A pétala
José de Castro
Se a maldade te fere, cruel, não guardes a pretensão de
removê-la imediatamente do caminho. A pregação inoportuna de virtudes, ainda
potenciais, em tua alma poderia provocar nova desesperação contra ti.
Não te precipites. Lança no espírito do teu irmão a
pétala sutil da renúncia que sabe calar e espera...
Se a dureza do próximo te magoa, contundente, não admitas
a possibilidade de desintegrar a tonelada de pedra, simplesmente ao preço de
tuas palavras apresentadas em louvor às bênçãos divinas que ainda não
aclimataste de todo no próprio espírito, porque a tua indignação mal conduzida
talvez te multiplique os problemas inquietantes da estrada.
Não te revoltes. Lança no entendimento do companheiro a
pétala delicada do perdão e espera...
Se a maledicência te busca, perturbadora, não creias seja
possível transformá-la em verbo santo, simplesmente porque te faças inopinado
veículo de protestos quase sempre inúteis de teu incipiente amor às coisas
sagradas, porquanto a tua manifestação intempestiva provavelmente envenenará o
pensamento do amigo em teu desfavor.
Não reproves. Lança, na alma do teu interlocutor a pétala
da bondade oculta, numa frase pequenina de solidariedade verdadeiramente
humana, e espera...
Não desejes construir, de uma vez, a fortaleza de tua
santificação ou o castelo de tua felicidade.
Eleva-se a casa, tijolo a tijolo. O século conhece a
importância de cada dia.
Semeia as pétalas da fraternidade e da paz em teus
minutos mais insignificantes e a vida te responderá, com a graça do tempo,
coroando-te nos cimos do mundo, com a glória da sabedoria e do amor no teu
próprio engrandecimento.
Do livro Cartas do
Coração, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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