quinta-feira, 14 de junho de 2018




Ideoplastia e criações fluídicas

Este é o módulo 84 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. De que modo os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais?
2. Nas criações fluídicas – por exemplo, a criação das vestimentas usadas pelos desencarnados – a ação dos Espíritos é sempre consciente?
3. É possível a um Espírito assumir aparências que ele vivenciou em existências passadas?
4. Como explicar os fenômenos de zoantropia, em que desencarnados assumem formas de animais?
5. Os objetos criados pelos desencarnados têm para eles uma forma concreta, como os objetos terrenos aparentam ter para nós encarnados?

Texto para leitura

É pelo pensamento que os Espíritos atuam sobre os fluidos
1. O fluido espiritual, um dos estados assumidos pelo fluido universal, fornece aos Espíritos o elemento de que eles extraem os materiais sobre os quais operam. Para essa ação os Espíritos se valem do pensamento e da vontade, visto que, para eles, o pensamento e a vontade são o que a mão representa para o homem. 
2. Pelo pensamento, eles imprimem aos fluidos tal ou qual direção e os aglomeram, os combinam ou os dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma colocação determinada e até mesmo alteram-lhes as propriedades, como um químico da Terra muda a propriedade dos gases ou de outros corpos combinando-os segundo certas leis. Eis aí a grande oficina ou laboratório do mundo invisível. 
3. É comum a realização dessas modificações sem que haja um pensamento consciente da pessoa que as provoca. Tal é o caso dos Espíritos que são percebidos pelos videntes, logo depois de desencarnados, envergando uma vestimenta qualquer, antes mesmo de se haverem dado conta de sua nova realidade. Ora, se não sabem que estão desencarnados, como é que podem estar vestidos dessa ou daquela maneira?
4. A maior parte das transformações ocorre, porém, sob o império de um desejo, a manifestação de um propósito consciente. Basta mentalizar alguma coisa e esta se forma. É por isso que um Espírito pode assumir diferentes aspectos e apresentar diversas aparências, envergar trajes especiais, portar os mais variados objetos, exibir defeitos físicos e mesmo mutilações. Trata-se, nesses casos, de expressões assumidas com vistas a uma identificação, geralmente associada a situações passadas. Contudo, assim como assumiu aspecto do passado, logo que seu pensamento o situe no presente, ou em outra existência, imediatamente se opera nova transformação. 

Sugestões hipnóticas podem determinar mudanças no perispírito
5. Há, por outro lado, o caso de Espíritos que conservam as mutilações, as deformidades ou as chagas do seu corpo material, em razão de um condicionamento. Incapazes, por si próprios, de reassumir a forma normal e sadia, são eles induzidos à mudança mediante um processo de esclarecimento e, uma vez equilibrados, logram obtê-la, graças ao mesmo princípio acima referido. 
6. As sugestões hipnóticas provocam, também, frequentes transformações no perispírito, no sentido do seu aviltamento. Isso pode ser observado sob dois aspectos: primeiro, através da autossugestão motivada por sentimento de culpa ou rebaixamento voluntário; segundo, pela ação da mente de outro Espírito sobre determinada entidade espiritual, explorando-lhe os deslizes que a tornam praticamente vulnerável.
7. Encontra-se aí a explicação dos fenômenos conhecidos como zoantropia, em que os Espíritos assumem formas de animais, total ou parcialmente. O vocábulo zoantropia, devido ao seu sentido amplo, vem sendo sugerido ultimamente em lugar de licantropia, que significa, etimologicamente, “estudo sobre o homem-lobo”. Há também casos dos Espíritos que, quase sempre com o propósito de amedrontar para melhor alcançarem seus objetivos, apresentam-se com aspecto monstruoso e apavorante, que lembra às vezes formas popularmente associadas a Satanás. 
8. A todas essas transformações operadas pela mente dá-se o nome de ideoplastia (do grego ideo = ideia + plastos = forma + ia = estudo, análise), ou seja, “estudo da modelagem através do pensamento”. André Luiz, ao tratar desse tema, afirma que “o pensamento pode materializar-se, criando formas que muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam”. 

Para os Espíritos em geral, as criações fluídicas são coisas reais
9. As materializações constituem outro exemplo do ato de plasmar realizado pelos Espíritos nas sessões de efeitos físicos, nas quais se utilizam elementos plásticos exteriorizados pelos médiuns e pelos demais participantes da reunião e, ainda, componentes fluidoplásticos hauridos na Natureza. 
10. Por efeito análogo, ensina Kardec, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja acostumado a usar. Isso não se restringe a objetos de uso pessoal, como é o caso do cachimbo e de óculos, bengala, faca, chapéu etc., mas se estende a coisas como casas, jardins, móveis, alimentos etc. Alguns têm existência fugidia, tanto quanto a duração do pensamento, mas há os que persistem longo tempo. 
11. No plano dos Espíritos, as criações fluídicas são tão reais que assumem, para eles, o mesmo aspecto que as coisas materiais apresentam para os encarnados. O pensamento, ao criar imagens fluídicas, reflete-se no perispírito daquele que as cria, como num espelho, nele adquirindo corpo, e de certo modo aí se fotografa. A respeito disso, explica Kardec: Um homem tem, por exemplo, a ideia de matar alguém. Embora o corpo material se conserve impassível, seu corpo espiritual é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual a mente a imaginou.
12. Esse fato permite-nos compreender por que todo e qualquer pensamento se torna conhecido. É que ele se evidencia no corpo perispiritual e pode ser percebido por outros Espíritos, que veem então a intenção da pessoa. Sua execução, porém, vai depender da persistência de propósitos e das circunstâncias que a favoreçam. Modificadas estas, podem os planos sofrer mudanças, com a consequente alteração das imagens refletidas no envoltório fluídico do indivíduo.

Respostas às questões propostas

1. De que modo os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais?
Eles atuam sobre os fluidos valendo-se do pensamento e da vontade, uma vez que, para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que a mão representa para o homem. 
2. Nas criações fluídicas – por exemplo, a criação das vestimentas usadas pelos desencarnados – a ação dos Espíritos é sempre consciente?
Não. Aliás, é comum a realização dessas criações fluídicas sem que haja um pensamento consciente do desencarnado. Tal é o caso dos Espíritos que são percebidos pelos videntes, logo depois de desencarnados, envergando uma vestimenta qualquer, antes mesmo de se haverem dado conta de sua nova realidade. 
3. É possível a um Espírito assumir aparências que ele vivenciou em existências passadas?
Sim. Isso é perfeitamente possível.
4. Como explicar os fenômenos de zoantropia, em que desencarnados assumem formas de animais?
São as sugestões hipnóticas que provocam essas transformações perispirituais. Isso pode ser observado sob dois aspectos: primeiro, através da autossugestão motivada por sentimento de culpa ou rebaixamento voluntário; segundo, pela ação da mente de outro Espírito sobre determinada entidade espiritual, explorando-lhe os deslizes que o tornam praticamente vulnerável.
5. Os objetos criados pelos desencarnados têm para eles uma forma concreta, como os objetos terrenos aparentam ter para nós encarnados?
Sim. No plano dos Espíritos, as criações fluídicas são tão reais que assumem, para eles, o mesmo aspecto que as coisas materiais apresentam para os encarnados.

Bibliografia:
A Gênese, de Allan Kardec, itens 14 e 15,  pp. 281 a 283.
Mecanismos da Mediunidade, de André Luiz, edição da FEB, 1970, p. 125.
Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel P. de Miranda, edição da FEB, 1970, p. 77.
Dicionário Enciclopédico Ilustrado, de João Teixeira de Paula, 3a. edição, p. 107.

Nota:
Eis os links que remetem aos 3 últimos textos:





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