O Universo, o espaço e o tempo
Este é o módulo 54 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. Como podemos definir o Universo?
2. Quem, segundo o Espiritismo, é o autor do
Universo?
3. O espaço universal é limitado ou infinito?
4. Como definir o tempo?
5. Podemos dizer que o tempo é, do mesmo modo que
o espaço, uma coisa objetiva?
Texto para leitura
O espaço universal é, segundo Galileu, infinito
1. O Universo é o conjunto de tudo o que existe e
não é obra do homem. O Universo - ensina o Espiritismo - é obra de Deus e dele
faz parte o próprio homem, ser pensante e racional, mas que é apenas uma
criatura, um filho do Criador. No Universo há que considerar desde logo o
espaço, que é a extensão onde tudo existe, e, ligado ao espaço, é preciso
considerar ainda o tempo. Espaço e tempo, em termos universais e em relação a
Deus, têm as dimensões do infinito e da eternidade.
2. É isso que nos ensina a Doutrina Espírita,
conforme podemos ler na questão 35 de O
Livro dos Espíritos:
“O espaço universal é infinito ou limitado? R.:
Infinito. Supõem-no limitado: que haverá para lá de seus limites? Isto te
confunde a razão, bem o sei; no entanto, a razão te diz que não pode ser de
outro modo. O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina
esfera em que vos achais que podereis compreendê-lo.”
3. Por infinito devemos entender “o que não tem
começo nem fim: o desconhecido”, tal como afirmaram os Espíritos Superiores no
questão 2 de O Livro dos Espíritos.
No cap. VI de A Gênese, de Allan
Kardec, o Espírito de Galileu, valendo-se da mediunidade de Camille Flammarion,
trata do assunto.
4. Eis nos itens seguintes, de forma resumida, o
que Galileu escreveu sobre o espaço e sua infinitude.
5. Espaço é uma dessas palavras que exprimem uma ideia
primitiva e axiomática, de si mesma evidente, e a cujo respeito as diversas
definições que se possam dar nada mais fazem do que obscurecê-la. Todos sabemos
o que é o espaço e apenas queremos firmar que ele é infinito.
6. Dizemos que o espaço é infinito pela simples
razão de ser impossível imaginar-se-lhe um limite qualquer e porque, apesar da
dificuldade que temos para conceber o infinito, mais fácil nos é avançar
eternamente pelo espaço, em pensamento, do que parar num ponto qualquer, depois
do qual não mais encontrássemos extensão a percorrer.
Deus semeou mundos por toda a parte no espaço infinito
7. Para figurarmos a infinidade do espaço,
suponhamos que, partindo da Terra para um ponto qualquer do Universo, com a
velocidade prodigiosa da centelha elétrica [1] , e que, havendo percorrido
milhões de léguas [2] desde que deixamos
o globo, nos achamos num lugar donde apenas o divisamos sob o aspecto de pálida
estrela. Passado mais algum tempo, seguindo sempre a mesma direção, chegamos a
essas estrelas longínquas que mal percebemos de nossa estação terrestre. A
partir de certo momento, não só a Terra nos desaparece inteiramente ao olhar,
como também o próprio Sol com todo o seu esplendor.
8. Animados sempre da mesma velocidade, a cada
passo que avançamos na extensão, transpomos sistemas de mundos, ilhas de luz
etérea, estradas estelíferas, paragens suntuosas onde Deus semeou mundos na
mesma profusão com que semeou as plantas nas pradarias imensas.
9. Ora, há apenas poucos minutos que caminhamos e
já centenas de milhões de milhões de léguas nos separam da Terra, bilhões de
mundos nos passaram sob as vistas e, entretanto, em realidade, não avançamos um
só passo que seja no Universo.
10. Se continuarmos durante anos, séculos,
milhares de séculos, milhões de períodos cem vezes seculares e sempre com a
mesma velocidade do relâmpago, nem um passo igualmente teremos avançado,
qualquer que seja o lado para onde nos dirijamos e qualquer que seja o ponto
para onde nos encaminhemos, a partir deste grãozinho invisível donde saímos e a
que chamamos Terra. Eis aí o que é o espaço!
O tempo existe por causa dos movimentos celestes
11. Vista a lição do Espírito de Galileu sobre o
espaço, vejamos agora o tempo, que, segundo Kardec, “é a sucessão das coisas” e
está ligado à eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao
infinito.
12. O tempo - adverte Hermínio C. Miranda - é
apenas uma medida relativa de sucessão das coisas transitórias. A eternidade
não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração, porque para
ela não há começo nem fim: tudo lhe é presente.
13. O espaço existe por si mesmo, mas se passa o
contrário com relação ao tempo. Se é impossível supor a supressão do espaço,
não é assim com relação ao tempo. O tempo, assevera Camille Flammarion, é
criado pela medida dos movimentos celestes. Se a Terra não girasse, nem astro
algum, se não houvesse sucessão de períodos, não existiria o tempo. Foi a
Astronomia que nos permitiu determiná-lo. Suprimido o Universo, continuará a
existir o espaço, mas o tempo cessará, desvanecer-se-á, desaparecerá.
14. Albert Einstein descartou-se do conceito de
tempo absoluto – um fluxo universal, inexorável de tempo, firme, invariável,
que corre de um passado infinito para um futuro infinito. Muito da obscuridade
que envolve a Teoria da Relatividade procede da relutância do homem em
reconhecer que o senso do tempo, como o senso da cor, é uma forma de percepção.
15. Assim como não há cor sem olhos para
observá-la, de igual forma uma hora ou um dia nada são sem um evento que os
assinale. Como o espaço é simplesmente uma ordem possível de objetos materiais,
o tempo é simplesmente uma ordem possível de eventos.
16. O tempo seria, então, um conceito meramente
subjetivo; estaria exclusivamente na dependência de um observador para
apreciá-lo em determinado ponto e, portanto, inescapavelmente subordinado à
relatividade de sua posição quanto a tudo o mais no Universo que o cerca.
Respostas às questões propostas
1. Como podemos definir o Universo?
O Universo é o conjunto de tudo o que existe, e
não é obra do homem, que dele também faz parte.
2. Quem, segundo o Espiritismo, é o autor do Universo?
Segundo o Espiritismo, o autor do Universo é Deus.
3. O espaço universal é limitado ou infinito?
Conforme aprendemos na questão 35 de O Livro dos Espíritos, o espaço
universal é infinito.
4. Como definir o tempo?
O tempo é a sucessão das coisas e está ligado à
eternidade, do mesmo modo que as coisas estão ligadas ao infinito. O tempo é
uma medida relativa de sucessão das coisas transitórias.
5. Podemos dizer que o tempo é, do mesmo modo que o espaço, uma coisa
objetiva?
Não. O tempo é um conceito meramente subjetivo.
Depende da existência de um observador para apreciá-lo em determinado ponto e
encontra-se, portanto, inescapavelmente subordinado à relatividade de sua
posição quanto a tudo o mais que o cerca.
Referências:
[1] A velocidade da luz foi medida no século XIX. No vácuo, ela é de
300 mil km por segundo. Na água, sua velocidade cai para 225 mil km por
segundo.
[2] Légua é uma antiga unidade brasileira de medida itinerária,
equivalente a 3.000 braças, ou seja, 6.600 metros.
Fontes:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 2, 3, 13 e 35.
A Gênese, de Allan Kardec, cap. VI.
Sonhos Estelares, de Camille Flammarion, FEB, p. 97.
A Memória e o Tempo, de Hermínio C. Miranda, Edicel, p. 28.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
últimos textos:
Módulo 51 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_26.html
Módulo 52 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita.html
Módulo 53 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_9.html
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