Terapias estranhas ao
centro espírita
Muitos que adentram hoje as fileiras do Espiritismo perguntam-nos por
que a água magnetizada e o passe magnético, supostamente sem o aval de Allan Kardec,
são admitidos nos centros espíritas, enquanto que a cromoterapia, a
cristalterapia e outras terapias alternativas não o são. “Não serão elas a
mesma coisa?”, indagam eles.
O passe magnético e outros recursos que vieram do Magnetismo para o
Espiritismo não foram estranhos a Kardec, que tratou do tema, em todas as suas
minúcias, em seus textos, especialmente nos que foram publicados na Revue Spirite.
Lendo-os, percebemos que a imposição de mãos era utilizada largamente,
em sua época, no tratamento dos processos obsessivos. Dentre estes, vale a pena
mencionar o caso Valentine Laurent, uma jovem que fora tratada inicialmente
pelo Sr. Dombre por meio da imposição de mãos, procedimento que se verificou,
porém, insuficiente, uma vez que no tratamento da obsessão é preciso algo mais
para se obter a cura.
À margem do caso, quando publicou o relatório que lhe fora enviado pelo
Sr. Dombre, Kardec escreveu: “Para que teria servido o magnetismo se a causa
tivesse subsistido?” “Era preciso primeiro – aduziu o Codificador – destruir a
causa, antes de atacar os efeitos, ou, pelo menos, agir sobre ambos
simultaneamente”, mostrando que o magnetismo, por si só, é incapaz de curar as
obsessões graves, embora seja um ingrediente importante no processo.
Tal pensamento foi, meses depois, consagrado por Kardec no cap. XXVIII,
item 81 e seguintes, de seu livro O
Evangelho segundo o Espiritismo, no qual escreveu:
“Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha
como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação
dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que importa desembaraçá-lo.
Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau. Mediante ação
idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o
fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o
efeito de um reativo”.
Depois de Kardec, autores diversos – encarnados e desencarnados –,
especialmente os que se manifestaram por intermédio de Francisco Cândido Xavier
e Divaldo Franco, mostraram em suas obras a importância do passe e da água
fluidificada, confirmando assim o entendimento exposto nos textos de autoria do
codificador do Espiritismo.
Para não alongar em demasia estas explicações, basta mencionemos aqui
as questões 98 e 103 do livro O
Consolador, de Emmanuel, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, na
qual seu mentor espiritual tratou dos dois assuntos.
Eis o conteúdo das mencionadas questões:
98 – Nos
processos de cura, como deveremos compreender o passe?
- Assim como a transfusão de sangue representa uma
renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas,
com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório
limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças
espirituais.
103 – No
tratamento ministrado pelos Espíritos amigos, a água fluidificada, para um
doente, terá o mesmo efeito em outro enfermo?
- A água pode ser fluidificada, de modo geral, em
benefício de todos; todavia, pode sê-lo em caráter particular para determinado
enfermo, e, neste caso, é conveniente que o uso seja pessoal e exclusivo.
Lembremos que, na terminologia espírita, água magnetizada e água
fluidificada são termos equivalentes.
No tocante às terapias citadas pelos neófitos, além de estranhas à obra
kardequiana, são, pelo que sabemos, estranhas também a Emmanuel, André Luiz,
Joanna de Ângelis e demais autores que se têm manifestado sobre os processos
terapêuticos próprios do Espiritismo.
Isso não quer dizer que essas terapias não tenham validade. Significa
apenas que elas constituem práticas estranhas às obras fundamentais e subsidiárias
do Espiritismo e, por isso, não há por que adotá-las nos centros espíritas que
buscam orientar-se pela doutrina exposta na obra de Kardec, Denis, Delanne,
Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis e demais autores de idêntica
credibilidade.
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Muito bom! Lendo e aprendendo.
ResponderExcluirComo sempre, elucidativo.
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