi concluída a redação deste livro?

Texto para leitura

157.  No cap. 31, Padre Germano relata uma história comovente de um bebê que, com seis horas apenas de nascido, foi arrojado ao mar por sua própria genitora, infeliz mãe desesperada que buscava fugir de si mesma. (P. 337)
158. Germano diz que o Espírito daquela criança foi um desses cegos que tropeçou e caiu repetidas vezes, mas chegou, finalmente, a reconhecer os próprios erros. Senhor dos mares, muita gente – crianças, mulheres, velhos... – sofreu sob o jugo do seu despotismo. Um dia, nascido na maior das misérias, ele cresceu a mendigar o próprio alimento, até à idade em que pôde entregar-se a trabalhos mais rudes. Empregou-se então como grumete de uma galera que fora aprisionada em águas da Índia, exatamente nas paragens onde, no passado, ele, como pirata, semeara o terror e a morte. (PP. 338 e 339)
159. A tripulação da nave foi toda passada ao fio da espada, ao passo que a ele concederam a vida, para o internar na Índia e submetê-lo, durante quarenta e cinco anos, aos mais horrendos tratos, em que sofreu, alternativamente, os suplícios da água e do fogo, o corpo picado de flechas, quando não arrastado à cauda de fogosos cavalos. Curiosamente, não havia tortura que lhe causasse a morte, pois que todas as feridas se lhe curavam naturalmente. (P. 339)
160. Vilfredo – eis o seu nome –, passados esses anos de crudelíssimos tormentos, teve, ainda, várias encarnações e em todas elas veio a perecer no mar, cenário dos seus crimes, lugar no qual contraiu as maiores responsabilidades. Ele, na verdade, desejaria viver para progredir, mas esse gozo não lhe pôde ainda ser outorgado, e é essa a razão por que a vida sempre se lhe frustra aos primeiros anos. Tantas crianças deitou ao mar quando estorvavam suas viagens, que justo é sucumbir do mesmo modo. Surdo aos lamentos de tantas mães desoladas, justo é que as ondas fiquem surdas aos lamentos de sua mãe arrependida. (P. 340)
161. Padre Germano, narrando o caso Vilfredo, ensina que a lei de Deus é sempre o bem e, para que um ser morra, não é preciso que haja assassinos. O homem morre, naturalmente, quando lhe chega a hora, e salva-se quando tem de salvar-se, ainda em meio aos maiores perigos. Quando isso se dá, dizem que foi obra do acaso ou um milagre. Mas não há milagre nem casualidade: o que há e haverá, eternamente, é justiça, e justiça infalível! (P. 340)
162. Todo aquele que se regozijou com as dores alheias não tem o direito de ser feliz. A ventura não se usurpa, mas obtém-se por direito divino, quando se têm cumprido todos os deveres humanos. Eis por que Vilfredo não pôde ainda ser feliz. Homem, não amou a Humanidade. Forte, oprimiu os fracos. Talentoso, só utilizou seu talento para o mal. Nada mais justo, portanto, que a vida lhe seja peregrinação penosíssima e que a Natureza só lhe proporcione pungentes espinhos. (P. 341)
163. A esperança, porém, existe para ele e todas as pessoas incursas nas penas da lei incorruptível. Também para ele haverá, um dia, uma família, na qual encontrará mãe amorosa que viva a espreitar os seus sorrisos, esperando, ansiosa, o balbucio primeiro dos seus lábios. Não há inverno que não tenha primavera, como não há outono que não tenha estio. Um dia, pois, despontará para Vilfredo a aurora! (P. 343)
164. O cap. 32, intitulado “Os mantos de espuma”, é assinado por Maria do Milagre, que na última encarnação, tendo nascido menina, foi arrojada ao mar, numa cestinha de vime, em formosa manhã de primavera. Um menino, que contava então doze anos de idade, viu o berço e o recolheu, salvando a criança das águas, a qual, no mesmo dia, foi batizada com o nome de Maria do Milagre, visto que o povo simples daquela região considerara milagrosa a sua salvação. (PP. 345 e 346)
165. Filha do opulento amo do casal que a adotou e de nobre dama, que houve de ocultar a desonra dentro das paredes de um convento, Maria cresceu nos braços de Augusto, seu salvador, que mais tarde a ela se uniu em matrimônio. Aos dezesseis ela deu à luz um menino, que se chamou Rafael, cuja vinda tornou completa a felicidade da jovem mãe. (P. 346)
166. Certa tarde, estando Maria e o menino na praia, de repente uma onda mais violenta arrebatou o garoto e, vendo-o desaparecer nas águas, a mãe, sem medir o perigo, atirou-se no mar, vindo ambos a serem salvos por alguns pescadores que presenciaram a cena. O susto foi, porém, tão grande, que Maria perdeu inteiramente a razão, para só recuperá-la dois anos depois. (P. 347)
167. Maria enfrentou, inicialmente, um longo período de apatia, quando nada, nem mesmo o chamamento do filho, lhe despertava a menor emoção. Daí passou ela ao estado de loucura violentíssima, a reclamar internação, o que Augusto não consentiu, vivendo ele a penar dois anos, sem jamais perder a esperança de sua cura. Curiosamente, o verdadeiro pai da jovem contribuiu com largas somas de dinheiro para que não lhe faltasse o tratamento médico indispensável. E foi uma experiência do doutor que pôs fim à enfermidade, quando o médico fez com que mãe e filho passassem por situação idêntica à que originou a doença. (P. 347)
168. Desde então a cura de Maria do Milagre acentuou-se rapidamente e o melhor dos remédios era ver seu filho, mais formoso que os anjos, com seus cabelos de ouro, correndo daqui ou dali, para refugiar-se em seus braços. (P. 348)
169. No último capítulo, o de número 33, Padre Germano enaltece o valor do trabalho, dizendo: “O desenvolvimento de forças é a vida; a atividade é para o crescimento do homem o que o Sol é para a fecundação da Terra. Um dos vossos sábios contemporâneos afirmou que quem trabalha ora”. Considerando o sacerdote católico-romano como árvore seca e entendendo que todas as cerimônias religiosas eram insuficientes para engrandecer a alma, Germano buscava o trabalho onde o encontrasse. Era bastante ouvir falar de uma calamidade, para acorrer, solícito, e consolar os que sofriam. (PP. 350 e 351)
170. Foi assim que ele buscou socorrer uma família vitimada pela peste numa aldeia afastada da sua, de nome Santa Eugênia, de onde até o pároco havia fugido, de medo da doença. Valendo-se de sua força de vontade e da força magnética com que muitas vezes operou curas com um simples olhar, Germano foi e salvou todos aqueles a quem ali pôde acudir. (PP. 353 a 359)
171. No capítulo intitulado “Um adeus”, firmado por Amalia Domingo Soler em 12 de março de 1884, ela alude à sua experiência de quase um ano, durante o qual, numa casa à beira-mar, manteve contacto com o Espírito do Padre Germano, fato que deu origem a este livro. “Quantas vezes aí chegáramos lamentando as misérias humanas – diz Amalia –, para deixá-lo, lábios entreabertos em venturoso sorriso, murmurando com íntima satisfação: - A vida é bela, quando se confia no progresso infinito e se ama a verdade suprema, a eterna luz!” (PP. 361 a 365)
172. “Recordações”, página psicografada por Francisco Cândido Xavier e publicada inicialmente em “Reformador” no ano de 1932, narra a triste história do conde Henoch e sua mulher Margarida, que envenenou o próprio esposo para, dois anos depois, casar-se com seu cúmplice. Em tom comovente, o relato feito pelo Espírito do Padre Germano mostra a vida de Margarida no plano espiritual, onde durante vinte e cinco anos sofreu muito, e sua posterior reencarnação como Fera, nome pelo qual era conhecida a mulher andrajosa que, embora jovem, fazia rir quem lhe contemplasse o rosto monstruoso. A volta de Henoch, como filho de Margarida, constitui um dos pontos culminantes deste livro, pelo desprendimento, pelo amor e pelo carinho com que o rapaz se houve, submetendo-se a uma vida de privações apenas para socorrer aquela que fora sua mulher no passado. (PP. 367 a 378)

Respostas às questões preliminares

A. Seis horas depois de nascer, um bebê foi arrojado ao mar por sua própria mãe. Há alguma explicação para isso?
Fatos como esse têm sua causa no passado. O Espírito do bebê mencionado foi um desses cegos que tropeçou e caiu repetidas vezes, mas chegou, finalmente, a reconhecer os próprios erros. Senhor dos mares, muita gente sofreu sob o jugo do seu despotismo. Vilfredo (eis o seu nome) passou por diversos tormentos e em inúmeras encarnações veio a perecer no mar, cenário dos seus crimes, lugar no qual contraiu as maiores responsabilidades. Ele, na verdade, desejaria viver para progredir, mas esse gozo não lhe podia ainda ser outorgado, e é essa a razão por que a vida sempre se lhe frustra aos primeiros anos. Tantas crianças deitou ao mar quando estorvavam suas viagens, que justo é sucumbir do mesmo modo. Surdo aos lamentos de tantas mães desoladas, justo é que as ondas ficassem surdas aos lamentos de sua mãe arrependida. (Memórias do Padre Germano, pp. 337 a 340.)
B. Que ensinamento podemos extrair do caso Vilfredo?
Ao narrar esse caso, Padre Germano ensina-nos que a lei de Deus é sempre o bem e, para que um ser morra, não é preciso que haja assassinos. O homem morre, naturalmente, quando lhe chega a hora, e salva-se quando tem de salvar-se, ainda em meio aos maiores perigos. Quando isso se dá, dizem que foi obra do acaso ou um milagre. Mas não há milagre nem casualidade: o que há e haverá, eternamente, é justiça, e justiça infalível! Ademais, todo aquele que se regozijou com as dores alheias não tem o direito de ser feliz. A ventura não se usurpa, mas obtém-se por direito divino, quando cumprimos todos os deveres humanos. Eis por que Vilfredo não pôde ainda ser feliz. Homem, não amou a Humanidade. Forte, oprimiu os fracos. Talentoso, só utilizou seu talento para o mal. Nada mais justo, pois, que a vida lhe seja peregrinação penosíssima e que a Natureza só lhe proporcione pungentes espinhos. (Obra citada, pp. 340 e 341.)
C. Quem foi Maria do Milagre?
Maria do Milagre, em sua anterior encarnação, tendo nascido menina, foi arrojada ao mar, numa cestinha de vime, numa manhã de primavera. Um menino, que contava então doze anos de idade, viu o berço e o recolheu, salvando a criança das águas, a qual, no mesmo dia, foi batizada com o nome de Maria do Milagre, visto que o povo simples daquela região considerara milagrosa a sua salvação. (Obra citada, pp. 345 e 346.)
D. Padre Germano também fazia curas?
Sim. Dedicado sempre à tarefa de ajudar as pessoas, bastava-lhe ouvir falar de uma calamidade para acorrer, solícito, e consolar os que sofriam. Foi assim que ele buscou socorrer uma família vitimada pela peste numa aldeia afastada da sua, de nome Santa Eugênia, de onde até o pároco havia fugido, de medo da doença. Valendo-se de sua força de vontade e da força magnética com que muitas vezes operou curas com um simples olhar, Germano foi e salvou todos aqueles a quem ali pôde acudir. (Obra citada, pp. 350 a 359.)
E. Em que ano foi concluída a redação deste livro?
Em 1884. Em 12 de março de 1884 Amalia Domingo Soler aludiu à sua experiência de quase um ano, durante o qual, numa casa à beira-mar, manteve contacto com o Espírito do Padre Germano, fato que deu origem ao livro. “Quantas vezes aí chegáramos lamentando as misérias humanas – diz Amalia –, para deixá-lo, lábios entreabertos em venturoso sorriso, murmurando com íntima satisfação: - A vida é bela, quando se confia no progresso infinito e se ama a verdade suprema, a eterna luz!” O livro contém, no entanto, um relato posterior à sua publicação na Espanha. Trata-se de uma mensagem intitulada “Recordações”, psicografada por Francisco Cândido Xavier e publicada inicialmente em “Reformador” no ano de 1932, na qual Padre Germano narra a triste história do conde Henoch e sua mulher Margarida. Essa mensagem foi incorporada à edição brasileira do livro e constitui um dos pontos altos desta obra. (Obra citada, pp. 361 a 368.)


Nota:
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