terça-feira, 5 de fevereiro de 2019




Uma estrela que desejava reaver as asas de vaga-lume

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Talvez a menina sentisse o céu mais perto do que realmente era. Talvez identificasse melhor algumas estrelinhas e as compreendesse apenas pelo olhar, pois o que não faltava à pequena Maria era sensibilidade. Talvez desejasse mesmo era ser uma estrelinha para enxergar os lugares lá de cima e avistar todas as crianças, os animais, os campos − os de flores e os simplesmente verdes − já que Maria amava isso tudo.
E se quisesse encontrar a menina durante o momento da lua, bastaria olhar no quintal do fundo da casa que ela estaria sentadinha no banquinho branco de madeira, presente do avô. Às vezes, Lile, sua cachorrinha de pelos curtos e cor caramelo, ficava deitada por perto. No entanto, a cada barulho diferente, o animalzinho ia verificar e por isso não ficava perto de Maria o tempo todo, porém ela sabia que a menina estava lá e isso bastava. A menina olhava para o céu e Lile também.
Maria desvendava as imagens percebidas no alto e as estrelas − os vaga-lumes do céu − piscavam, e Maria, na verdade, adoraria ser uma delas. Quase nada a encantava tanto como esse brilho, apenas algo a encantava muito ainda, o olhar bondoso das pessoas, disso Maria gostava.
E como se fosse um código da intensidade revezada pelo brilho das estrelas, como se fosse uma sinfonia, a menina compreendia a mensagem a ela passada. E numa dessas noites, Maria recebeu uma informação que mais a felicitou do que lhe trouxe susto: ela se transformaria em um vaga-lume.
Sim, há estrelinhas na Terra que voltam logo ao infinito do céu para ajudarem a conduzir com amor os corações que ainda não conseguem, sozinhos, se guiar.

Visite o blog Conto, crônica, poesia… minha literatura: http://contoecronica.wordpress.com/




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário