terça-feira, 12 de fevereiro de 2019




A flor amarela na terra seca

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Sol forte, solo seco. Esse era o cenário onde uma florzinha amarela, pequena, tentava firmar-se. Somente ela no vasto e batido campo.
O vento a empurrava, sem perdão, para os lados; os raios solares insistiam em desidratá-la; a luz da lua a observava. Mas estava forte e confiante, deveras, pois ser única naquela terra árida era inclinação para se comprovar a presença da superioridade.
Há entre nós ou nós mesmos – em muitas vezes − sentimo-nos solitários na vida. Esse sentimento precisa enfraquecer para que não nos enfraqueça porquanto o que menos estamos é sós. Além de toda companhia – várias vezes não vista nem sentida, mas bem próxima −, benéfico e precioso, é o encontro interior, encontro eterno, aquele criado pela essência suprema. Ainda mais, guardamos em nós tudo o que já vivemos e quem amamos. Temos ainda a chispa da eternidade. 
Quando o ser se desperta da angústia da solidão que fere e livra-se da venda dos olhos para enxergar a luz, compreende que no mais profundo silêncio de sua alma, ele pode encontrar o que tanto procura. Apenas encontrar-se.
A fé daquela flor permitia-lhe a sua existência; por mais desarranjado fosse o presente, a flor estava forte o bastante para cumprir o acordo com a vida.
Buscava aprofundar ainda mais suas raízes para que as intempéries não a retirassem do local, nem a tolhessem de ser uma flor amarela no meio da aridez.
Assimilava que sua definitiva responsabilidade era a de manter-se viva. Sua fragilidade aparente convertia-se no grande exemplo criado pela fé. Não há outra forma a não ser a de crer na Sublimidade presente e eterna quando se apresenta em meio tão cerceado.
Agora, no pôr do sol, a flor amarela poderá descansar, mesmo que pouco, pois os raios quentes não mais a desgastarão. Ela se acalmará e reporá suas energias, já entendeu que sua cor amarela enche de brilho a aridez na qual por enquanto está.
Os seres se encontram onde necessitam estar. Se ainda não é o éden, porém é o caminho para no tempo certo poder avistá-lo e encaminhar-se à sua entrada. Cada momento é vencido quando a compreensão deseja ser assimilada.

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