Memórias do
Padre Germano
Amalia Domingo Soler
Parte 11
Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na
21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o
leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas
encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. Que recomendação Padre Germano fez com relação aos
presidiários?
B. Padre Germano era contra os conventos?
C. Que dizia Padre Germano a respeito do celibato
religioso?
D. Que é que Padre Germano falou sobre os santos do
Catolicismo?
E. Qual é o verdadeiro patrimônio dos egoístas?
Texto para
leitura
140. Muitos anos depois, um velho coberto de andrajos
apareceu a Germano pedindo uma esmola destinada a crianças cujos pais
estivessem encarcerados. Fazia dez anos que o ancião assim procedia, em
homenagem à memória de alguém que o havia salvo das mãos dos Penitentes Negros.
Todos os anos, no dia 1º de janeiro, a coleta era repartida por vinte meninos
e, ao fazê-lo, o velho lhes pedia orassem pela alma de seu benfeitor – o Padre
Germano. A narrativa comoveu-o profundamente, porque ele estava diante do mesmo
Lauro, a quem havia ajudado e que supunha estivesse Germano morto. (P. 297)
141. Parece que a morte apenas aguardara o reencontro dos
dois amigos, pois Lauro, logo que se retirou daquela aldeia, tropeçou em falso,
despenhou-se numa rampa e morreu, sendo seu corpo sepultado por Germano ao lado
da menina pálida dos cabelos negros. (P. 298)
142. Padre Germano, em face de sua experiência, pede-nos
com ênfase: “Amai! amai muito os presos! Procurai instruí-los. Justo é,
decerto, castigar o delinquente, mas convém, por mais justo, fazê-lo
abrindo-lhe as portas da regeneração. Triturando, espezinhando o corpo do
preso, apenas levais o desespero à sua alma, e ai! – não espereis ações
generosas de espíritos desesperados”. Germano lembra que não adianta abrir
Ateneus e Universidades, se antes não começarmos a instruir os criminosos, cuja
ignorância os condena a perpétua servidão. (PP. 298 e 299)
143. No cap. 27, intitulado “Os votos religiosos”, Padre
Germano abomina os conventos e a clausura imposta às mulheres que professam.
“De uma mulher sensível é lícito esperar todos os sacrifícios e heroísmos”,
assevera o pároco, que, no entanto, adverte: “se amando, ela é um anjo,
transforma-se em demônio quando, fanatizada por qualquer credo religioso, a
Humanidade lhe é indiferente”. “O demônio... Ah! se essa entidade existisse, se
o Espírito do mal tivesse razão de ser, certo se encarnaria nas mulheres
fanáticas.” (PP. 302 e 303)
144. Ouvindo tais mulheres em confissão, Germano chegava a
ficar petrificado. Ignorância, servilismo e, no fundo de tudo, quanta
imoralidade! “As mulheres, pode-se dizer, fazem falta em qualquer parte, menos
nos claustros e nos bordéis.” (PP. 304 e 305)
145. Nesse capítulo, Padre Germano conta o caso de uma
jovem de nome Eloísa, a quem, por ser filha espúria de determinada dama da
sociedade, o pai destinou à vida religiosa. Ajudado por Miguel, que mais tarde
se tornaria seu fiel colaborador na igreja da aldeia, o Padre conseguiu
libertar a moça minutos antes de professar. Levada por ele a seu verdadeiro
pai, Eloísa acabou casando com o rapaz a quem amava. Finalizando o caso,
Germano confessa, com profunda satisfação, ter evitado, na última vez que viveu
na Terra, mais de quarenta “suicídios”, isto é, votos religiosos. (PP. 308 a
312)
146. Suas ideias a respeito são absolutamente claras. Ele
sempre desejou que a mulher amasse a Deus “engrandecendo-se, instruindo-se,
moralizando-se, humanizando-se, e não com essas virtudes tétricas e frias, que
excluem o altruísmo e o perdão”, informando que as mulheres que vivem em
comunidades religiosas não se amam, nem se podem amar, uma vez que desdenham a
educação do sentimento. “Mulheres! – conclama Padre Germano – adorai a Deus
embalando o berço dos vossos filhos, ajudando vossos pais, auxiliando vossos
maridos, consolando os necessitados.” (PP. 312 e 313)
147. Criticando o celibato religioso, Germano é
peremptório: “Homens e mulheres só foram criados para se unirem debaixo das
leis que regem a constituição da família, vivendo moralmente, sem violar os
votos contraídos. Tudo quanto se afasta das leis naturais há de produzir o que até
agora se tem visto: sombras densas, obscurantismo fatal, superstição religiosa,
negação do progresso e desconhecimento de Deus”. E acrescenta: “A escola
materialista deve sua origem ao abuso das religiões”. (P. 314)
148. Soou a hora, adverte Padre Germano, de remover do
Cristianismo as invencionices e os dogmas que tanto o desfiguraram, como as
ideias de purgatório, inferno, limbo e céu – lugares inventados pela casta
sacerdotal –, e proclamar a todas as gentes que não há, nos limites da
eternidade incalculável, senão duas coisas – o futuro e o progresso. (P. 314)
149. A substituição dos deuses do Paganismo pelos santos do
Catolicismo, eis a perdição da Humanidade – assevera Padre Germano no cap. 28,
intitulado “O inverossímil”, onde afirma que muitos dos supostos santos hão de
inspirar-nos a mais profunda compaixão, quando os virmos despojados de suas
vestes pomposas, errantes, frenéticos e sem bússola que os guie na vida. (P.
318)
150. Afirmando não ter sido santo, Germano diz ter vivido
muitos séculos estudando muito: “Cheguei a ser um sábio, como vulgarmente se
diz na Terra, e, contudo, quanto mais ignorante me reconhecia!” Foi assim que
compreendeu que devia empregar sua sabedoria, não em pronunciar discursos
eloquentes, mas em educar-se a si mesmo, em moralizar-se, para refrear suas
paixões e compreender seus direitos e deveres. Eis – afirma ele – o segredo da
proficuidade de sua existência como Padre Germano. (P. 319)
151. Quando o homem só pensa em si, como as aventuras
terrenas são flores de um dia, surgem logo as folhas secas – e são elas o
patrimônio do egoísta, que só pensa na satisfação dos seus apetites. Ocorre
exatamente o contrário com aquele que cuida do futuro, que deseja calcar a
felicidade em bases sólidas, sem esquecer um só dos seus deveres. (P. 320)
152. “Não podeis – diz Padre Germano – imaginar o
patrimônio do homem que sabe amar. Eu vo-lo afirmo, no entanto, que esse homem
é mais poderoso que todos os Crésus e Césares da Terra.” E, fechando o
capítulo, assevera: “A moral universal será a lei de todos os mundos. Trabalhai
para o seu advento e sereis felizes”. (PP. 323 e 324)
153. No cap. 29,
Padre Germano recorda o menino André, que ele adotou ao ver morrer sua mãe,
quando mal começava o sacerdócio. Certa tarde, quando o menino dormia na areia
de uma praia, Germano teve pensamentos contraditórios acerca da criança, e súbita
transformação se operou nele, parecendo-lhe então encontrar-se em pleno mar,
onde havia homens de todas as raças e hierarquias, pontífices, chefes de
Estado, chefes da Igreja, ao lado de turbas e turbas de maltrapilhos, os quais
em dado momento se confundiam, trocando-se os papéis. Foi então que lhe
apareceu Jesus, dizendo-lhe: “Que fazes aqui desterrado? No começo da jornada,
dar-se-á o caso de já te faltarem forças para prosseguir no caminho? Dizes-te
árvore seca... Ingrato! Pois não sabes que não há planta estéril, uma vez que
em todas palpita a seiva divina e fecunda? Ergue os olhos ao céu e segue-me; sê
apóstolo da única religião que deve imperar no mundo – a Caridade – que é amor!
Ama e serás forte! Ama e serás grande! Ama e serás justo!” (PP. 326 e 328)
154. Em seguida, súbita tempestade ameaçava de morte
quantos a ela se expusessem e Germano viu uma cena comovente, em que mulheres,
velhos e crianças gesticulavam súplices ao mar, para que o mar se acalmasse.
Diziam os velhos: “Não tragues nossos filhos, ó mar! pois morreremos de fome!”
E as mulheres soluçavam e os meninos gritavam por seus pais! Germano os acudiu
e estendeu a destra, convencido de que Jesus o ouviria e pacificaria o mar. Foi
o que se deu. Trazendo na mão o ramo de oliveira e agitando-o sobre as vagas, o
Senhor acalmou a tempestade, enquanto Germano, braços estendidos, dizia:
“Jesus! salva os bons, que são a tua imagem na Terra; e salva também os maus,
para que tenham tempo de arrepender-se e entrar no teu reino!” (P. 329)
155. Desde esse dia, Germano consagrou-se a Jesus, tratando
de imitar-lhe as virtudes, com o que alcançou maior progresso naquela
encarnação do que em outras anteriores, nas quais se dedicara somente à
Ciência, sem procurar reunir à sabedoria o sentimento do amor. “Foi na orla do
mar – revela Germano – que recebi o batismo da vida e é esse o sítio no qual o
homem deve, de preferência, genufletir para adorar a Deus, porque é ali que Ele
se apresenta em toda a sua imponente majestade.” (PP. 330 a 332)
156. Em “Uma noite de Sol”, título do cap. 30, Padre
Germano assevera que todos os planetas têm o seu dia de glória e a Terra
tê-lo-á também; para isso, compete-nos trabalhar, trabalhar com afinco,
preparando o advento aqui do reinado da Justiça que um dia irá imperar em nosso
orbe, em soberba apoteose. (P. 335) (Continua
na próxima edição.)
Respostas às
questões preliminares
A. Que
recomendação Padre Germano fez com relação aos presidiários?
Padre Germano pede-nos com ênfase em seu livro: “Amai! amai
muito os presos! Procurai instruí-los. Justo é, decerto, castigar o
delinquente, mas convém, por mais justo, fazê-lo abrindo-lhe as portas da
regeneração. Triturando, espezinhando o corpo do preso, apenas levais o
desespero à sua alma, e ai! – não espereis ações generosas de espíritos
desesperados”. Segundo Germano, não adianta abrir Ateneus e Universidades, se
antes não começarmos a instruir os criminosos, cuja ignorância os condena a
perpétua servidão. (Memórias do Padre
Germano, pp. 298 e 299.)
B. Padre
Germano era contra os conventos?
Sim. Suas ideias a respeito disso são absolutamente claras.
Ele sempre desejou que a mulher amasse a Deus “engrandecendo-se, instruindo-se,
moralizando-se, humanizando-se, e não com essas virtudes tétricas e frias, que
excluem o altruísmo e o perdão”. “Mulheres! – conclama Padre Germano – adorai a
Deus embalando o berço dos vossos filhos, ajudando vossos pais, auxiliando
vossos maridos, consolando os necessitados.” (Obra citada, pp. 312 e 313.)
C. Que dizia
Padre Germano a respeito do celibato religioso?
Ao criticar o celibato religioso, Germano é peremptório:
“Homens e mulheres só foram criados para se unirem debaixo das leis que regem a
constituição da família, vivendo moralmente, sem violar os votos contraídos.
Tudo quanto se afasta das leis naturais há de produzir o que até agora se tem
visto: sombras densas, obscurantismo fatal, superstição religiosa, negação do
progresso e desconhecimento de Deus”. E acrescentou: “A escola materialista
deve sua origem ao abuso das religiões”. (Obra citada, pág. 314.)
D. Que é que
Padre Germano falou sobre os santos do Catolicismo?
Ele entendia que a substituição dos deuses do Paganismo
pelos santos do Catolicismo fora um erro e também a perdição da Humanidade.
Disse ele que muitos dos supostos santos hão de inspirar-nos a mais profunda
compaixão quando os virmos despojados de suas vestes pomposas, errantes,
frenéticos e sem bússola que os guie na vida. (Obra citada, pág. 318.)
E. Qual é o
verdadeiro patrimônio dos egoístas?
As folhas secas, eis o patrimônio do egoísta que só pensa
na satisfação dos seus apetites. Ocorre o contrário com aquele que cuida do
futuro, que deseja calcar a felicidade em bases sólidas, sem esquecer um só dos
seus deveres. “Não podeis – diz Padre Germano – imaginar o patrimônio do homem
que sabe amar. Eu vo-lo afirmo, no entanto, que esse homem é mais poderoso que
todos os Crésus e Césares da Terra.” (Obra citada, pp. 320 a 324.)
Nota:
Links que remetem aos 3 textos anteriores:
Parte 8 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-aos-classicos-espiritas_20.html
Parte 9 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/10/iniciacao-aos-classicos-espiritas_27.html
Parte 10 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/11/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
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