A flor amarela na
terra seca
CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De
Londrina-PR
Sol forte, solo seco. Esse era o cenário onde uma
florzinha amarela, pequena, tentava firmar-se. Somente ela no vasto e batido
campo.
O vento a empurrava, sem perdão, para os lados; os
raios solares insistiam em desidratá-la; a luz da lua a observava. Mas estava
forte e confiante, deveras, pois ser única naquela terra árida era inclinação
para se comprovar a presença da superioridade.
Há entre nós ou nós mesmos – em muitas vezes −
sentimo-nos solitários na vida. Esse sentimento precisa enfraquecer para que
não nos enfraqueça porquanto o que menos estamos é sós. Além de toda companhia
– várias vezes não vista nem sentida, mas bem próxima −, benéfico e precioso, é
o encontro interior, encontro eterno, aquele criado pela essência suprema.
Ainda mais, guardamos em nós tudo o que já vivemos e quem amamos. Temos ainda a
chispa da eternidade.
Quando o ser se desperta da angústia da solidão que
fere e livra-se da venda dos olhos para enxergar a luz, compreende que no mais profundo
silêncio de sua alma, ele pode encontrar o que tanto procura. Apenas
encontrar-se.
A fé daquela flor permitia-lhe a sua existência;
por mais desarranjado fosse o presente, a flor estava forte o bastante para
cumprir o acordo com a vida.
Buscava aprofundar ainda mais suas raízes para que
as intempéries não a retirassem do local, nem a tolhessem de ser uma flor
amarela no meio da aridez.
Assimilava que sua definitiva responsabilidade era
a de manter-se viva. Sua fragilidade aparente convertia-se no grande exemplo
criado pela fé. Não há outra forma a não ser a de crer na Sublimidade presente
e eterna quando se apresenta em meio tão cerceado.
Agora, no pôr do sol, a flor amarela poderá
descansar, mesmo que pouco, pois os raios quentes não mais a desgastarão. Ela
se acalmará e reporá suas energias, já entendeu que sua cor amarela enche de
brilho a aridez na qual por enquanto está.
Os seres se encontram onde necessitam estar. Se
ainda não é o éden, porém é o caminho para no tempo certo poder avistá-lo e
encaminhar-se à sua entrada. Cada momento é vencido quando a compreensão deseja
ser assimilada.
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