domingo, 3 de fevereiro de 2019





A melhor de todas as religiões

Há nos meios científicos – e também em alguns círculos espiritistas – quem faça sérias restrições às religiões em geral, atribuindo a elas, direta ou indiretamente, a maior parte das mazelas que existem no mundo em que vivemos.
No cap. XX do livro Evolução em Dois Mundos, obra psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Chico Xavier, André Luiz oferece-nos algumas informações interessantes concernentes ao advento da atividade religiosa na Terra.
Segundo ele, estabelecido no seio da Humanidade o princípio de justiça e aflorando no homem a mentação incessante, começou ele a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações, de modo a crescer, conscientemente, para a sua destinação de filho de Deus, herdeiro e colaborador de Sua Obra.
Espicaça-se, então, a curiosidade construtiva e, faminto de elucidações adequadas quanto ao próprio caminho, ergue o homem as antenas mentais para as estrelas, recolhendo os valores do espírito que lhe consubstanciam o patrimônio de revelações do Céu, através dos tempos.
Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu veículo sutil, assegurar-lhe o transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e beleza, e apurar-lhe os princípios para que, além do estreito círculo humano, pudesse retratar a glória dos planos superiores. Para isso, o pensamento reclamava orientação educativa, de modo a despojar-se da espessa sedimentação de animalidade que lhe presidia os impulsos. Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital, imprescindível à assimilação da influência divina.
Foi então que surgiu na face da Terra a atividade religiosa por instituto mundial de higiene da alma, traçando ao homem diretrizes à nutrição psíquica, uma vez que, pela própria perspiração, exterioriza os produtos que elabora na usina mental, em forma de eflúvios eletromagnéticos, nos quais se lhe corporificam, em movimento, os reflexos dominantes, influenciando o ambiente e sendo por ele influenciado.
A ciência médica, rica de experimentação e de lógica, surgiria para corresponder às necessidades do corpo físico, mas a tarefa religiosa viria ao encontro das civilizações, plena de inspiração e disciplina, patrocinando a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento.

*

Os séculos se sucederam, as igrejas se multiplicaram.
As Cruzadas, a Inquisição, as caças às bruxas, as perseguições religiosas deixaram sua marca e hoje, infelizmente, vemos que o propósito inicial, a que André Luiz se reportou, sofreu sensíveis deturpações, como mostra o depoimento seguinte dado à revista VEJA, anos atrás, pelo psicólogo americano Michael Shermer:

“As igrejas se tornaram um fator de corrupção, motivo de guerras e perseguições. Por sorte, presenciamos o declínio da crença no sobrenatural. Países do norte europeu, onde apenas um quarto da população segue alguma religião, têm índices de criminalidade, suicídio e doenças sexualmente transmissíveis inferiores aos de estados em que a maioria dos habitantes é de crentes, como os Estados Unidos e o Brasil. Se a religião se declara um bastião da bondade, por que, historicamente, estados teocráticos são mais suscetíveis à criminalidade do que os seculares?” (VEJA, edição de 22 de agosto de 2012.)

Kardec referiu-se alguma vez a esse tema?
Sim, embora suas palavras sejam bem diferentes.
Em seu livro O que é o Espiritismo, Terceiro Diálogo, o Codificador do Espiritismo refere-se às religiões e diz qual é, no entendimento dos Espíritos superiores, a melhor delas.
Eis o que ele escreveu:

“Em geral, os Espíritos superiores, se a isso não são solicitados por alguma consideração especial, não se preocupam com essas questões de minúcia, eles se limitam a dizer: Deus é bom e justo; não quer senão o bem; a melhor de todas as religiões é aquela que só ensina o que é conforme à bondade e justiça de Deus; que dá de Deus a maior e a mais sublime ideia e não O rebaixa emprestando-Lhe as fraquezas e as paixões da humanidade; que torna os  homens bons e virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto que seja; que nada prescreve de contrário às leis imutáveis da Natureza, porque Deus não se pode contradizer; aquela cujos ministros dão o melhor exemplo de bondade, caridade e moralidade; aquela que procura melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens; aquela, finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode servir de pretexto a nenhum mal; ela não lhe deve deixar porta alguma aberta, nem diretamente, nem por interpretação.”

Estas palavras deveriam estar constantemente sob as nossas vistas, porque é a inobservância do que elas propõem que constitui a verdadeira causa do descrédito que se abateu sobre as religiões em geral, seja na Europa, seja no Brasil ou em qualquer parte do mundo.




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