O tempo de Deus e o nosso tempo
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
“Vinde, vós que desejais crer. Os
Espíritos celestes acorrem a vos anunciar grandes coisas.” – Santo Agostinho
(KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. 27, it. 23.)
No último parágrafo da mensagem de
Santo Agostinho, inserida no capítulo III d’O
Evangelho segundo o Espiritismo, lemos o seguinte:
A Terra nos oferece, pois, um dos tipos
de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas que têm, como caráter
comum, o fato de servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à Lei de
Deus. Esses Espíritos têm aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos
homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que
simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. É
assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo reverta em proveito
do progresso do Espírito.
Em nossa análise desse trecho,
percebemos diversos ensinos:
1º) a Terra, em 1864, data da
publicação dessa obra básica do Espiritismo por Allan Kardec, foi classificada
como “mundo expiatório”;
2º) a variedade de mundos como o nosso
é “infinita”;
3º) os Espíritos rebeldes à Lei de Deus
são exilados para esses mundos;
4º) nesses mundos, como no nosso,
tais Espíritos lutam “com a perversidade
dos homens e com a inclemência da Natureza”;
5º) esse trabalho penoso
desenvolve-lhes a inteligência e o sentimento;
6º) Deus é bondade e também é justiça
misericordiosa (mas implacável);
7º) o progresso espiritual, em mundos
de expiação, decorre da luta contra dois elementos: o natural e o mal
proveniente da ação dos maus.
Do exposto, concluímos que a Terra
ainda é mundo de expiações e também de provas, pelas lutas contra as
inclemências da Natureza, que ainda teremos de encetar por longo tempo, se
calcularmos esse período cronologicamente.
Entretanto, que são alguns séculos para o homem saído da animalidade há, no
máximo, 15.000 anos? A Terra existe há aproximadamente 4,5 bilhões de anos.
A Astronomia informa-nos a existência
de bilhões de estrelas no Universo. Algumas delas milhares de vezes maiores do
que nosso Sol. Muitas delas já desapareceram há milhões de anos, outras vão
sendo formadas, incessantemente, pois Deus não cessa de criar.
Se nossa própria estrela de 5ª
grandeza, ante o esplendor de outras estrelas, não passa de diminuto grão,
comparativamente falando, que seria a Terra, nessa comparação dimensional?
Pequenino átomo. Entretanto, diz o Livro Sagrado que Deus criou o homem pouco
menor do que os anjos, e de glória e de honra o coroou (Salmo 8:5). Como
modelo, deu-nos o Cristo, Senhor da Terra, responsável por todos nós ante Ele,
o Senhor do Universo.
Outros Cristos haverá na infinidade de
mundos, assim como cada um de nós foi criado para a perfeição e a felicidade na
vida eterna. Porém, isso é resultante de nosso mérito, ou seja, do trabalho e
obediência às Leis Divinas. Se formos dóceis a essas leis, evoluiremos mais
rapidamente, ainda que isso demande milhares de anos, como também ocorre em
relação à Natureza desses orbes. Caso contrário, espera-nos a luta áspera em
mundos semelhantes a outros já vivenciados por nós, cujos habitantes lutam
contra as inclemências da Natureza e a própria imperfeição. Tal estado foi o da
Terra há pouco tempo, ou seja, ainda de dois ou três mil anos para cá.
Todavia, a Justiça Divina nunca surge
desacompanhada de Sua Bondade e Misericórdia. Como Pai que corrige o filho com
amor, Ele proporciona-nos, pelo trabalho, a oportunidade de desenvolver a
inteligência e o sentimento. É quando ocorre a luta contra as inclemências
naturais e as decorrentes das nossas próprias imperfeições.
Verificamos que, no que tange à
inteligência, o progresso da Terra caminha para uma condição material muito
melhor do que a existente em meados do século XIX. Hoje, qualquer família de
classe média possui condições materiais muito melhores do que as da
aristocracia de há dois séculos. O mesmo parece não ocorrer com o aspecto moral
da humidade.
Mas será mesmo que o homem continua tão
bárbaro como ainda o era na época de Kardec, quando até o duelo era
oficializado por questões de defesa da dignidade? Será que ainda há pessoas tão
embrutecidas que, por um “toma lá, dá cá”, assassinam seu próximo e ficam
impunes? Nesse último caso, com certeza, isso ainda ocorre, mas não como era
antes. A própria evolução das comunicações, que tornou o mundo uma “aldeia
global”, proporciona-nos, atualmente, o acesso muitíssimo maior às informações
sobre o mal do que no passado.
Podemos assegurar, no entanto, com base
em estatísticas, que há mais gente do bem na Terra do que do mal (se
considerarmos “gente do bem” aquelas que não cometem grandes crimes, que
trabalham, constituem família e não estão presas). E a separação simbólica
anunciada pelo Cristo, entre bons e maus, já começa a ser feita, mas se ela
ainda não é definitiva para o nosso tempo, que é o tempo para Deus e para o
Governador espiritual da Terra, Jesus Cristo?
Acredito que, em nossa época, a
humanidade não tardará a perceber que somente vale a pena o usufruto dos bens
materiais sem lesar o próximo. Que a lei de causa e efeito é implacável com os
maus, mas também é bênção para os bons. E apenas se calcularmos o tempo pelo
relógio humano, ainda vai longe a época da Terra prometida pelo Cristo aos
mansos (Mateus, 5: 5).
Quando? Em trezentos, quinhentos anos?
Nos mundos superiores, como Júpiter, esse é o tempo de encarnação de cada Espírito.
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Merci beaucoup mon ami.
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